21. Sonhos Malvados

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Hoje recebi o meu 1º teste – 19,5 em 20!!!!!! #YOLO e para festejar decidi atualizar. DE NADA, DE NADA!

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Depois de ter acabado de tomar banho, fui até ao quarto vestida no meu vestido de dormir branco. Após ter fechado a porta, peguei no meu vestido de dormir azul-bebé e vesti-o. Está frio no castelo. Demasiado frio para o meu gosto. Mas tenho a certeza que o Harold não se importa. A sua temperatura corporal é ainda mais fria do que o próprio castelo.

Os meus pensamentos são interrompidos quando ouço um som familiar, vindo de lá de fora, o de um demónio a gritar. Cuidadosamente, ando até à enorme janela e olho para baixo. Os meus olhos deparam-se com quatro perdidos sanguinários à chuva, olhando para mim pelos seus dois buracos pretos que costumavam ser os seus olhos humanos. Eles estavam a saltar, a escalar, a fazer de tudo que os pudesse ajudar a chegar até onde estava o que eles queriam mesmo. Eu. Sangue humano puro.

Embora eles tenham-se esforçado muito, não conseguiram suceder. Isto fê-los ficar furiosos e loucos, sabendo que a coisa que eles mais queriam estava tão perto, mas não a podiam ter, só porque não são capazes de chegar até ela. O mesmo connosco. E se nós não conseguíssemos chegar até à nossa comida e tivéssemos de ficar a passar fome? Não iríamos sobreviver por muito tempo, pois não?

Enquanto viro-me e desvio o olhar dos perdidos, pego no livro que estava a ler e ando até à porta. Vou para a sala porque lá é mais quente e acolhedor perto da lareira do que aqui, neste frio.

Eu acho que nunca me irei acostumar a estas paredes escuras e arrepiantes. Independentemente do tempo que aqui estiver. Ainda bem que tinha uma vela comigo.

Quando acabo de descer as escadas, ouço o som da porta da frente a bater. Imediatamente olho para cima e os meus olhos deparam-se com o Harold. Ele está de costas para mim e está com as mãos na porta, a suportarem-no. Ele está a ofegar, tanto, mas tanto que eu até chego a ponderar se ele têm asma. Ele estava encharcado da cabeça aos pés. O seu cabelo castanho encaracolado estava agora mais escuro e colado ao seu rosto.

Embora ele estivesse a usar um casaco preto comprido, eu sei que ele é bastante musculoso e bem-parecido... e eu definitivamente não devia estar a pensar nisto agora! Lembra-te do que ele disse antes. Sim, tu não queres que ele salte para cima de ti outra vez.

Eu observo o Harold a tirar o casaco e a deixá-lo cair no chão com um rosnar enraivecido. Ele está zangado? Porquê? O que é que aconteceu?

Os meus pensamentos são interrompidos quando ele vira-se para trás e os seus olhos fixam-se nos meus. O que eu vejo é aterrorizador.

Eu já estou habituada aos seus olhos estarem vermelhos e aos seus caninos estarem de fora, mas desta vez a sua boca, bochechas, queixo e nariz estão cobertos de sangue e eu nem quero saber de onde é que ele veio. O sangue está a pingar da cara dele, fazendo-me arrepiar. Os meus olhos arregalam-se, a minha boca abre-se e eu sei que neste preciso momento tenho uma expressão de puro choque. Contudo, não sou a única.

A expressão chocada no seu rosto muda para uma de arrependimento e vergonha. Ele parece estar com vergonha de si mesmo. Com vergonha da maneira como o estou a ver agora, como um monstro. Como um monstro sanguinário.

Os nossos olhos fixam-se de novo e o olhar que ele me dá faz-me crer que ele está a pedir-me perdão, mas não lho posso dar. Não que eu não queira. Eu tenho verdadeiramente pena dele quando o vejo todo frio e destroçado. Eu quero mesmo ajudá-lo, mas não posso. Eu nem sequer sei o que é que ele fez.

Ele olha para baixo, desviando o olhar, sem forças para olhar mais para mim. O que sinto a seguir é uma rajada de vento a passar por mim e de repente, o Harold desapareceu.

The Beast (Tradução PT)Onde histórias criam vida. Descubra agora