No Ritmo do Destino

Capítulo 1 - A torre -

Me lembro de brincar aqui. A vovó ficava muito preocupada quando eu ia ao castelinho sozinha, pois uma vez não a ouvi e acabei quebrado o braço. Claro que não foi erro dela. Mas você conhece avós, pais, tios ou responsáveis por nós. Qualquer coisa que aconteça, eles associam a culpa do ocorrido a si próprio, pois eles são os "mais velhos". Só que na verdade, eu não acredito muito nisso, pois acaba que adultos têm mais atitudes de crianças do que as mesmas, mas vamos voltar ao centro da história. O castelinho era onde eu criava o meu mundinho. Elaborava a minha história. Enquanto as meninas ficavam na parte mais aconchegante, eu optava em ficar na torre. Eu adorava aquela torre. Era onde meus pensamentos e ideias voavam e me traziam inspiração. Ao mesmo tempo em que todas ficavam brincando de cada uma ser uma princesa da Disney, eu gerava minha própria princesa. E não era nada parecido com o clássico. Eu não me inspirava em Bela, Cinderela, Branca de Neve, Jasmine ou Ariel. Minha história era a princesa salvar o príncipe. Afinal, uma mulher pode fazer tudo o que um homem faz, não é mesmo Maria Laura?!

-Maria Laura?

Vejo-a em um sono profundo e como eu a amo, fiz o que era o certo. Coloquei minha jaqueta em cima do ombro dela, pois estava com o corpo gelado e minha mochila embaixo de sua cabeça e me levantei e fui em direção a torre que tanto amava. Só em vê-la conseguia sentir uma sensação gostosa em minha barriga e ao tocá-la notei como se tivesse 8 anos novamente. Se eu tinha certeza de alguma coisa na minha vida, era de que aquele lugar era o meu cantinho especial. Voltando em direção a minha melhor amiga que estava dormindo pensei em como era sortuda por ter uma pessoa como ela ao meu lado. Acredito que o momento mais forte da nossa amizade foi quando ela saiu do noivado dela. Seu noivo era completamente ignorante, arrogante e possessivo, até que juntas fizemos ela sair desse relacionamento que só a deixava cada vez pior. E a partir daquele momento, pudemos sentir o que realmente significa a amizade.

-Ei, acorda. Você dormiu de novo. - digo empurrando seu braço levemente-

Ela acorda com sua cara brava que significava que ela ainda estava com sono.

-Por que me acordou? Eu estava em um sono perfeito.

-E eu estava em uma conversa maravilhosa até perceber que só existia uma parte do diálogo, a minha. Você dormiu enquanto eu falava Maria Laura. Isso é desrespeito.

-Só nesse seu sermãozinho me deu vontade de dormir, posso voltar? - com um sorriso no rosto termina o seu dito-.

Em seguida, chegou um rapaz elegante, alto, bonito e com um olhar intelectual e sedutor ao mesmo tempo. Em nossa direção, estende a mão com o olhar direcionado a mim e disse:

-Pegue em minha mão e saia do lado dessa garota. Ela é um mal exemplo para você. - termina a fala em um leve tom de deboche-

-Como se você fosse o exemplo né, Lucas?

Lucas era uma das pessoas que moravam comigo e Maria Laura. Devo confessar a vocês que eu tinha uma certa queda por ele, mas de alguma maneira eu acreditava que ele sabia disso e acabava usando isso ao seu favor.

-Vim aqui porque tenho que falar com vocês. Aquela casa está insuportável. Não tem como me concentrar naquela confusão toda. Preciso que vocês resolvam isso, por favor.

Na hora em que Lucas encerrou sua fala imediatamente olhei para Maria e ela já estava com o olhar de encontro ao meu e na hora sabíamos exatamente o que estava passando na cabeça de cada uma e nos veio a mesma reação, caímos na gargalhada.

-Do que vocês rindo? Isso não tem graça! Eu tenho prova amanhã e preciso muito estudar.

-Olhe, se pudéssemos fazer algo, faríamos. Mas, você tem que entender, moram cinco pessoas naquela casa e todas têm objetivos diferentes.