A Dança da Morte

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Correndo pela trilha que tomara, embrenhando-se nas brumas do entardecer, Hyoga surge em meio a um grande cânion. Com suas paredes medindo mais de 30 metros de altura, os últimos raios solares não alcançam o seu fundo, mergulhando todo o vale em um breu negro. Fortes ventos varrem o lugar, com pequenos redemoinhos de poeira e areia erguendo-se do chão e chicoteando tudo ao seu redor. O cenário é desprovido de vida, com não mais que uma árvore de médio porte seca, desfolhada e retorcida decorando o terreno. O silvo dos ventos, que mais se parece com a lamentação em coro dos mortos, apenas dá ao lugar uma aparência mais mórbida e lúgubre.

O Cavaleiro do gelo analisa o ambiente, avançando lentamente, porém com passos firmes e decididos.

Mais a frente, esquecido pelo tempo, Hyoga vislumbra as ruínas de uma antiga fortificação. Com partes do teto e algumas paredes desabadas, as portas frontais encontram-se escancaradas. Um lance de escadas leva o Santo de Atena até a entrada principal.

"Devo estar chegando perto. Essas ruínas devem ter servido como ponto de marcação. A partir daqui somente o Mestre do Santuário tinha a permissão de passar."

Cisne para abaixo do marco da porta, projetando sua sombra sobre o empoeirado piso de pedra, aguardando que seus olhos se acostumem à escuridão. Há um cosmo, muito fraco, permeando o lugar. Com certeza alguém o espreita. Sem ter escolha, o Cavaleiro de Bronze avança salão adentro.

O salão, desprovido de qualquer mobília, é grande e com exceção de algumas colunas tombadas e montes de entulhos, se encontra vazio. Nas paredes dos lados leste e oeste do salão, algumas portas que costumavam conduzir seus habitantes para os outros aposentos do forte. Hoje, a maioria deles, ruídos e com entulhos bloqueando sua entrada. Sem alternativa, Cisne avança, cada vez mais, adentrando o manto escuro que cobre o lugar.

"Estranho. Sinto um cosmo agressivo neste lugar mas..."

Os pensamentos de Hyoga são subitamente interrompidos quando, do canto mais escuro, um dardo é disparado em sua direção. A tempo, o siberiano consegue desviar-se com um salto, indo aterrissar sobre uma pilha de escombros.

Após cravar-se na parede, o dardo com formato de serpente, cria vida, se transformando em uma pequena víbora negra que some entre os destroços.

– Quem está ai? Mostre-se Mensageiro! – Hyoga coloca-se em posição defensiva, encarando as trevas de onde veio o ataque.

Uma risadinha sarcástica é ouvida, preenchendo o aposento e ecoando através das paredes. Uma sombra, seguida de sons de passos metálicos invade o local.

Um guerreiro alto e esguio, de pele tão branca quanto a neve surge das trevas. Seus cabelos são longos e pretos, puxados para trás, com exceção de uma pequena mecha que cai entre os olhos. Ele ostenta uma armadura negra, completa e com detalhes em dourado. As placas metálicas que recobrem seu corpo são todas ornamentadas com inúmeros detalhes retratando serpentes rastejando em alto relevo. Sua cabeça é protegida por uma máscara em forma de tiara, cravejada de pedras negras.

– Muito bem Cavaleiro de Bronze. – Ele para a uma distância segura de Cisne. – É claro que não esperava vencê-lo apenas com isso. - O Mensageiro cruza os braços a frente do peito em um sinal de zombaria e onipotência. Sua armadura reflete a pouca luminosidade da sala. - – Quis apenas saber do que você era capaz. – Ele então abre seus olhos, revelando uma íris amarelada. O tom desdenhoso de sua voz começa a dar lugar a um tom firme e ameaçador. – Mas saiba que o próximo ataque será certeiro em seu coração.

Sagas Titânicas - The Century WarsOnde histórias criam vida. Descubra agora