Capítulo 6

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—  O que estamos tentando dizer é que não só respeitamos, como também apoiamos o relacionamento de vocês. —  o Iida diz em tom complacente depois de olhar para a Asui, como se precisasse da confirmação dela de que está dizendo a coisa certa, ela acena para ele e coaxa, olhando para a Uraraka.

E Shouto acaba se voltando para a manipuladora de gravidade também, na esperança de que ela saiba do que isso se trata. A julgar pela expressão dela, não sabe, e isso o leva a crer que seus amigos próximos estão um tanto confusos.

O que é um tanto compreensível, de certa forma. Ele mesmo anda bem confuso há algumas semanas, a Uraraka tem um jeito de simplificar certas coisas que, para ele, são extremamente labirínticas e exaustivas, mas em igual proporção, confunde coisas que são inerentemente simples na visão dele. 

Ela confessou ter sentido ciúmes do Yoarashi como se fosse um crime, ele teve que se segurar para não rir e respeitar algo que estava deixando-a visivelmente perturbada, mas então... acariciou-lhe os cabelos de um jeito inédito em sua vida: com certa timidez e apreensão, mas de maneira muito... afetuosa, talvez fosse sua individualidade ou os raios de sol matutinos iluminando a academia, ele se sentiu... morno, aquele calor que não arde em chamas, está apenas lá, gerando conforto. Shouto não se importaria de ficar daquela maneira por mais um tempo. E a confusão começou ali, pois ficar ajoelhado nessa posição desconfortável na academia da agência, onde qualquer um pode entrar a qualquer momento, não deveria fazê-lo se sentir tão bem, e ainda assim...

Mais sentimentos confusos vieram nos dias seguintes. Frustrada a oportunidade de terem se encontrado naquela noite, eles combinaram de jantar após o expediente certo dia, nada demais até então, ele só não esperava que iriam para a casa dela depois. Shouto nunca havia estado ali, pensou em visitá-la durante a licença médica da Uraraka, mas achou melhor evitá-la durante aqueles dias em que ela ainda estava se recuperando para não correr o risco de questionar sobre a lista. Lista essa que o levou até ali, de quarquer forma.

O apartamento que ele escolheu quando decidiu morar sozinho é grande, muito grande. O corretor disse que era "espaçoso e arejado", que são outras maneiras de dizer "grande", e desde que se mudou, ele gosta de pensar que todo aquele espaço é inteiramente seu, um lugar que não carrega a energia modorrenta de nenhuma das mansões Todoroki, um espaço novo, limpo, refrescante. Mas, por vezes, solitário, pois é muito espaçoso e arejado, ou seja, grande demais para uma pessoa só.

O apartamento da Uraraka é bem menor, deve caber inteiro dentro do dele e ainda sobraria espaço. As cortinas de um laranja alegre, o sofá de estampa floral que parece antiga, e a cozinha separada da sala por nada mais que uma bancada. São poucos os detalhes, mas todos têm a marca dela, por assim dizer, ele saberia a quem esse apartamento pertence mesmo se tivesse entrado ali por acaso. Tão pequeno e simples, Shouto tem certeza que ela não contratou um decorador como ele —  a Fuyumi que insistiu, e o híbrido apreciou a ideia de jogar a organização de algo assim para outra pessoa — apenas preencheu o espaço com mobília e sua presença, e aquele conforto parece estar presente em toda a área. Ele se sentiu... bem ali.

E se sentiu ainda melhor quando o chá que ela serviu ficou esquecido pela metade na mesa, estava muito bom, mas Shouto acabou ocupando-se de beijá-la sobre o sofá. Ela provavelmente estava se sentindo mais à vontade por estar em sua própria casa, então não se conteve tanto em gemer e, quem imaginaria, beijá-lo no pescoço enquanto ele tratava de desabotoar a blusa dela, isso lhe deixou confortável para fazer suas próprias experimentações também, permitindo que o gelo em sua mão direita entrasse em contato com a pele dela, o arrepio que percorreu o corpo dela foi exatamente o que ele queria e ainda melhor do que imaginou.

—  Ei, Todoroki... eu quero tentar uma coisa... posso? —  lá foi ela, fraseando como se fosse dizer algo extremamente complicado, e quando Uraraka o afastou gentilmente e o fez sentar, posicionando-se de joelhos por entre as pernas dele, Shouto quase não acreditou que ela só queria fazer algo tão simples quanto um boquete. Mesmo assim, a visão dela seminua desabotoando-lhe a calça foi qualquer coisa de mesmerizante, e ele logo esqueceu o que estava deixando-o tão intrigado em relação à sua amiga com benefícios.

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