35° Enchergando aquilo que perdeu

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Depois de 23 anos meus pais "resolvem" me dar um irmãozinho e por coincidência menina também "será que ela vai ser loira também?" Essa é uma dúvida que sempre tive apartir do momento que descobrimos a gravidez da minha mãe. Senti uma tremenda vontade de ser mãe depois disso e me lembro que quando o nick "me pediu em casamento" isso nem me passava pela cabeça e hoje eu me arrependo e muito por isso. Quero ser mãe, mas como se não tenho um alguém? Nada me impede pois já realizei minhas metas: me formei na faculdade dos sonhos, trabalho nela, ganho bem, estou providenciando um novo lar... Nada me impede a não ser isso, o que me leva a pensar que sim... Tudo me impede. Se eu não ter esse filho com o cara que amo então vou ter com quem? Com o Natan? É claro que não. Não vou ser feliz, nem ele e muito menos o filho. Não vai ser fruto de um amor, pelo menos não da minha parte e sei que ele ainda ama a ex dele também. Eu tava ansiosa... Peço permissão para dar uma saída do trabalho por motivos familiares e a gerente permite, desde que seja rápido, ignorei essa parte e saí correndo para o estacionamento. A merida estranhou. Perguntou o que tinha acontecido e falei pra ela que minha irmã ia nascer. Ela ficou tão empolgada quanto eu. No caminho para o hospital não peguei muito trânsito por não ser horário de pico. Entrei praticamente correndo no hospital e depois de procurar avisto a mah que também tava ansiosa por respostas

