Dalila se sente aliviada por estar saindo do hospital e apta pra voltar ao seu trabalho, afinal ler não é tão divertido quanto matar, ela caminha ainda pensando sobre seu fracasso na missão do traidor e em como Endri havia conseguido tão rápido voltar com ele, e vai pensando nisso enquanto observa os comerciantes, as crianças infernais vendendo frutos, a maioria delas órfãs de guerra entre outras razões.
-Maçã do Vale do conhecimento moço, uma dúzia por uma moeda de prata, tá baratinho.
Uma garotinha diz balançando o saco de maçãs na frente de um demônio que caminhava, ela estava com roupas bem gastas, Dalila nota os olhos da pequena brilharem olhando as maçãs, ela claramente está com fome e se segurando muito pra não comê-las, o demônio alto, olha a garotinha com seus olhos negros, e estende a mão com uma moeda de prata, os olhos da pequena brilham e um enorme sorriso brota em seu rostinho cansado, ela estende a mão pra receber a moeda, o demônio por sua vez, ao invés de pagar, agarra o braço da pequena e ergue pelo pescoço.
-Me parece muito suculenta.
*
Jake mal pode acreditar em seus olhos, ele sente como se seus corações tivessem parado, as memórias vêm a tona, "sua existência é uma ameaça a paz", seus pais morreram, por causa de um documento, a sua energia muda violentamente, ele encara a chama da vela, a raiva era densa, Jake já não consegue mais controlar seus pensamentos, ele pega a máscara e a coloca na testa, coberta pelo capuz, após, queima o documento com o fogo da vela. Jake cobre o rosto com a máscara e seu capuz, ele alça voo sem direção, o cansaço da viajem já não existe mais , a necessidade de descansar também, só resta agonia, ansiedade e assim nasce um desejo de vingança em seu coração, não importa pra onde ir, apenas precisa voar e pensar no que fazer e assim o faz, ele voa em direção as nuvens, o vento gelado não incomoda mais, após subir as nuvens, então decide voar na direção da lua prata.
-DESGRAÇADO! DESGRAÇADO! DESGRAÇADO! DESGRAÇADO!
*
Uma faca de arremesso atinge o braço do demônio, forçando ele a largar a garotinha, a mesma cai no chão e corre e se esconde entre as barracas, ao olhar a direção que foi atingido, Dalila empunha sua espada, os demais civis abrem espaço enquanto ela caminha na direção do demônio.
-Fica parado caso queira continuar respirando.
Ela se aproxima com cautela carregando a lâmina da espada com sua energia vital, o demônio permanece imóvel, sangrando.
-O que você pensa que tá fazendo?
-Me alimentando.
-Permita-me te ajudar, nossa prisão tem muita comida.
O demônio então puxa a faca do braço e investe contra Dalila e ela corresponde a altura bloqueando o ataque com perfeição e desviando de um chute, ambos se afastam e se encaram, Dalila decide partir pra cima, ela lança outra faca que é bloqueada pelo demônio, dando abertura pra um golpe com a espada por trás da cabeça, e pra sua surpresa o demônio consegue bloquear também, Dalila desfere um chute no rosto do demônio e aproveita o impulso pra alçar voo, o demônio enfurecido a segue, ele é rápido, Dalila olha para trás.
-Cadê ele?
Ao voltar seus olhos pro céu, o demônio se aproxima com a faca envolta numa energia obscura, ela nota que não pode bloquear ou desviar esse ataque, e numa fração se segundos os metros se tornam centímetros, Dalila se prepara pra ser atingida, pra sua surpresa, o demônio cai, acorrentado, outros 4 guerreiros seguram as correntes.
-Você não consegue ficar longe de encrencas não é mesmo?
Diz um dos reforços.
-Obrigada, meio segundo a mais seria tarde
Levem ele ao palácio, eu explico quando chegar lá.-Sim senhorita Dalila, imediatamente!
Dalila pousa, e volta ao local onde o demônio atacou, apenas para ver se havia alguém ferido, enquanto caminha e observa, ela sente algo prendendo sua perna, ao olhar pra baixo, se depara com a garotinha abraçando as pernas dela, com lágrimas nos olhos.
-Obrigada moça, você me salvou.
-Não há de que.
Dalila responde gentilmente enquanto alisa o cabelo da pequena.
-Moça, uma dúzia de maçã do vale do conhecimento, apenas uma moeda de prata.
A garotinha está mais faminta do que aparenta.
Ela põe as mão no bolso, tira duas moedas e entrega a garotinha, que a retribui com um enorme sorriso.
-Aqui moça, duas dúzias.
-Obrigada, eu vou levar só uma dúzia.
-Mas pagou as duas.
-Sim eu sei, uma pra mim, e outra pra você.
Dalila diz sorrindo, a garotinha a abraça novamente com força e chora.-Eu quero crescer e ser forte como você.
Então ela pega umas das maçãs, morde um enorme pedaço e corre na direção de outro homem que passa, com boca cheia ela o aborda.
-Olha a maçã do vale do conhecimento moço, uma dúzia por uma moeda de prata.
*
Já é de manhã, Jake sente que sua agonia não para, não diminui, apenas aumenta, depois de voar a noite inteira, ele avista um grupo de viajantes pela estrada alguns deles montados em seus dragões, outros alimentando e dando de beber aos dragões e algo chama a atenção dele, o símbolo no ombro.
-O esquadrão especial de ceifadores, droga, droga, droga. Eles não podem me ver aqui.
-Encontrei!
Jake saca sua adaga desfere um ataque pra trás, que é bloqueado, pra sua surpresa e alívio, é apenas o mascarado.
-Cuidado, eles já nos viram e estão vindo, um de nós vai morrer Jake, aqui, na mão deles, esteja pronto!
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Memórias De Um Demônio
Fiction généraleInfeliz é o demônio que perdeu o amor de um anjo O Jovem demônio segue uma vida difícil na busca de saber os responsáveis pelo assassinato de toda a sua família, tendo que lutar pra não ser morto pelos anjos a quem enfureceu e os demônios que querem...