Capítulo 5

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—  Eu... eu acho que fiquei com ciúmes, ok? —  Ochako admite, sentindo-se ridícula como deveria se sentir em dizer algo assim para seu amigo com benefícios. Quando discutiram suas expectativas para esse acordo, a palavra "ciúmes" não foi mencionada nenhuma vez, até porque nem precisava, estava implícito que nenhum deles poderia sentir ciúmes do outro, é basicamente o que caracteriza uma amizade com benefícios.

E ainda assim, era o que ela estava sentindo, mesmo não estando no seu direito. Ochako adoraria jogar a culpa do sentimento feio e totalmente inapropriado no próprio Todoroki e na sua já familiar habilidade de fazer sempre aquilo que ela não espera nem poderia esperar, afinal, não tinha como imaginar que a situação estaria assim considerando o quão... íntimos eles ficaram no quarto dele no aniversário do Endeavor.

Sob uma ótica racional, ela nem deveria ter aceitado dar uma escapadinha da festa, e Ochako jura que achou que ele só queria tomar um ar, ficou um clima pra lá de estranho com o Endeavor antes, e mesmo que ela tenha se esforçado para deixar a mãe do Todoroki à vontade, ainda sentiu seu colega mais aéreo do que o normal, ele estava desconfortável naquele ambiente, e ela achou que o convite para fugir da agitação da festa um pouco fosse terminar exatamente como naquela noite no apartamento dele: no máximo, uns beijos e umas apalpadas mais intensas, e só.

Ochako não poderia estar mais errada.

Deitada sobre o futon do quarto dele, sentindo mãos de temperaturas discrepantes descerem-lhe pelos braços, depois pela cintura, até pararem em suas coxas, ela percebeu que aquela noite seria diferente, teve certeza quando as mãos ergueram a barra de seu vestido, enrolando o tecido até que alcançassem seus quadris. Ochako o beijou a contento, muito mais à vontade agora que sabia que seu desejo era correspondido, se não até um pouco superado pelo dele. Os lábios macios e firmes pressionados contra os seus não causaram tanto espanto quando se aventuraram em pequenas mordiscadas abaixo de sua orelha, e quando a mão direita lhe acariciou o seio, o arrepio nem foi tanto de frio, mas de excitação.

E então ele parou, olhos de cores diferentes brilhavam sob a penumbra do quarto, no qual um mínimo feixe de luz da festa lá fora entrava pela janela.

—  Você é muito bonita. —  por essa ela não esperava, então ficou piscando abobadamente por alguns segundos.

—  O-obrigada. —  antes que pudesse emendar um "você também", ele a beijou novamente, a mão esquerda correndo por suas pernas, direcionando-se à parte interna de suas coxas —  O-oh!

—  Não?

—  N-não, eu... quero dizer, sim. P-pode... pode continuar.

—  Se você me disser do que gosta, pode ser melhor para nós dois. 

—  Do que... do que eu gosto? —  ir até o quarto dele na festa de aniversário do chefe, que também é o pai de seu colega? Tudo bem. Beijá-lo e derreter sob suas carícias? Tudo bem também. Ter a noção de que o Todoroki queria que ela dissesse como gosta de ser tocada, provavelmente levando em consideração como ela mesma se toca? Isso, justamente isso lhe deixou envergonhada. Devia ser bem lógico pra ele, ninguém deve conhecê-la melhor que ela mesma, e se Ochako partilhasse suas preferências, seria benéfico para ambos, mas a ideia do Todoroki querer ouvir como ela se masturba lhe pareceu extremamente embaraçosa —  E-eu não faço nada de diferente, acho, só... hã... eu... esfrego lá e... enfio um ou dois dedos.

—  "Lá?" —  já foi difícil jogar todas essas palavras juntas, mas mais mortificante foi ele não ter entendido, e então Ochako se deu conta de que talvez... o Todoroki não tivesse muita experiência com o corpo feminino. Ela ouviu boatos sobre relacionamentos dele, sabia que o híbrido manteve um namoro bastante sólido com o Yoarashi, e era basicamente isso. A noção de ser a mais experiente entre eles lhe deixou chocada.

Pretensamente simplesOnde histórias criam vida. Descubra agora