Prólogo

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Talvez o tempo seja um conceito tão abstrato que o perdemos. Um pequeno e mísero instante que se estendeu por anos demais, como no horizonte de eventos de um buraco negro, incapazes de escapar, incapazes de sentir todo o resto do universo. Como se houvessem cordas me suspendendo enquanto cada segundo atravessa meu corpo, sem que eu possa me mexer, sem que eu possa sentir qualquer coisa além daquela última sensação de vazio. 

Houve uma época em que essa constatação me assustava, mas agora simplesmente...

Tantas explicações que busquei sem encontrar uma resposta, tantos questionamentos e noites em claro. Misticismo, magia, astronomia, quântica, relatividade, teoria de cordas. Nada, nada disso foi capaz de explicar o que aconteceu naquela noite e seguiu acontecendo por anos. Então eu estagnei, enterrei minhas esperanças no fundo da minha alma e contentei-me com a cota de dor que o universo havia designado para mim. 


Mas eu jamais poderia esquecer como a luz continua infinitamente, mesmo após a morte. 

SaturnoOnde histórias criam vida. Descubra agora