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As vozes ao meu redor eram como murmúrios distantes, enquanto eu lutava para voltar à consciência. A primeira voz que reconheci foi a de Holt, seguida pela de minha mãe, Anna e um homem que eu não conseguia identificar.

— Ela vai ficar bem? — a voz de Holt estava cheia de preocupação.

— Sim, ela só precisa de descanso e hidratação. — respondeu o homem.

— Graças a Deus. — minha mãe murmurou, a voz trêmula de alívio.

A dor latejante na minha cabeça se intensificou à medida que tentava abrir os olhos. A luz estava muito forte, e minhas costas doíam. Finalmente, consegui forçar as pálpebras a se abrirem, vendo o quarto de hospital ao meu redor. Aparelhos apitavam suavemente ao meu redor, e ao tentar me levantar, percebi que estava conectada a um soro intravenoso, me incomodando a medida que mexia o braço.

Holt foi o primeiro a perceber que eu havia acordado. Ele se aproximou rapidamente, os olhos cheios de alívio e preocupação:

— Speedy, deite-se. Você precisa descansar. — ele pediu suavemente, pressionando-me de volta contra o travesseiro, e afagando meu cabelo. Logo ele se sentou numa poltrona ao meu lado, o calor dele fez falta, fazendo com que eu sentisse um arrepio do quarto gelado.

— O que aconteceu? — minha voz saiu rouca e fraca, e minha mente começou a juntar os fragmentos de memória. Vi meus pulsos e pescoço cobertos de hematomas, e notei um policial parado perto da porta.

Então, tudo voltou de uma vez. A festa. Damon. O terror que senti. Comecei a chorar descontroladamente, o medo e a frustração tomando conta de mim. Holt me puxou para o eito firme, murmurando palavras de conforto e beijando o topo da minha cabeça. O calor dele me reconfortava novamente.

— Shhh, está tudo bem agora. Nós fizemos uma queixa, e o policial está aqui para cuidar disso. — ele disse, acariciando minhas costas. - A delegada é amiga do pai da Anna, ela vai tirar umas fotos dos hematomas tudo bem?

— Mas... Damon... — tentei falar entre soluços, o pânico ainda presente.

— Nós vamos garantir que ele pague pelo que fez. — a voz do policial era firme. — Estamos aqui para garantir sua segurança.

Depois de uma sessão longa de fotos e perguntas, com Holt ao meu lado o tempo o todo, a enfermeira e o médico retornaram e pediram que eu ficasse em observação pelo menos pelo dia de hoje. Holt se ofereceu para ficar comigo como acompanhante, e durante a noite eu escutava ele se movendo pelo quarto, me cobrindo, e perguntando à enfermeira que entrava para verificar a dosagem de remédio se eu estava bem e quando eu poderia ir. Ele era presente.

. . . .

O dia seguinte trouxe um pouco de alívio. Fui liberada do hospital com alguns remédios e instruções para manter distância de locais prováveis onde Damon estaria presente. A ideia de que ele poderia escapar das consequências devido às suas condições financeiras e fama irritava Holt visivelmente, mas ele tentou não mostrar isso na minha frente, ele se controlou, mas era nítido a raiva estampada na cara dele.

Quando voltamos para casa, tudo o que eu queria era estar cercada pelas pessoas que me amavam. Pedi a Holt que passasse a tarde comigo, e ele prontamente chamou Anna, Valerie, Oliver e Logan para nos acompanharem.

Passamos a tarde na sala de cinema da mansão, assistindo a filmes e tentando relaxar. Anna, sempre cheia de ideias, sugeriu que fôssemos à piscina, já que ainda tinha sol e o clima estava propício para nadar.

— Acho que um mergulho pode ajudar a relaxar. — ela disse, animada. — O que você acha, Speedy? Se você não estiver bem podemos ir, deixar você descansar um pouco...

- Eu não aguento mais ficar encarcerada no meu quarto ou em uma cama. Eu preciso respirar! - falei sincera.

— Parece uma boa ideia. — Valerie concordou.

Subi para o meu quarto para trocar de roupa, sentindo uma leve esperança se infiltrando na minha mente. Talvez, apenas talvez, as coisas começassem a melhorar a partir de agora.

Ao chegar ao meu quarto, fui ao meu closet e peguei meu biquíni favorito. Era um biquíni branco todo rendado, e por incrível que pareça, meu pai me deu no último aniversário que passamos junto. Ele sabia o quanto eu amava praia e mar, então toda vez que ele viajava, ele trazia um conjunto de biquíni, kanga e algumas conchinhas. Eu amava. Colocá-lo me trouxe uma sensação de conforto e nostalgia. Depois de me trocar, me olhei no espelho. Os hematomas ainda estavam visíveis sem dizer da minha cicatriz no lado esquerdo bem abaixo da barriga, mas eu não ia deixar isso me abater. Eu precisava ser forte. Eu já passei por coisa pior. Pensei passando os dedos na cicatriz antiga. Essa cicatriz eu recebi do meu ex-namorado: o Archie. Foi o ferimento da bala disparada contra mim. E toda vez que eu olhava, a cicatriz doía.

Desci para a piscina, onde Anna, Valerie, Holt, Oliver e Logan já estavam se preparando para entrar na água. A piscina estava decorada com balões coloridos e luzes de LED que a deixavam ainda mais bonita e acolhedora. Holt veio ao meu encontro, seu olhar cheio de preocupação se suavizando um pouco ao me ver. Ele deu uma pequena olhada na cicatriz antiga mas ele não perguntou. Isso vai ser conversado em outro dia.

— Você está bem? — ele perguntou, a voz suave, tirando um delicadamente o cabelo do meu rosto.

— Sim, vou ficar. — respondi, tentando sorrir.

Passamos a tarde nadando, tomando sol, conversando e rindo. Foi um alívio poder relaxar e esquecer, mesmo que por algumas horas, o que havia acontecido. Holt esteve ao meu lado o tempo todo, suas mãos segurando as minhas de vez em quando, como se quisesse me garantir que estava ali para me proteger, o se garantir que eu realmente estava ali ao lado dele.

Enquanto o sol começava a se pôr, nos sentamos ao redor da piscina, conversando sobre tudo e nada. Anna e Valerie discutiam animadamente sobre a próxima festa, Oliver e Logan planejavam uma viagem de fim de semana, e Holt me olhava de uma maneira que fazia meu coração bater mais rápido. Ele me causava arrepios mesmo que inocentemente.

— Speedy, eu só quero que você saiba que estarei sempre aqui para você. — Holt disse, apertando minha mão.

— Obrigada, Holt. — respondi, sentindo uma onda de gratidão e algo mais, algo que ainda estava tentando entender.

A noite chegou, e depois de um dia cheio de emoções, decidi que era hora de descansar. Subi para o meu quarto tomei um banho demorado e quente, troquei de roupa e me deitei na cama, sentindo o cansaço me dominar.

Enquanto fechava os olhos, pensei em tudo o que havia acontecido e no quanto Holt significava para mim. Talvez, com o tempo, eu conseguisse superar meus medos e encontrar um novo começo. Por enquanto, o simples fato de saber que ele estava ao meu lado já era suficiente.

E assim, com a presença de Holt minha mente, adormeci, pronta para enfrentar o que quer que o futuro me reservasse.


Uma Banda em Hollywood [18+] REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora