Pequeno Dill

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Vossa majestade toma seu décimo sexto drink, claramente ansioso pelo retorno de Endri com o tal anjo, toda a atmosfera do palácio pulsando de forma irregular, a tensão dos guardas costas muito alta.

E então as imensas portas se abrem.

-Boa noite vossa majestade.

-Enfim você chegou Elimia.

Diz vossa majestade se levantando pra receber a pequena menina que entrara no local, ela aparentava ser uma criança de aproximadamente cinco eclipses no máximo, com cabelos lisos pretos, bochechas grandes e olhos indecifráveis.

-Para com isso, eu sei oque você quer, perdeu o seu documento e seu cúmplice não é mesmo?

Ela diz casualmente olhando nos olhos do rei.

-Endri não retornará.

Ela continua com o tom casual.

As portas do palácio se abrem novamente.

-Senhor!

Adentra um guerreiro claramente cansado.

-O sinalizador e o corpo de Endri foram encontrados nas colinas a sul da praça de execução senhor, o sinalizador da senhorita Dalila também estava lá, porém nenhum sinal dela.

Diz o guerreiro de joelhos.

-A propósito meu senhor, o esquadrão de ceifadores notificou a perda de seu capitão em batalha e que estão retornando pra cá pra que o senhor possa designar outro e isso é tudo.

-Dispensado.

Vossa majestade faz um sinal de mão pedindo outro drink.

*

Na casa da bruxa Dalila mal pode se aguentar ao sentir o cheiro dos biscoitos e café fresco, fazia bastante tempo desde a última vez que havia visitado Davina, enquanto limpa as feridas de suas asas, ela consegue notar novas decorações da casa, as paredes de madeira repletas de quadros os quais Davina nunca dizia nada sobre eles, ela se recorda que adorava brincar com ferramentas mágicas no enorme tapete de lã, embora sentisse que os quadros a observavam, e pensando bem, ela ainda consegue sentir isso, e um pequeno sorriso surge em seu rosto ao lembrar das broncas de Davina quando pegava ela brincando com artefatos mágicos.

-Dalila querida, pode tirar essa bagunça da mesa por mim?

A bruxa pergunta segurando uma enorme bandeja de biscoitos.
Dalila tira o amontoado de livros e receitas da mesa, o cheiro dos biscoitos logo toma conta do lugar.

-Davina, eu preciso de...

-Não não querida, coma primeiro e depois conversamos, aproveite os biscoitos enquanto eu curo suas asas, você realmente não muda mesmo menina.

Dalila sorri ainda mais, não era a primeira vez que ela chega na casa da bruxa machucada, e na maioria das vezes um ralado no joelho era uma ótima desculpa pra ir pedir cura e comer os maravilhosos biscoitos.

Davina lentamente concentra sua energia nas mãos, ela passa os dedos dentro de um pote cheio de sua pomada curativa e esfrega lentamente nas feridas de Dalila que sequer se dá ao trabalho de olhar pra qualquer outra direção que não seja a da bandeja dos biscoitos, após passar a pomada, ela espera fazer efeito enquanto observa Dalila distraida com a guarda baixa, ela concentra energia mágica em sua língua.

-Ennevoque riz amtsurian.

E Dalila cai em um sono profundo, Davina tira uma pequena lâmina de seu avental e aproxima do pescoço de Dalila.

-Me perdoe querida, eu preciso do seu corpo bem mais do que você.

*

Após as palavras de Jake, Eren desaparece novamente.

-Eu não posso morrer ainda.

Ele diz baixinho pra si mesmo, olhando as nuvens e logo se senta com as costas na rocha.

-Também não posso depender dele pra tudo.

Jake se levanta e caminha até a borda da montanha, e ao olhar pra baixo, água em todas as direções.

-Nada melhor que um banho depois de sofrer uma tentativa de assassinato, talvez me ajude a pensar melhor.

Ele continua conversando sozinho enquanto tira sua camiseta.

-Eu tô fedendo mais que aquela prisão e as meias de Endri.

Jake solta seu cinto e tira suas calças, fecha os olhos, respira fundo e enfim ele salta com asas fechadas de costas pra montanha, finalmente um tempo pra se recompor.

*

-Ela chegará, trazendo raios e tempestades sobre este reino.

Repentinamente diz a vidente.

-E neste dia, coroas vão cair, e todos conheceremos a ira de Tilan.

O Palácio é tomado pelo silêncio.

-Você enlouqueceu?

Grita vossa majestade, puxando sua espada, ele a aponta pro pescoço da vidente.

-Não diga esse nome aqui dentro novamente.

-Se acalme pequeno Dill.

Elimia sempre calma e irônica, ela dá um passo em direção a espada pondo seu pescoço nela.

-Eu pensava que o trono trazia mais coragem e não covardia, preste atenção ó vossa majestade, eu vi você crescer, eu vi seus pais, seus avós e toda a sua linhagem desde o nascimento até a morte, não pense que logo você pode me dar alguma ordem e não subestime os meus conhecimentos Dillean.
Isso é tudo oque eu tenho pra dizer a você e seus guardas.

Toda a atmosfera do palácio se torna violentamente densa e fria.

-Vá embora Elimia.

Após essas palavras, ela desaparece.

Memórias De Um DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora