Inserida na esteira rolante
mãos tocam meu rosto
e como uma força sobrenatural
meus olhos se abrem de uma maneira que nunca tinha acontecido antes
Percorro inúmeros locais em tempo recorde
Parada na esteira rolante
meus olhos ficam atentos ao que está fora delas.
Vejo mariposas com asas gigantes amarradas por cordas
vejo mariposas com asas brilhantes pintadas com tinta podre pra inibir suas cores
vejo mariposas com as raízes fortes com as asas cortadas impedindo o crescimento.
Perfuradas, rasgadas, manchadas...
As mariposas estão cansadas
de não poderem voar com as asas do jeito que elas querem
de emprestar as asas pra outros bichos tentarem voar
de serem impedidas de escolherem qual asas elas querem ter
de serem obrigadas a aceitar as mãos que moldam elas
de não serem livres.
As mariposas tentam gritar
as veias quase estouram de tanta força
mas nenhum som sai
porque eles costuraram os lábios delas.
seus membros foram mutilados.
seus olhos, vendados.
Com poucas forças restantes, algumas aperfeiçoaram o olfato...
Seriam elas capazes de aprender a farejar para se libertar?
- mariposa com as asas cortadas.
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O grito da mariposa
PoetryEm um mundo cheio de metáforas, ela é a mariposa incompreendida. Sem semblante, ela admira rostos padronizados mas não se identifica. Sem semblante, ela anda e se depara com inúmeras faces selvagens. Como a de bichos que desejam rastejar sobre cada...
