O meu Silêncio - Sad drugs (5) ✔

32° Interesse no trêm

Foi desconfortável sair da mesa depois de ter o que ele queria. Isso soou estranho né? Tô ligado... Vou para a favela outra vez enquanto ela, penso eu que foi de volta para o trampo. Eu ia voltar para o meu que pra falar a verdade, não é bem um trampo não. Quero dizer... Até é, se você considerar um trabalho sujo como um trampo. Chego na biqueira e me sento bufando ao lado do Wiliam

Wiliam : que rápido. O que ele pediu pra você? - insiste em perguntar pela décima segunda vez. O moleque é curioso demais, ainda mais quando envolve esquemas(plano) do Filipe
João : queria informação sobre um bagulho - dou de ombros e observo o movimento ao redor
Wiliam : que bagulho? - o encaro e suspiro. Eu não sabia se devia contar : pode falar mano. Eu sei do plano todo - tenta me arrancar algo
João : se sabe então porque tá perguntando? - pergunto irritadiço e ele me fuzila com o olhar. Dou de ombros. Eu tava fudido mesmo. Uma coisa a mais, outra a menos não ia mudar nada : ele mandou eu ir atrás da loira. Ah... Manuella - digo por fim. Eu sabia o nome da garota, mas as vezes fugia da minha mente
Wiliam : a gata virgem? - aposta perguntar
João : é mano. Ele queria informação, saber se ela sabia onde um tal de Danilo tá - digo por fim ainda observando o movimento fraco por ser meio de semana
Wiliam : e você descobriu? - insiste cara chato 😩
João : claro! Vou ligar para o Filipe - digo ignorando ele
Wiliam : pode pá... - diz observando eu pegar o celular do bolso e procurar o contato do chefe. Assim que acho ligo para ele enquanto o Wiliam atendia o Gabriel, que tinha acabado de chegar. Me levanto e vou para mais longe do ponto. O Filipe atende

Início de ligação :
Filipe : iai...?
João : dessa vez consegui. Ele tá vendendo produtos roubados num trêm. A menina disse que viu ele na estação da luz - digo naturalmente e ele fica pensativo como sempre
Filipe : quem tá fornecendo esses produtos pra ele? - pergunta curioso e fico confuso com a pergunta
João : não sei. Isso ela não disse, parece que não sabe também - admito ao lembrar da reação da garota. Ela tava tão desconfortável quanto eu. Eu não queria me meter nessa vida do chefe, só queria trabalhar pra ganhar uma grana a mais, mas eu sabia que me envolvendo nisso, eu não ficaria só na biqueira
Filipe : beleza. Eu acho que sei com quem é. - diz calculista : Beleza João. Falou - se despede e respiro fundo. Eu olhava para o chão meio molhado por causa do tempo que tava um pouco frio querendo chover mais
João : falou - quando tiro o celular da orelha para desligar a chamada ele me interrompe
Filipe : espera aí mano - pede pensativo
João : oi? - suspiro profundamente
Filipe : pra menina não suspeitar de nada eu quero que continue com essa amizade com ela - isso não fazia parte do plano até agora 😒
João : não seria melhor eu sumir? - pergunto. Se eu sumisse ninguém iria me achar. Até mesmo porque não deixei rastros, já pensando na minha vida
Filipe : o que tu disse sobre você pra ela? - pergunta curioso e atento
João : falei que me chamo João, que moro numa favela e que tenho 28 anos - não minto
Filipe : mas tu tem 25
João : eu sei - ele ri e senti uma leve satisfação por isso
Filipe : tá... Beleza. Não precisa aparecer mais não. Além dessa, existem várias outras favelas por aí. - conclui : Tem certeza que não falou mais nada?
João : absoluta - dou de ombros
Filipe : pode pá então... Valeu. Falou. E... Ah! Se ele não tiver lá vai sobrar pra você viu? - lembra mais uma vez e fico irritado. Sem paciência
João : eu sei. Ele vai tá lá
Filipe : pode pá(tabom)... - e desliga a ligação
Fim de ligação :

Vou ser torturado se ele não tiver lá. É... Eu sei 😶

...

