Capítulo 8

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Christian quase beijara Anastasia novamente e essa perda de autocontrole deixara-o muito chocado.

Três dias após ter sido surpreendido em seu refúgio por ela, não tivera o menor sucesso nas tentativas de esquecê-la. Deitado na cama, virava-se de um lado para outro, como se houvesse urtiga no colchão.

Não conseguia escapar da sensação ridícula de que Anastasia Steele se encontrava no quarto e o observava. Havia pouco, tivera um sonho alarmante. Anastasia estava ajoelhada a seu lado e acariciava-lhe o corpo de maneira provocativa com uma mão, enquanto com a outra tentava tirar-lhe a máscara.

Acordara apavorado, com o coração e o pulso disparados, o corpo coberto de suor, ansiando por uma mulher... mas não por qualquer uma.

Anastasia Steele estivera perto de seduzi-lo naquela noite na torre. Ela nem precisara empregar a poderosa arma de sua beleza. Em vez disso, construíra uma armadilha começando pelo interesse ávido na vocação dele, apoiada na voz melodiosa e na qualidade estimulante de sua companhia.

Até mesmo a fragrância suave que ela exalava, parecia

calculada para atraí-lo. Era um aroma totalmente diverso dos fortes odores florais que outras mulheres costumavam usar para cativar os homens e pelos quais Christian desenvolvera aversão. O perfume da srta. Steele lembrava baunilha, canela e frescor.

Desde que ele voltara de Waterloo, envolvera-se com o anteparo protetor da escuridão. Além disso, jamais se arriscara a convidar alguém para entrar em seu santuário. E cometera o erro de acreditar que a timidez a impediria de aceitar o convite.

Anastasia Steele o enganara duas vezes, deixando-o dividido entre o ultraje e a admiração. Exatamente como ele ficara indeciso naquela noite entre o desejo e a prudência.

— Mas que droga!

Christian desistiu da luta insana para dormir e saiu da cama.

Aquilo teria de ter um fim. Em poucos dias, Anastasia Steele transtornara-lhe a vida. O que aconteceria ao final dos três meses?

O melhor seria persuadi-la a romper o noivado imediatamente. Não havia outra solução.

E, sem a menor sombra de dúvida, a srta. Steele também ficaria aliviada de ver-se livre dele.

Christian lembrou-se do estremecimento que a acometera quando a segurara nos braços alguns segundos a mais do que o necessário. Aquilo contradissera de maneira cabal a afirmação caridosa de que ela não se importaria de tornar a beijá-lo. A srta. Steele na certa pretendera dizer que estaria disposta a suportar um amor fingido para a satisfação do conde.

"Meu avô".

Christian praguejou, enquanto vestia o calção de pele de gamo.

O velho lorde não ficaria nada contente com a reviravolta dos acontecimentos. Mas, se o conde acreditasse que a decisão do fim do noivado fora da srta. Steele, acabaria por afastar-se dela. Então, ele e Christian aproveitariam juntos o tempo restante, sem a intromissão de uma estranha.

Christian abotoou a camisa e ignorou a ferroada de vergonha que o acometia. Como estava engajado em uma guerra para manter a sua paz de espírito, não poderia permitir-se ter misericórdia. Uma vez vestido, colocou a máscara e aprontou-se para a batalha.

Christian encheu-se de coragem para enfrentar a luz do dia. Porém quando abriu a porta do quarto e saiu para o amplo corredor cujas paredes eram forradas de retratos, constatou, para sua surpresa, que estava agradavelmente escuro devido ao horário. O brilho implacável do sol já cedera um pouco.

Lord Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora