Capítulo 13

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*Madrugada anterior*

Lucas é carregado por toda a escola, alguém tapa os seus olhos e a sua boca, para que ele não possa veja para onde está sendo levado e nem grite por socorro. Apavorado, o garoto ouve a abertura de uma porta e logo é jogado para dentro de uma sala escura. Alguém o venda e amarra um pano em sua boca, além de o acorrentar em uma cadeira, tudo milimetricamente calculado.

Nada do que estava acontecendo fazia sentido para Lucas. Por que alguém o sequestraria? Como o levaram pelos corredores e nenhum dos militares o viu? Várias questões surgiram em sua mente, mas nenhuma delas parecia ter respostas.

Tudo começou a fazer um pouco mais de sentido quando a porta foi aberta novamente. Lucas achou que era o único sequestrado, mas ele estava completamente enganado.

— SOCORRO! — Lucas ouviu uma voz feminina gritar, mas logo o seu grito foi abafado.

Lucas começou a ligar os pontos. Ele havia sido escolhido para ser uma das cobaias no experimento ilegal ao qual seu pai fazia parte. Para Lucas seu pai nunca permitiria que ele fosse uma das cobaias, mas pelo visto ele estava completamente enganado.

Alguns minutos pareceram horas, um silêncio ensurdecedor se instalava no local e a única certeza que Lucas tinha era a de que nai estava sozinho.

— Não tenham medo crianças, não vamos fazer mal a vocês! — Lucas se assustou ao ouvir a voz do general. — Tudo o que vamos fazer é para um bem maior.

— Senhor, temos um problema! — Uma outra voz masculina surge. — As seringas acabaram.

— Como assim as seringas acabaram? — O general pergunta irritado.

— Não temos mais nenhuma no estoque. — O provável militar responde. — Mas não se preocupe senhor, amanhã mesmo um caminhão chega com novas caixas!

— Que pena crianças, nossos testes vão ter que esperar até amanhã... — Lucas conseguia sentir que ele se divertia ao falar aquilo, era amedrontador. — Nos vemos amanhã!

*Manhã do dia seguinte*

Thiago se apressou em se arrumar quando acordou e logo partiu a procura de Alice. Era cedo e a garota estava mal-humorada. Os dois revisaram o plano elaborado na noite anterior e logo foram para os seus lugares, a espera de que o guarda fosse tomar o café da manhã.

Não demorou muito para que o militar saísse do seu posto, deixando a passagem livre para que eles pudessem invadir a sala da diretora, que, por sorte, estava destrancada. Thiago já havia ido à aquela sala várias vezes durante o ano letivo e, por isso, sabia onde a diretora guardava a sua bolsa.

O garoto foi direto para baixo da mesa, onde se encontrava uma cesta com alguns livros e, logo ao lado, a bolsa da diretora. Enquanto Alice vigiava a porta, Lucas vasculhou a bolsa até encontrar o chaveiro pesado. Os dois saíram rapidamente da sala e fecharam a porta, deixando o local sem olhar para trás.

Sem ao menos pensar duas vezes, os dois logo partiram até a antiga sala de música. Como no chaveiro haviam muitas chaves de diferentes salas, os dois passaram alguns minutos tentando achar a chave correta e comemoraram quando finalmente a porta foi aberta.

Silenciosamente, os dois adentraram a sala escura e se sentiram aliviados quando não viram ninguém. Assim que ligaram as luzes, puderam ver três pessoas acorrentadas em cadeiras, uma delas era Lucas. Logo que viram a cena, os três correram na direção dos garotos e os desvendaram, retirando também o pano que amarrava a sua boca.

— Como vocês conseguiram me encontrar? — Lucas pergunta um mais aliviado.

— Isso não importa agora, precisamos tirar vocês daqui! — Thiago fala ofegante, enquanto observa o cadeado que prendia as correntes ao garoto. — Será que a chave desses cadeados estão nesse chaveiro?

— Tenta aí, eu olho a porta. — Alice entrega as chaves a Thiago e corre para vigiar a porta.

Faltava pouco para que o café da manhã acabasse e com certeza alguém viria para esse corredor em algum momento. Sendo assim, Thiago se apressou em tentar encontrar a chave, mas nenhuma delas parecia abrir o cadeado.

Foi quando, para o desespero de todos na sala, Alice avistou que o guarda havia voltado a vigiar a sala da diretoria.

— O café da manhã acabou Thiago, precisamos sair daqui se não quisermos ser pegos! — Alice avisa.

— Fica calmo, nós vamos voltar para tirar vocês daqui. — Thiago afirma olhando nos olhos de Lucas. — Eu prometo!

Os dois são obrigados a deixarem o local o mais rápido possível. Thiago estava com muita raiva. Como eles podiam fazer isso com as pessoas? O que mais irritava no garoto era o fato do pai de Lucas fazer parte de tudo e deixar que fizessem isso com o próprio filho.

Tudo se intensificou quando o garoto avistou o pai de Lucas caminhando sozinho em sua direção. Alice até tentou controlar o garoto, mas assim que o militar adentrou o corredor, Thiago já estava com as mãos agarradas em seu uniforme.

— Como você pôde deixar que fizessem isso com ele? — Thiago grita eufórico.

— Me solta garoto! Quer ser preso agora mesmo? — O pai de Lucas pergunta ríspido, mas sem entender do que o garoto estava falando.

— Me responde! Como pode deixar que usassem ele como cobaia para esses experimentos de merda? — Thiago pergunta mais uma vez, dessa vez um pouco mais alto.

— Calma Thiago, quer chamar a atenção da escola inteira? — Alice intervém, separando o garoto do rapaz.

— Do que você está falando? — O pai de Lucas pergunta tentando manter a postura.

— Levaram o Lucas e agora estão usando ele como cobaia. — Alice conta. — Por isso ele desapareceu ontem!

— Não é possível, eu pedi para que ele fosse poupado! — O rapaz afirma.

— Mas ele tá lá agora, acorrentado feito um animal numa sala escura! — Thiago deixa que lágrimas escorram pelo seu rosto.

— Você precisa fazer alguma coisa, é o seu filho! — Alice implora.

— Se o general o escolheu, não há muito o que eu possa fazer! — O pai de Lucas afirma frio.

— Como assim? Você não vai ao menos lutar pelo seu filho? — Thiago pergunta indignado. — É o seu filho seu merda!

— Thiago para! — Alice ordena. — Não é assim que vamos resolver as coisas!

— Eu vou sair daqui antes que o seu amigo me xingue mais uma vez e eu seja obrigado a o prender! — O militar desvia dos dois garotos e segue o seu caminho, o que deixa os dois garotos incrédulos.

— Como ele pode ser tão insensível? — Thiago desaba em chorar, fazendo Alice o consolar.

— Calma, nós vamos dar o nosso jeito!

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