O Cheiro de Arroz Doce

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  Enquanto crescia,
me perguntava de onde vinha a bondade e amor que minha mãe sempre demostrou pra o meu pai, minhas irmãs e a mim. Mais tarde eu percebi que ela tinha herdado da minha avó. É que existem pessoas com um coração tão grande que eu não sei como cabe em uma caixa torácica
tão pequena.

Quando cresci, comecei a gostar de passar tempo com a minha avó. Ela contava umas histórias da época dela, e as vezes me fazia rir muito. Até quando me ralhava, ela me fazia rir. Ela tinha uns olhos castanhos-claros, e um sorriso muito bonito.

Minha avó era reservatório de carinho, amor, bondade e afeto.
Eu queria que a viagem da vida não acabasse, eu queria não chegar ao destino final. Que eu pudesse ficar mais ao lado dela, sentado a observar seu sorriso, ouvir as estórias dela, que cada vez que contava aumentava uma coisa, das tardes na casa dela, da cadeira dela de ferro com fitas de borracha coloridas amarradas em volta. De como fazia poesia ao falar. Das nossas conversas, e dos nossos silêncios. Queria que a viagem não acabasse, mas
não, a viagem sempre acaba.
Ela sempre que podia, cozinhava arroz doce pra mim, porque eu gostava muito. O cheiro invadia toda a casa dela, e eu gostava disso.

Come, senão você vai ter bicha! — Brincava ela quando eu ficava sem tocar na comida.

O cheiro do arroz doce é poesia pro meu nariz, porque me faz lembrar de amizade, carinho, amor. Me faz lembrar da minha querida avó.

SE MEU CORAÇÃO FALASSEOnde histórias criam vida. Descubra agora