Capítulo 3

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"Perturbação bipolar: É uma perturbação recorrente do humor, registando um ou mais episódios de mania ou episódios de mania e depressão."

Não vou mentir e dizer que não fiquei a pensar sobre o meu encontro com o Noah esta noite. O que será que ele me vai contar? 

Estava sentada casualmente no sofá da sala a ler um livro enquanto esperava, no entanto, não havia sinal do rapaz desta manhã e já se estava a aproximar a hora de jantar. Pondero ir cozinhar qualquer coisa, mas sou interrompida pela porta a abrir, assustando-me.

"Calma, sou só eu!"- diz o Noah entrando e pousando a sua mala da guitarra. Na outra mão percebo que traz uma caixa de aparenta ser de pizza.

"Claro! Entar um rapaz que eu não conheço no meu apartamento é normal..."- digo sarcástica.

"Tens razão... Não foi das minhas melhores respostas, mas em minha defesa estou exausto e esfomeado por isso trago pizza como oferta de paz..."

"Pizza de que?"

"É das básicas porque não sabia o que gostavas. Tem queijo, peperoni..."

"Conquistaste-me com o queijo... Anda!"- interrompo-o e aponto para o lugar vazio ao meu lado no sofá, que ele ocupa rapidamente.

"Não sei o teu nome ainda..."- diz ele após ter dado uma dentada numa fatia de pizza.

"Eu disse-te quando saíste esta manhã, mas és capaz de não ter ouvido... Sou a Ava."

"Muito gosto em conhecer-te Ava. Eu já te disse mas apresento-me novamente: chamo-me Noah Irwin, tenho 22 anos. Acho que te devo agradecer porque não fui perseguido pela policia e consegui entrar aqui sem problemas agora à noite... Isso quer dizer que não me denunciaste..."

"Achei que te devia deixar explicar primeiro..."- mumuro entre dentadas.

"Bem... Não sei se deu para perceber mas eu tenho andado a viver aqui no sótão há uns tempos... Estava desocupado e eu não tinha lugar para ficar..."

"O que é que tu fazes da vida?"- pergunto tentando perceber se ele passa por dificuldades financeiras para não poder pagar a renda sem parecer insensível.

"Eu trabalho no ramo da música. Deixei a universidade e agora trabalho por conta própria... Componho músicas e vendo-as a artistas que estejam interessados em produzi-las. Apesar de trabalhar com melodias foco-me mais nas letras..."

"Espera..."- levanto-me e vou buscar o caderno que encontrei ontem trazendo-o comigo de novo para o sofá- "Isto é teu?"

"É... Leste?"- pergunta coçando a nuca com uma expressão envergonhada.

"Tu escreveste para os Bastille?"- pergunto surpreendida.

"Encontras-te a Oblivion? Essa era bastante diferente em melodia e tinha violino e piano, mas o artista é que tem controlo sobre a melodia..."

Não acredito...

"Pelo que li és bastante talentoso... Costumas compor aqui?"

"Sim! Não sei se sabes mas este andar é à prova de som e por isso posso tocar piano e guitarra e compor à vontade que ninguém se importa... Normalmente surge a onda da criatividade por volta das 3 da manhã e os vizinhos não apreciam muito alguém a tocar algum instrumento a essa hora..."

The Boy UpstairsOnde histórias criam vida. Descubra agora