5. O sabor de um Anjo

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Rose's P.O.V.:

Horas passaram. Eu já nem sei quantas... Oito? Nove? Talvez dez? Pelo menos o suficiente para saber que já era de manhã. Com todo este tempo aqui, eu tirei o meu cachecol e casaco. Um pouco de sol entrava pela janela e eu conseguia ver o quarto um pouco melhor; parecia diferente com esta luz do que com a lunar. Eu não sei, simplesmente era diferente.

Eu estava tão cansada. Estava sentada numa cama velha com as minhas costas pressionadas contra a parede. Eu tentei dormir toda a noite, porque eu sabia que precisava, contudo, eu não conseguia dormir. O medo era demasiado grande.

Medo do que iria acontecer. Medo de morrer. Medo daquele homem...

Para além de tudo isto, eu também estava esfomeada. Eu não toquei no pedaço de pão que ele me atirou; era velho, sujo e bolorento. Eu não ia comer aquilo e ele nem sequer me deu água, o líquido que eu precisava desesperadamente. A minha boca estava completamente seca e eu vou desmaiar se ele não me der qualquer coisa como água e comida.

Eu estava a enfraquecer.

Este era o plano dele, como é claro. Eu sei o que é que ele estava a fazer; deixar-me esfomear, meter-me fraca, para assim puder satisfazer-se. Eu só estava destinada a sexo, claro.

O pensamento de ter as mãos daquele monstro pelo meu corpo repugnava-me. Eu só tinha dezassei anos, pelo amor de Deus. Isto não podia estar a acontecer. Eu era uma virgem e perder assim a virgindade era um pesadelo. Por favor, não! Não, não, não! Isto não podia estar a acontecer — não a mim.

Eu fui interrompida dos meus pensamentos por um barulho como um bipe, que vinha do outro lado do quarto. O barulho começou a ficar mais ensurdecedor e finalmente revelou aquilo que era um pequeno rato cinzento. Alívio percorreu o meu corpo; todos os barulhos neste quarto arrepiavam-me.

Eu vi o rato a correr até ao pedaço de pão, dando mordidelas nele. Bem, pelo menos alguém estava feliz.

Repentinamente, ouvi o som fraco de passos, ficando cada vez mais alto com o passar dos segundos, indicando que alguém estava a aproximar-se da porta.

Eu ouvi os passos a pararem e a porta a ser aberta — ela rangiu e eu deparei-me com um homem alto. O homem de mais cedo: Harold.

Eu tinha de ser forte e não chorar; eu não podia mostrar medo. Se eu morresse, morria com honra.

Harry's P.O.V.:

Eu esperei dez horas. É o suficiente, eu acho... Deus, eu estava com tanta sede. A minha garganta estava seca e o meu corpo começou a doer. Sim, isso acontece sempre que eu não consigo ter sangue a tempo.

Eu já não podia esperar mais, então, eu andei até às masmorras. Quando eu já estava perto da porta, eu consegui ouvir o seu forte batimento cardíaco; ela sabia que eu vinha aí. Se ela ao menos soubesse para quê...

Eu conseguia sentir o forte cheiro de sangue, fazendo com que as minhas presas se alongassem. Os meus instintos estavam a ficar fora de controlo. Quando eu finalmente cheguei à porta, tirei as minhas chaves e abri-a.

Ali estava ela, na velha cama: fria, pálida e vulnerável. Eu entrei e fechei a porta atrás de mim, trancando-a. O seu batimento cardíaco estava a acelerar, eu sabia que ela estava com medo, não que eu a pudesse culpar, como é claro; ela provavelmente pensava que eu a fosse violar. Não, eu não precisava disso, eu não tenho desejos humanos e nunca tive. Eu nasci assim.

Eu nasci para matar.

Eu olhei para o seu pálido rosto, ela até era bastante bonita... Linda, até. Mas, não havia nada que eu me pudesse satisfazer mais do que com sangue.

The Beast (Tradução PT)Onde histórias criam vida. Descubra agora