No Ritmo do Destino

Capítulo 5 - O ruído da noite.

Passamos um final de tarde inesquecível, conversamos, comemos sorvetes, fomos a praia, tomamos um banho de mar e parecia que o relógio tinha parado no tempo. Não havia nada que estivesse nos atrapalhando e sim, acrescentando. Realmente, senti uma forte conexão com Felipe. O modo como ele se abriu comigo e a forma que consegui falar um pouco do que estava me consumindo fez com que estivéssemos mais próximos mesmo nos conhecendo em pouquíssimo tempo. Quando percebemos que estava ficando tarde, concordamos em irmos embora, coloquei o capacete e peguei meu celular para ver o horário e me deparei com vários ligações perdidas de Maria Laura, Lucas e Peter. Naquele momento, percebi que não tinha avisado ninguém onde estava, mas não importava, pois já estava indo para casa. Subi na moto junto de Felipe e o guiei para o caminho de meu lar.

Logo que chegamos, ele me ajuda a descer da moto e retirou meu capacete.

-É uma bela casa, Jasmin - diz olhando cada detalhe de minha moradia-.

-Concordo. Eu amo esse lugar, e muito obrigado pelo dia incrível que passamos hoje, Felipe. De verdade. - ao longo de minha fala, pego em sua mão e com um leve sorriso em meu rosto me aproximo dele-.

-O prazer foi todo meu. Quero muito repetir. - ao terminar sua fala, ele se aproxima e me dá um selinho-.

-Me dê seu celular, vou salvar meu número nele.

Ele retira seu aparelho e entrega em minhas mãos.

-Prontinho. Agora você sabe onde me achar e a hora que quiser falar comigo, é só ligar.

-Vem aqui - me olhando fixamente, Felipe fazia um sinal para eu me aproximar cada vez mais dele-.

Em uma corrida de leve me jogo em seus braços e demos um beijo de despedida. Vejo ele subir novamente em sua moto e aceno conforme ele vai se distanciando. Assim que não o avisto mais, me viro e vou em direção a porta de casa e logo que entro, Maria Laura veio correndo me abraçar chorando e Peter dá mais um abraço por cima de nós duas.

-Ei, calma. O que aconteceu? - digo afastando os dois de mim-.

-Você ainda ousa perguntar? A gente não te encontrava Jasmin. Estávamos desesperados sem saber se estava bem ou algo terrível poderia ter acontecido.- diz Peter em um tom apressado e preocupado-.

-E aconteceu. Meu irmão veio para cá, não lembram? - questiono com uma entonação irônica-.

-Podemos conversar agora, por favor? - pergunta Maria Laura já fraca de tanto chorar-.

-Amanhã, sem falta. Hoje não quero mais passar por nervosismo ou estresse novamente.

-Agora me diga, quem é o cara da moto? - questiona Lucas-

-Não sei do que você está falando, Lucas. - respondo-lhe-.

-Pare de se fazer de tonta, Jasmin.

-Eu vou para o meu quarto, tive um longo dia hoje. Boa noite para vocês.

Meu quarto era outro refúgio para mim. A cor azul em uma única parede junto com o dourado mesclado nas outras, a janela que me presenteava com uma vista linda de árvores e com um lago de fundo, claro que ajuda por eu estar no 2° andar da casa. Tudo o que eu tinha em meu aposento era decorado de acordo com o meu jeitinho, era super aconchegante. Assim que entrei em meu quarto fui em rumo a minha gaveta de pijamas e peguei o meu preferido, logo me desloquei para o banheiro tomar um banho relaxante e também tirar a areia da praia que havia ficado em minha roupa. Foi uma ducha tranquilizadora para mim e senti que meus olhos já estavam pesados do cansaço do dia, o que me restou em ir deitar na minha cama e deixar os meus sonhos tomarem conta de mim por algumas horas.

Acordei com um barulho e peguei meu celular, eram 04h00 da manhã e o ruído só aumentava. Tomei coragem e fui em direção ao que tirou o meu sono, era mais forte perto das escadas e então avistei alguém se arranhando e batendo a cabeça na parede. Coloquei a lanterna do celular para ver quem era aquela pessoa se machucando e para minha surpresa era Lucas. Rapidamente, desci as escadas e me coloquei no meio dele com a parede para evitar que ele se feri-se novamente e quando olhei em seus olhos, completamente fechados. Ele estava sonhando e somente saia uma frase de sua boca:

-Eu não quero fazer isso com a Jasmin, ele está me obrigando, o Will está me obrigando - dizia Lucas enquanto o sonho o dominava-.

Fiquei sem reação na hora, mas me perguntava, será que é um sonho ou é uma lembrança que ele está tendo. Porém, não importava naquele momento, pois Lucas estava sonâmbulo e precisava colocar ele na cama. Com muito esforço e cansaço consegui levá-lo ao seu quarto e o deitei em sua cama e assim que me levantei, ele acordou.

-Jasmin? O que faz aqui? - questionou Lucas com uma voz sonolenta-.

-Você estava dormindo em pé e se machucando. De novo.

-Isso tinha parado desde quando o... - deu para perceber que ele perdeu as forças para falar-.

-Desde quando o Will foi embora. E ele voltou, então seus pesadelos devem ter voltados novamente. - digo enquanto olho para ele-.

Começo a perceber os arranhões em seu corpo e só me veio lembranças do passado quando este acontecimento era contínuo todos os dias.

-Está se lembrando de todo o que aconteceu, né?

-Sim, estou Lucas.

-Bom, mas dessa vez acredito que o Will não vai fazer nada para nos machucar novamente, né? - pergunta Lucas-.

-Eu não sei, não duvido do que meu irmão é capaz.

-Se voltássemos ao passado, para mim seria uma realização.

-Por que? Quer voltar a passar por toda a tormenta que nos obrigamos a superar? - questiono-.

-No passado eu tinha você, Jasmin. E como você é o meu mundo, teria tudo novamente.

-Lucas, o que você e o Will fizeram foi muito grave. Achei que te conhecia de verdade, mas pelo visto não.

-Eu não tinha escolha, Jas. O Will estava me chantageando e... - diz Lucas-.

-Com o que? Você esconde algo de mim a muito tempo, já está na hora de me contar.

Nossa conversa é interrompida com o toque do meu celular. Assim que o coloco em minhas mãos era Felipe me ligando, rapidamente atendi e pedi para que ele esperasse um pouco.

-Depois conversamos, Lucas. Vai dormir, está tarde. - vou em sua direção e dou um beijo em sua testa e me retiro de seu quarto-.

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