Filipe narrando_
Ótimo!!! 😆 nem vou ligar pro carioca. Vou resolver isso agora mesmo 😶 Pego meu celular, ligo para o Maicon e saímos da favela até a estação da luz no meu carro. Eu não trocava de carro, dá muito trabalho e eu prefiro trocar somente a placa. Tenho um estoque dentro de um cômodo ao lado do escritório. Eu tenho uma casa, mas vivo no escritório pois em casa não tem absolutamente nada para fazer além de lazer. Serve somente para mim levar algumas putas as vezes e me divertir com meus parças(principalmente o carioca, mas ele tá preso). Quando uso tal placa eu mando pra uma pequena "firma" que tenho junto ao carioca e mando os moleque que trabalha lá derreterem a que eu usei e fazerem uma nova para mim. É mais fácil já que temos uma fábrica clandestina um pouco longe daqui. Isso é uma estratégia também. Chegamos na estação da luz depois de 40 minutos, deixo o possante no estacionamento e pegamos o trêm que a loira havia pegado. Uma estação passa e nada... Outra... E nada é moleque. Se o Danilo não aparecer você tá fudido 😡

Maicon : cadê o cara? - pergunta impaciente
Filipe : só mais umas três estações... Se ele não aparecer o João tá morto - digo pensativo inclinado para a frente sentado inquieto. O Maicon concorda com a cabeça
Maicon : você executa ou eu? - aposta perguntar e aponto para mim mesmo. Ele faz um leve gesto positivo com a cabeça e finalmente vejo o Danilo entrar com um monte de tranqueira para vender. Ele tava com outro cara que eu não conhecia. O fito quando ele se aproximar a gente conversa. Não vou deixar ele fugir 😖
Filipe : ó ele ali - faço um leve gesto com a cabeça enquanto ainda olhava para ele. O Maicon o vê. Eu havia mostrado uma foto do Danilo para ele saber de quem se tratava : fica na porta quando eu tiver falando com ele. Não deixa ele escapar - peço/ ordeno. Na verdade eu não pedia nada. Eu mandava mesmo
Maicon : e as pessoas? - olha ao redor. Ele tava do meu lado
Filipe : acontece confusão em trêm direto. Eles não vão li... - sou interrompido pelo Danilo que se aproxima e o Maicon saí de perto discretamente. O cara sabia os esquemas
Danilo : carregador e suporte pra celular amigo? - me oferece. Ele não me conhecia para a minha sorte
Filipe : não. Valeu fugitivo filho da puta - o fito. Ele arregala os olhos surpreso enquanto segurava as tralhas
Danilo : quê?! Ficou maluco tiu? - pergunta alarmado e dou de ombros
Filipe : braço direito do carioca - estendo a mão para ele que não retribui e olha para os lados assustado. Deduzi que era pra fugir : vai fugir de novo? Pra quem você tá trabalhando em? - o encaro
Danilo : porque quer saber? - ergue a sobrancelha e continuo a dar de ombros
Filipe : porque você traiu nossa confiança? O Daniel me mandou atrás de você já que ele tá preso e você não - digo só um terço do que tava acontecendo pra ele ficar esperto. Esse moleque tava me dando nos nervos. O Maicon tava na porta nos observando e dando espaço para as pessoas para passarem quando as estações chegassem
Danilo : não consegui fazer o policial topar soltar a gente. Eles odeiam o carioca mano - diz por fim e continuo a dar de ombros. Isso era verdade
Filipe : é... Tô ligado, mas parceiro que é parceiro não abandona os outros - o encaro que dá um passo para trás. O Maicon observando. Por isso eu tava de boa
Danilo : teve condição pro cara topar me tirar de lá - diz com naturalidade e suspiro
Filipe : diga
Danilo : vender essas coisas aqui fora pra ele. Eles sempre abordam caminhões e os que tem qualquer coisinha errada na documentação eles apreendem. O policial que me soltou tem um esquema de pegar os caminhões com esses barulhos que vendo - ergue levemente um suporte com as coisas penduradas que ele segurava : e vender a carga pro lucro dele sem ninguém perceber - explica
Filipe : que filho da puta - digo com fúria referida ao policial
Danilo : nem tanto. Ele só faz isso com os caminhoneiros que tão errados - ele tava numa posição até que confortável. Com o pé em cima de onde o Maicon tava sentado e os braços cruzados em cima do suporte
Filipe : mesmo assim. Isso não justifica ter abandonado o cara. - ouço uma voz gravada dizendo que a próxima estação já estava chegando. Eu iria descer. Só queria puxar um papo e colocar um pouco de medo. Não dava pra matar o moleque ali, num lugar público e eu já tinha previsto isso, por isso escrevi o endereço onde as vezes o Maicon executava os devedores num papel : Quero conversar com você. - tiro um papel do bolso.  Vejo ele se assustar quando coloco minha mão no bolso. Talvez tivesse pensado que eu iria atirar nele e de qualquer forma ele tava certo. Não iria atirar nele agora, mas depois sim : Me encontra nesse endereço e se você não for eu vou te caçar até te encontrar e dessa vez não vou tá sozinho - mando a real e saio do trêm com o Maicon. Nesse endereço eu iria executar o Danilo policial filho de uma puta 😡

(...)