O grito da mariposa

A solidão

Mariposa,
a solidão confunde.
Em um dia que a gente tá com as asas baixas
seca e sedenta
o peito aperta
e um sorriso comum se torna tão atrativo
tão apaixonante...

A solidão dói.
Aceitar que a vida sozinha é vivível
contrariar todas as comédias românticas
que insistem nos finais felizes
nos finais felizes ao lado de um homem.

Ah, mariposa...
não existe final feliz
o mundo cor de rosa é pura fantasia
o conto de fadas fica só na mente
no inalcançável, no lugar que dói
dói, dói, dói...
porque você anda anda anda
e ele continua se afastando
o mundo que eles prometeram a você,
continua se afastando.

Ah, mariposa...
no mundo inalcançável
eles te empurraram um amor inalcançável
guela abaixo
E você foi enfeitiçada
por todos os finais felizes
com todos os homens
que te tratariam como uma princesa.

Ah, mariposa...
Aqui no mundo real não existem princesas
a gente nasce largarta
e eles prendem nossas asas
para que não possamos aprender a voar
isso quando não cortam elas
com a desculpa de que
temos que ser comportadas
como as princesas do seu conto de fadas.

Ah, mariposa...
Além das asas,
precisamos aprender a farejar
correr como lobas
e voar como mariposas
no mundo real
no mundo que a gente é livre
e não precisa de cruzar as pernas
falar baixo e abaixar a cabeça
para ser aceita.

Ah, mariposa...
Eles nunca vão te aceitar
mas elas estão de braços abertos
O mundo cor-de-rosa não existe
mas no mundo real
existe a casa das mariposas
A casa onde você sempre será bem-vinda.

- mariposa com as asas cortadas.