Estou parada na entrada do hospital, observando a placa em alemão e decorando cada letra dela, sem conseguir me mexer em direção ao saguão. Faz apenas 2h que pousamos na Alemanha e, nesse tempo, deixamos nossas coisas no hotel e logo depois viemos para o hospital. Eu estava tão ansiosa para ver Ronan, mas agora, parada aqui, eu sinto que não consigo mover nenhum músculo.
Leon não disse nada. Ele tem sido bastante pragmático e procurado resolver todos os pequenos detalhes para mim. Ele fez nosso check-in no hotel, levou nossas malas para o meu quarto e para o dele, chamou pelo táxi e passou instruções ao motorista em um alemão perfeito. Minha mente está apenas parcialmente consciente da presença dele. Eu sei que ele está aqui e sei, de alguma maneira, que posso confiar nele para resolver todas essas questões.
Agora ele está parado ao meu lado, olhando a mesma placa. Ele não me questiona porque não quero entrar, ele não tenta me convencer a sair daqui. Ele apenas fica ao meu lado, esperando, permitindo que eu lide com o que quer que seja que estou lidando. E, de certa forma, isso me dá alguma força.
- Tudo bem - digo finalmente - vamos lá.
Leon sorri me encorajando e seguimos na direção do saguão. Tento explicar à recepcionista o porquê estamos ali, mas meu alemão básico não parece ser suficiente, então Leon toma a dianteira e ela parece bastante satisfeita por estar falando com alguém que entende a língua dela.
- Ele está no quinto andar - Leon me explica e nos encaminhamos para o elevador.
Estou subindo e descendo nos meus calcanhares, meu coração martelando no meu peito. Me sinto ansiosa e assustada, mas não mais paralisada como estive há pouco. Sei que preciso me mexer, sei que seja lá o que eu for encontrar quando vir Ronan, ele irá precisar de mim. Como ele sempre precisou. E eu tenho que ser forte para ele. Por ele.
Então quando chegamos ao andar desejado e informamos o nome de Ronan, uma médica baixinha que estava na recepção vem até nós.
- Ellara? - ela diz e meneio um sim com a cabeça - Sou a Dra. Elke, fui eu que te liguei para informar sobre seu irmão.
- Ah - sussurro e pigarreio baixinho - Como ele está? Eu posso vê-lo?
- Sim, claro. Me siga, por favor.
Paro um instante e olho para Leon, alguns passos atrás de mim.
- Você pode ir comigo? - pergunto, pois tenho medo de não conseguir lidar com o que quer que eu veja ao encontrar meu irmão.
Leon parece surpreso pelo meu pedido, mas segue a médica junto comigo. Passamos por alguns leitos, antes de encontrar o quarto de Ronan.
Eu acho que perco o ar quando o vejo e imediatamente agarro o braço de Leon ao meu lado. É como em uma daqueles séries médicas que vemos na televisão. Diversas máquinas ao redor dele fazem pequenos barulhos e informam gráficos e números que não compreendo. O rosto dele está parcialmente coberto por um respirador que entra por sua boca.
- Estamos permitindo que ele descanse. Ele acordou algum tempo depois de chegar aqui, mas teve uma parada respiratória e preferimos colocá-lo em coma induzido para evitar danos cerebrais, enquanto permitimos que o corpo dele se desintoxique do álcool - a médica explica - Eu sei que parece muito ruim, mas são apenas medidas paliativas. Dependendo dos resultados dos exames dele, poderemos retirá-lo do coma entre hoje e amanhã.
- Mas ele vai ficar bem? - pergunto.
- Ainda é cedo para dizer. Mas Ronan é bastante jovem, seu corpo deve se recuperar com rapidez.
Ela sorri de maneira gentil, tentando me oferecer alguma espécie de conforto.
- Vou deixá-los a sós - ela diz e se retira do quarto, fechando a porta ao sair.
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Saturno
Fanfiction"Você me ensinou a coragem das estrelas antes de partir, como a luz segue indefinidamente, mesmo após a morte. Com a respiração fraca, você explicou o infinito, quão raro e lindo é apenas existir" Desde que Phoebe se foi, a vida de Leon Hayes se tra...