Lucas petrificou assustado ao ver seu pai virar o corredor e caminha em sua direção distraido, junto a outro militar. Assim que os olhos de seu pai encontraram os seus, Lucas pensou em dar as costas e sair correndo o mais rápido que conseguisse, mas já era tarde. Seu pai caminhou apressado em sua direção, deixando o colega para trás. Sua expressão era de alívio, mas Lucas conseguia sentir a ira guardada em seus olhos.
Porém, Lucas foi surpreendido pelo seu pai que, antes mesmo de falar qualquer coisa, o abraçou forte.
— Onde você estava filho? — O pai de Lucas pergunta aliviado. — Por que você sumiu sem avisar a ninguém? Sua mãe e eu estávamos tão preocupados!
— Desculpa pai, eu não queria que vocês ficassem preocupados, mas eu estava com muito medo! — Lucas admite, deixando com que lágrimas escorressem pelo seu rosto. — Eu sinto muito.
— Nunca mais faça isso uma coisa dessas! — Seu pai pede agora mais sério. — Vem, vamos para um lugar mais reservado para avisarmos a sua mãe que você voltou.
— Eu não posso... — Lucas recusa, mesmo que isso parta o seu coração. — Não posso mais confiar em você!
— Como assim Lucas? Eu sou o seu pai! — Ele fala sem entender.
— Eu sei de tudo o que está acontecendo aqui, sei que estão usando os meus colegas como cobaia e eu não posso confiar em alguém que compactua com isso! — Lucas responde para a surpresa de seu pai.
— Quem te contou sobre isso? — O pai de Lucas pergunta assustado.
— Então é verdade? — Lucas questiona. — A mamãe sabe que o senhor está participando dessa loucura?
— É para o bem de todos! — Ele responde alterado. — Você não tem nada a ver com isso.
— Até o dia que enfiarem uma agulha no meu braço! — Lucas responde alterado.
— Eu nunca deixaria isso acontecer! — Seu pai afirma.
— Não sei se posso acreditar em você! — Lucas fala se virando. — Eu sinto muito.
— Você não pode me dar as costas assim, eu ainda sou o seu pai! — O pai do garoto grita segurando em seu braço, fazendo com que Alice e Thiago saíssem do banheiro assustados.
— Solta ele! — Thiago corre na direção dos dois, fazendo o pai de Lucas o soltar rapidamente.
— Se você der mais um passo, eu mesmo me encarrego de te punir garoto! — O pai de Lucas fala apontando para Thiago. — E você, nós ainda não terminamos essa conversa!
Lucas desaba ao ver seu pai dar as costas e seguir pelo corredor, desaparecendo na primeira porta. Lucas se sentiu acolhido pelos braços de Thiago, que tratou de levá-lo de volta para o banheiro, onde Alice completou o abraço, deixando que o garoto chorasse por longos minutos.
— Eu não consegui... — Lucas fala ainda choroso. — Não consegui gravar ele falando.
— Tudo bem, nós pensamos em outra maneira de arrumar uma prova depois! — Alice fala enquanto limpa as lágrimas do garoto com os dedos.
— Eu estava tão perto, mas ele me intimidou tanto.. — Lucas continua se lamentando. — Desculpa.
— Não precisa se desculpar, você está bem e é isso que importa! — Thiago fala pegando na mochila uma garrafa d'água e a entregando para que o garoto tomasse.
Thiago e Alice passaram o dia na tentativa de consolar Lucas, tendo também que voltar a se acomodar nas suas respectivas salas de aula. Lucas evitou ao máximo qualquer contato com o seu pai, o que acabou funcionando já que ele não viu o pai durante todo o dia.
Depois do jantar, que estava sendo servido em porções reduzidas já que os suprimentos estavam acabando, Thiago levou os dois mais novos para o corredor onde se localizavam suas salas e se certificou de que eles passariam a noite bem.
— Não precisa se preocupar Thiago! — Alice fala enquanto se encosta em uma coluna. — Querendo ou não, estamos seguros aqui.
— Não confio muito neles. — Thiago afirma s expondo de frente para a garota. — Mas, se vocês se sentem seguros, eu posso dormir tranquilo.
— Você precisa descansar mesmo, deve ter sido muito difícil manter o carro na estrada por mais de dois minutos! — Lucas brinca depositando um beijo na Nuca do garoto, enquanto o abraça por trás.
— Muito engraçado você... — Thiago ironiza. — Se não fosse por mim você estaria acabado agora.
– É verdade, você tem cuidado muito bem de nós! — Alice tateia o rosto de Thiago para, logo depois, depositar um beijo em seus lábios.
— Você precisa ir agora, não queremos levar uma punição! — Lucas avisa soltando o garoto.
— Tudo bem, sonhem comigo... — Thiago se vira para encarar Lucas, fazendo o garoto corar. Thiago beija Lucas rapidamente antes de se despedir dos dois e seguir em direção a sua sala.
— Nós também temos que entrar se não quisermos levar uma punição. — Lucas comenta.
— Durma tranquilo, amanhã nós pensamos em algum outro plano! — Alice fala bagunçando o cabelo do garoto.
— Tudo bem. — Lucas se despede de Alice com um beijo, seguindo para a sua sala e vendo a garota fazer o mesmo.
Lucas tomou muito cuidado na hora de se deitar ao lado do seu colega e fez o mínimo de barulho possível para não acordar ninguém. Mesmo com todo o cansaço acumulado em seu corpo, Lucas custou a dormir, seus pensamentos mudavam constantemente e iam do seu recente relacionamento com Alice e Thiago, à sua discussão com seu pai pela manhã.
O garoto pegou no sono em algum momento da madrugada, mas logo foi surpreendido por uma mão que tapava a sua boca, o impedindo de gritar. Lucas viu seu colega se mexer, mas não foi o suficiente para que ele acordasse e o ajudasse. O garoto foi levantado e carregado a força para fora da sala, sem nem ter tempo para contestar.
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FUGITIVOS
Teen FictionO ano é 2020. Um vírus mortal assola a pequena cidade de Montes, fazendo com que os governantes tomem a decisão de proteger os jovens. Sendo assim, todas as escolas são interditadas, passando a serem comandadas pelas forças militares, e nenhum aluno...