Capítulo 1

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Dean

— Bom dia, docinho — digo ao entrar na cozinha, arrastando os pés e coçando os olhos. Candice não responde de imediato, o que é bem estranho já que ela fala pelos cotovelos assim que sai da cama. Odeio seu humor pela manhã, assim como ela odeia que a chame de docinho, acho que é por isso que nos damos tão bem e dividimos o aluguel há oito anos, desde que nos conhecemos no primeiro ano da faculdade.

Abro a geladeira em busca do meu iogurte, o melhor iogurte do mundo e a única coisa que ela é proibida de comer sem a minha permissão. Essa é a minha única regra, ao contrário dela que tem uma lista pendurada na porta da geladeira com vinte e uma regras que sempre me esqueço de cumprir. Não que eu faça tanta questão de me lembrar delas.

— Por acaso você comeu...? — Minha voz desaparece quando olho para trás e vejo que ela não está sozinha, Bianca, a loira gostosa que veio para casa comigo ontem, está sentada sobre o balcão, vestindo apenas minha velha camiseta cinza da Columbia. E está comendo meu iogurte.

Porra! Ela está comendo meu iogurte! Isso anula todas as coisas maravilhosas que aconteceram dentro do quarto durante a noite.

Encontro os olhos de Candice e quase sinto vontade de chorar. Nunca, em hipótese alguma, minhas garotas podem andar seminuas pelo apartamento. O mesmo vale para seus garotos, mas nunca precisei me preocupar com isso porque ela namora Erik há três anos e ele nunca passa a noite aqui. E Candice nunca trouxe um homem para casa.

— Desculpa — murmuro, apenas mexendo os lábios porque, além de ver Bianca, percebo que também estou vestindo apenas uma calça de moletom. Isso vai me custar muito caro.

Pego uma garrafa de suco de laranja e bebo na garrafa mesmo, tentando não olhar para Bianca enfiando a colher de iogurte na boca.

— Esse iogurte é maravilhoso— diz, descendo da pia ao mesmo tempo em que Candice se levanta para encher a caneca de café. — Não conhecia essa marca. — Faço que sim quando, de canto de olho, vejo-a lamber a colher.

— É coreana e só vende em uma loja de importados do outro lado da cidade. — Até tento deixar a irritação de lado ao respondê-la, mas é mais forte do que eu. Desvio de Bianca quando ela vem na minha direção e vou até a cafeteira me servir de uma caneca de café, mas para a minha grande surpresa, Candice não deixou nada para mim.

— Nenhuma gota, docinho? — provoco-a.

— Ops! — diz, levando a caneca à boca, fitando-me através da borda e levantando o dedo do meio de uma forma nada discreta. Faço que sim porque compreendo que já comecei a pagar pela violação de regras.

— Você quer sair para tomar café comigo? Podemos ir até a Starbucks perto do alojamento.

Bianca desliza o dedo por meu peito, encarando-me através dos longos cílios. Sorrio, bastante tentado a aceitar a sua proposta, afinal de contas, é só um café, mas isso vai contra os meus princípios: nunca repita uma garota.

— Acho que...

— Acho que vocês poderiam voltar para o quarto e me deixarem tomar café em paz sem essa visão horrorosa. — Candice completa a minha frase.

— Sua irmã é muito mal humorada— sussurra, tentando não ser ouvida por Candice, mas ela ouve e me fuzila com os olhos. Passo a mão pela nuca, frustrado, porque uma das regras (e a principal de todas) é que não devo dizer para as garotas que divido o apartamento com minha irmã, mas porra! Como vou arranjar garotas quando digo que meu colega de quarto é uma garota?

— Você nem faz ideia — responde para Bianca sem desviar os olhos do meu rosto. Melhor convencê-la a ir embora antes que ela diga que não é minha irmã e Bianca fique com raiva e espalhe a notícia.

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