Capítulo 8

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- Olha, me desculpe de novo por aquilo - ergo o olhar do meu livro e vejo Leon parado em frente à mesa que estou na biblioteca. É a primeira vez que nos falamos desde que ele me beijou no observatório - Não sei porque fiz aquilo, ok? Eu só... A gente... Será que podíamos ao menos sermos amigos? 

Meu queixo cai ao mesmo tempo em que minhas sobrancelhas levantam. 

- O quê? - forço minha voz a se manter baixa, mas mesmo assim algumas pessoas ao redor nos olham - Quer dizer, primeiro você me odiava...

- Eu nunca disse que te odiava - ele me interrompe. 

Faço um gesto dispensando o comentário.

- Que seja. Depois disso você me beijou, o que... - limpo a garganta tentando afastar a lembrança do beijo de Leon da minha mente - ... o que foi completamente inadequado. E agora está aqui, na minha frente, me pedindo para sermos amigos? 

Leon aperta os lábios um contra o outro. 

- Eu sei, desculpe. Mas realmente não gostaria que continuássemos assim. 

- Assim como, Leon?

- Sabe... sem conseguirmos conviver minimamente... socialmente. 

- Mas foi você que sempre se afastou! - dessa vez falo um pouco alto e diversas pessoas me olham de cara feia. 

Leon puxa uma cadeira e se senta na minha frente, inclinando-se para mais perto quando sussurra entredentes.

- Ella, eu sei, ok? E eu estou aqui te pedindo desculpas por isso, foi inadequado da minha parte. 

- Assim como me beijar também foi inadequado. 

Ele estuda meu rosto e posso jurar que se demora um segundo a mais olhando meus lábios antes de voltar a me olhar nos olhos e dizer com uma expressão divertida em seu rosto:

- Sim, assim como te beijar. 

- Você é completamente maluco, Leon Hayes - digo e recolho minhas coisas me levantando, tentando me afastar do perfume dele que está inebriando meus sentidos e me fazendo pensar que o beijo nem foi ruim afinal. 

- Mas podemos ser amigos? - ele pergunta e percebo que há uma espécie de sorriso convencido em seus lábios.

Dou de ombros. 

- Acho que sim - e saio da biblioteca. 

Quando Leon me beijou, primeiro eu senti mais raiva ainda dele. Tanta raiva que bati nele. Eu não sabia de onde aquele beijo tinha surgido e me incomodava muito o fato de ele estar ali, me beijando. E também o fato de que, quando seus lábios tocaram os meus, eu me senti caindo. Caindo como no meu sonho, porém com uma eletricidade deliciosamente dolorida percorrendo o meu corpo. Então eu só tinha necessidade de correr dali, parar essa sensação ao mesmo tempo boa e ruim que ele estava injetando em mim. Porque, diferentemente dos meus sonhos, eu podia fazer isso dessa vez. 

A questão, no entanto, é que outro pensamento também tem tomado meu tempo: o que teria acontecido com essa sensação de eletricidade e queda se eu tivesse permitido que ele me beijasse por apenas mais um segundo? 

Estou entrando em meu quarto quando recebo uma ligação da minha mãe. Respiro fundo três vezes antes de atender. 

- Oi, mãe. 

- Ella! Ella, está tudo bem? - ela parece nervosa. 

- Sim, tudo bem. Por quê?

- Tive uma sensação tão ruim sobre você e Ronan.

SaturnoOnde histórias criam vida. Descubra agora