Marta : filha você chegou! - sua ansiedade e esperança era vista de longe. Concordo com a cabeça
Manuella : e minha mãe? - pergunto olhando para o corredor do hospital apesar de ele ser enorme e ter mais andares por se tratar de um prédio
Marta : já está no quarto. Levaram ela numa cadeira de rodas. - explica. Ela tava sentada, mas inquieta : Seu tio Derek, irmão do seu pai trabalha no outro hospital né? - tenta tirar a dúvida que para mim surgiu do nada. Estranho, mas concordo com a cabeça ainda ansiosa
Manuella : eu vou poder entrar lá dentro? - pergunto ignorando sua pergunta anterior apesar de ter a respondido com um sinal de cabeça. Eu queria ver minha mãe. Eu queria ver minha irmã
Marta : não sei. Sua mãe queria isso, mas você não chegou logo, o médico levou ela pro quarto. Pergunta na recepção - faz um gesto com a cabeça para a frente e concordo com a cabeça. Vou até lá, onde tinha duas mulheres atentas no computador. Eu tava com o uniforme da empresa, pois ainda iria voltar para o trabalho. Amanhã eu poderia curtir melhor minha irmãzinha
Manuella : é... Oi. - olho para o corredor mais uma vez : Minha mãe entrou em trabalho de parto e queria que eu acompanhasse ela. Será que eu ainda posso?
Xxx : qual o nome da sua mãe? - pergunta curiosa me olhando uma mulher de pele escura e cabelo crespo alto amarrado com um laço
Manuella : Solange Nogueira - digo por fim
Xxx : ah, você é a filha dela Manuella Nogueira? - pergunta com gentileza e concordo com a cabeça de maneira rápida : pode ir. Ela pediu pra mandar você acompanhá-la mesmo. A Carolina vai te acompanhar - diz se referindo a mulher do lado que concorda com a cabeça e dá um leve impulso para trás ainda olhando algo no computador. Sei que existem várias pessoas com os nomes iguais no mundo, mas o nome daquela garota me dava nos nervos só de ouvir
Carolina : me acompanhe - diz caminhando rapidamente e a sigo tentando acompanhar seus passos. Quando chegamos numa sala, ela entra lá dentro e vejo que não era uma sala de parto. Estranho : você precisa colocar essa roupa especial e passar álcool em gel nas mãos - diz pegando uma roupa e balanço a cabeça positivamente. Quando ela pega tudo, pego a roupa de sua mão ainda ansiosa e trêmula. Ela fica comigo dentro da sala e fiquei tímida por pensar em tirar a roupa na frente dela, mas ela me relaxou dizendo que só era preciso colocar a roupa especial por cima do uniforme amarelo que eu tava. Assim que termino de colocar a roupa verde e touca especial(prendi meu cabelo num rabo de cavalo e por um momento me lembrei da lanchonete), ela passa álcool em gel nas minhas mãos e me direciona até a sala de parto. Ela bate na porta e coloca só a cabeça do lado de dentro enquanto eu tava ansiosa ouvindo os gritos da minha mãe. Ouço quando a recepcionista diz : a acompanhante chegou posso mandar entrar?
Solange : até que fim! - reclama e logo depois a ouço gritar outra vez. A recepcionista me olha
Carolina : pode entrar - e abre a porta para mim. O faço com timidez quando alguns médicos me olham. Passo por eles e quando chego perto da minha mãe a timidez some enquanto ela gritava e gritava conforme fazia força. Ela tava mais suada do que quando passava as tardes na academia da mansão
Solange : pega na minha mão, na minha mão. Ahhhhhh!!! - e grita mais uma vez. Pego na mão dela e ela aperta tanto que sinto uma dor da po... Chega de palavrões né? 😂😂😂 O quarto tinha tantos equipamentos caros e na minha visão bonitos, que foi praticamente impossível não notar. Tinha fios grossos pelo chão e quase pisei em um preto quando tava indo até minha mãe. Eu sou muito atrapalhada
Xxx : vamos Solange. Ela já quase saindo. Já dá pra ver a cabeça - arregalo os olhos sério? 😨 Quero dizer... É claro né? Se minha irmã tem que nascer ela vai sair por algum lugar. Mas que isso é estranho é. 😅 Ah gente, desculpa tô nervosa 😅 Saio de meu transe quando minha mãe aperta minha mão outra vez e faz força conforme se inclinava para a frente gritando. aí meu Deus que demora! 😅😓 A agonia era tanta que eu não conseguia pensar em nada para falar para ela, mesmo assim opto por tentar
Manuella : força mãe você é forte. A Rebeca quer sair - eu não era a melhor pessoa do mundo para dar apoio. Nem era pra mim estar aqui. 😅 Meu pai viajou depois de tanto tempo sem fazer isso logo num período delicado da vida deles dois
Solange : falar é fácil quando não é você que a...!!! - e grita mais uma vez. Eu preferia ter ficado de boca fechada do que ter escutado essa grosseria. Ouço um choro. A Rebeca finalmente tinha nascido. Vejo quando minha mãe relaxa ofegante na cama e duas enfermeiras vai até o doutor(provavelmente ginecologista) que havia pego a Rebeca de dentro da minha mãe. 😅 Elas envolvem a Rebeca em um pano branco e o médico corta o cordão umbilical dela : minha filha. Quero ver minha filha - diz ofegante sem olhar para ninguém. Somente para cima e a enfermeira a leva até ela. Eu tava paralisada. Não sabia o que fazer ou o que falar minha irmã... 😁
Xxx : é uma menina linda - diz sorridente para a minha mãe que sorri forçado e pega a Rebeca no colo com todo cuidado do mundo, como se fosse um diamante e imaginei que tivesse sido assim quando nasci. Eu tava chorando. Boba e feliz por um ser do meu sangue ter surgido. Ela não era loira igual a mim e minha mãe, mas sim morena igual meu pai, só não sei a cor dos olhos porque ainda fechadinho. Ela chorava e chorava, mas assim que minha mãe a pegou ela se aquietou e eu fiquei apaixonada
Solange : olha filha, sua irmã - diz para mim que ainda não havia dito nada. Sorrio com os olhos cheios de lágrimas. Era para o meu pai estar aqui e não eu. Minha mãe me olha : que foi? Eu que sofro e você que chora é? - diz ironicamente. Acho que ela tava nervosa por causa da dor que sentiu, mas enfim... Discordo com a cabeça rindo após limpar meus olhos com o dorso da mão
Manuella : tô... Sentimental demais. - afasto isso da cabeça : Ela é linda - sorrio olhando para aquele ser humaninho nos braços da minha mãe. Eu queria tocar nela, mas será que eu podia?
Solange : você acha? - olha para a Rebeca : Pra mim ainda tem cara de joelho. Vai ficar igual a mãe depois de umas três semanas - calcula e acabo rindo
Manuella : para mãe! - reclamo e ao mesmo tempo não ligo. Ela era linda e só me fez querer ainda mais formar uma família. Eu tava pagando por aquilo que o cara da minha vida um dia me ofereceu e eu não quis. Sim... Eu com certeza tava pagando por isso. 😔 É aquele ditado né? Só damos valor quando perdemos. Quais metas eu ainda tinha que cumprir? Saio do quarto para deixar minha mãe descansar e as enfermeiras pega a Rebeca para dar banho. Tiro a roupa especial e vou a procura da mah, que ao me ver fica ainda mais ansiosa
Marta : eai nasceu? - concordo com a cabeça sorrindo
Manuella : vou ligar para o meu pai - digo ao lembrar e pego meu celular do bolso do uniforme. Minha bolsa tava no carro
Marta : aé! Fiquei tão ocupada com o parto da sua mãe que nem lembrei de avisar o seu pai. Faz isso filha - aconselha e sorrio. Eu ia avisar que um serzinho chegou ao mundo 😊

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O meu Silêncio - Sad drugs (5) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora