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A noite estava silenciosa e escura quando acordei de repente, sentindo uma inquietação que não conseguia explicar. O relógio da minha escrivaninha mostrava que eram quase duas da madrugada. Suspirei, com a cara amassada pelo caderno de física , e sabendo que não conseguiria voltar a dormir tão cedo. Decidi tomar um banho longo, na esperança de que a água quente me ajudasse a relaxar.

Depois do banho, coloquei uma babydoll branca de cetim que escorregava suavemente pela minha pele. Caminhei pelo corredor silencioso, meus pés descalços quase não faziam som contra o chão de mármore branco. Ao chegar à cozinha, pensei em pegar um copo de água, mas um som suave e melódico vindo da sala de estar chamou minha atenção. Era o piano do papai.

Caminhei devagar até a sala de estar, minha curiosidade aumentando a cada passo. A cena que encontrei foi ao mesmo tempo hipnotizante e inesperada. Holt estava sentado ao piano, apenas de calça de moletom, sem camiseta. A luz da lua entrava pelas janelas, iluminando seu corpo definido e as teclas brancas e pretas do piano. Ele tocava com uma expressão concentrada e melancólica, perdido em sua própria música.

Fiquei parada na porta, observando-o por alguns momentos, temendo ser vista. Parecia tão absorvido em seus pensamentos que não queria interromper. No entanto, antes que pudesse me mover ou dizer qualquer coisa, ele falou, sem sequer virar a cabeça:

- Sei que está aí, Speedy. - disse ainda alisando as teclas suavemente. - Não precisa ter medo, juro que não vou te morder. 

Sua voz baixa e rouca fez meu coração acelerar. Como ele sabia que eu estava ali sem sequer olhar?

- Eu... não queria interromper. - respondi, me aproximando devagar.

- Não está interrompendo. - disse ele, continuando a tocar. - Apenas não consegui dormir.

Parei ao lado do sofá próximo ao piano ainda em pé, intrigada com a cena. 

- Não sabia que você tocava piano, apenas guitarra... O que aconteceu? - perguntei curiosa com a cena.

Holt parou de tocar, seus dedos ainda descansando nas teclas. Ele olhou para a lua através das janelas por um momento antes de responder. 

- Sonhei com minha mãe. Faz muito tempo que não tenho um sonho tão vívido com ela.

A tristeza em sua voz era palpável, e meu coração se apertou por ele. 

- Quer falar sobre isso?

Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos bagunçados, como se tivesse arrumando uma forma de dizer:

- Ela era tudo para mim, sabe? Quando morreu, senti como se uma parte de mim tivesse sido arrancada. Às vezes, é difícil lidar com isso. - falou ainda com a voz rouca de tristeza.

Sentei-me ao lado dele no banco do piano, nossas pernas se tocando levemente. 

- Sinto muito, Holt. Perder alguém tão importante... - eu sentia a dor dele. 

Ele virou-se para mim, seus olhos azuis gélidos brilhando na luz da lua.

- Obrigado, Speedy. Falar sobre isso ajuda, mesmo que só um pouco.

Ficamos em silêncio por alguns momentos, apenas ouvindo a suave respiração um do outro e o som distante da noite. Finalmente, reuni coragem para perguntar o que vinha pensando desde o estacionamento do shopping.

- Holt... - não sei por que, mas senti que deveria pedir. - Será que eu posso cobrar a sua promessa agora?

Ele me olhou com surpresa, e então um sorriso lento e malicioso surgiu em seus lábios. Eu deveria me sentir aliviada dele estar mais a vontade ao meu lado, afinal é só uma ficada certo?

- Tem certeza de que está pronta para isso, Babydoll? - sorriu maliciosamente, enroscando um dos dedos na alça do meu pijama. - Você realmente sabe como me deixar surpreso. 

Meu coração batia descontroladamente, mas assenti ainda vermelha de nervoso. Mas que merda deu em mim de querer beijar ele

- Se você quiser ficar aqui sozinho, eu volto pro meu quarto... - fiz menção de levantar mas Holt me segurou firme pela cintura.

- Fique. - ele mandou me colocando sentada novamente no banco do piano.

Holt aproximou-se mais, nossos rostos a poucos centímetros de distância. Ele se manteve firme com mão em minha cintura, puxando-me suavemente para mais perto. Seus lábios tocaram os meus com uma suavidade inesperada, como se estivesse testando minha reação. Mas logo, o beijo tornou-se mais intenso, cheio de uma paixão contida por muito tempo, ambos estávamos quentes e quase explodindo de emoções. Eu pelo tesão acumulado que ele me causava, e Holt pelas provocações.

Antes que percebesse, eu estava sentada nas teclas do piano, o som das notas desafinadas misturando-se com nossos suspiros. Holt segurava meu rosto com as mãos calejadas, suas carícias enviando ondas de calor por todo o meu corpo. Beijávamo-nos com uma urgência que parecia apagar todas as dúvidas e medos.

Quando finalmente nos separamos para respirar, ele encostou sua testa na minha, ambos ofegantes. 

- Você não sabe o quanto tesão eu estou agora, se não pararmos por aqui eu não respondo pelos meus atos, Babydoll. - ele falou com uma voz rouca de tesão.

Sorri, sentindo-me mais viva do que nunca. 

- Eu acho melhor eu tomar um copo de água e ir dormir. - falei com o a respiração descompassada. - O que aconteceu nesse piano, fica nesse piano.

- Tem muitas coisas mais que eu queria fazer contigo nesse piano. - ele confessou olhando profundamente nos meus olhos. - Mas aproveite que estou me controlando e vá dormir. - ele falou do jeito mandão.

- Certo... Boa noite... Insuportável. - falei a poucos centímetros de sua boca. 

Logo me desvencilhei dele, desci do piano com uma certa dificuldade pelas minhas pernas completamente bambas, senti minha calcinha úmida pelo beijo e precisava urgente dormir para esquecer isso. Apesar de todas as complicações, algo profundo e inegável estava crescendo entre nós, e isso era inegável. 

Que merda que eu fui me envolver?

Uma Banda em Hollywood [18+] REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora