Northamptonshire, Inglaterra,
— Quem foi que fechou as cortinas em um dia tão lindo? — Anastasia Steele irrompeu na sala de estar de Netherstowe, já sem o capuz e segurando um par de luvas em uma das mãos. — Isto está mais parecendo um túmulo!
Ela se encontrava trabalhando no jardim iluminado pelo sol generoso do fim de maio, quando o mordomo lhe anunciara um visitante inesperado. Anastasia não imaginava por que alguém viria a Netherstowe durante a ausência da família, que viajava pelo continente. Aliás, era uma interrupção bastante desagradável.
Esperava resolver o assunto o mais depressa possível e, em seguida, voltar à sua privacidade.
Com os olhos ainda não acostumados à obscuridade, Anastasia atravessou o cômodo para descerrar as peças de seda grossa. No mesmo instante foi interrompida por uma voz masculina e profunda que saiu das sombras.
— Deixe-as como estão! Eu as fechei e quero que fiquem assim até ir embora.
Espantada pela ordem brusca, Anastasia deixou cair as luvas, deu um passo à frente, tropeçou no banquinho baixo,
para descanso dos pés de sua tia, e foi lançada para a frente.
E teria se estatelado no chão se um par de braços fortes não houvessem saído da escuridão para agarrá-la.
— Perdão, eu não pretendia assustar a senhorita. Não era preciso ser muito inteligente para descobrir que a manifestação verbal fora emitida pelo dono dos membros superiores musculosos. A frase soara muito próxima da orelha esquerda de Anastasia, e com tal intimidade que seria possível pressupor que um beijo viria em seguida. Mas aquela voz grave, suave e algo divertida seria a mesma que a assustara com rudeza e fora responsável pela humilhação de perder o equilíbrio?
Porém as duas tinham algo em comum, Anastasia concluiu. Ambas fizeram seu coração disparar e sua respiração tornar-se arfante... embora por motivos inteiramente diversos.
— Q... quem é o se... senhor e pó... por que vê... veio a Ne... Netherstowe? — Anastasia gaguejou e em seguida deduziu a resposta à primeira pergunta com o pulso acelerado de medo. Ou o pavor seria por outro motivo?
Ela sentiu na nuca a carícia úmida da respiração do visitante, antes de ele endireitá-la com firmeza. Por um instante, Anastasia percebeu no cavalheiro uma ponta de hesitação para soltá-la. Ou seria a própria relutância em desvencilhar-se? Afinal, aquela era a primeira vez que era abraçada por um homem.
Embora ele pudesse ser o diabo em pessoa.
— Lorde Christian Grey, srta. Steele. — Ele fez uma mesura rígida sobre a mão dela. — Às suas ordens.
Talvez não fosse o demónio, mas devia ser um parente próximo que viera esconder-se na sonolenta região rural de Northamptonshire. Embora estivesse isolada da sociedade
londrina, Anastasia sabia que o recém-chegado, segundo as más-línguas, fora apelidado de Lord Lúcifer. Nos últimos tempos, os habitantes do povoado começaram a usar aquele nome, embora, logicamente, sempre fora do alcance dos ouvidos de milorde.
— Peço-lhe desculpas por havê-la assustado e por tomar a liberdade de interferir em seus arranjos domésticos. — Ele apontou a janela. — Meus olhos são sensíveis ao brilho da luz.
Seria aquela a razão por ele deixar tão raramente a própria residência? Os boatos creditavam motivos bem mais sinistros aos hábitos noturnos de lorde Grey.
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Lord Christian Grey
FanfictionPODERIA ELA DERROTAR A ESCURIDÃO E TRAZÊ-LO DE VOLTA À VIDA? Lorde Christian Grey voltara da guerra com o rosto desfigurado por causa de um tiro e decidira viver em reclusão. Mas ao saber que seu avô estava à beira da morte, propõe um noivado fictíc...