Capítulo 4

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boa leitura 🐍

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{Narrado por Camila}

Acontece que estou disposta a realizar o sonho da lua de mel da minha irmã doente, mas eu tenho que enganar a companhia aérea.

Como estou praticamente sem dinheiro, encontrar um vôo de última hora da congelante tundra para Maui em janeiro – pelo menos um que eu posso pagar – requer alguma criatividade. Shawn não ajuda em nada, provavelmente porque ele é um daqueles caras altamente evoluídos de trinta e poucos anos que tem uma conta poupança e nunca precisa procurar no cinzeiro do carro um trocado no drive-through. Deve ser legal.

Mas nós concordamos que precisamos viajar juntos. Por mais que eu queira abandoná-lo o mais rápido possível, a empresa de viagens deixou bem claro que, se houver alguma fraude em andamento, seremos cobrados o saldo total do pacote de férias. Ou é a proximidade do provável vômito ou a proximidade de mim que o envia para o meio do corredor em direção ao seu quarto com um murmúrio.

— Apenas deixe-me saber o que devo a você, — antes que eu possa avisá-lo exatamente quão pouco isso deve ser.

Felizmente, minha irmã me ensinou bem e, no final, tenho dois ingressos (tão baratos que são praticamente gratuitos) para o Havaí.

Não sei por que eles são tão baratos, mas tento não pensar muito nisso.

Um avião é um avião, e chegar a Maui é tudo o que realmente importa, certo?

Vai ficar tudo bem.


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TALVEZ O VÔO ECONÔMICO não seja o mais chamativo da companhia aérea, mas não é tão ruim assim e certamente não garante a constante inquietação e barragem de suspiros pesados do homem sentado ao meu lado.

— Você sabe que eu posso ouvi-lo, certo?

Shawn fica quieto por um momento antes de virar outra página em sua revista. Ele desliza seus olhos para mim como se dissesse silenciosamente, eu não posso acreditar que coloquei você no comando disso.

Não sei se já vi alguém folhear agressivamente uma cópia do Knitting World antes de agora. É um toque agradável manter as revistas no terminal, como se estivéssemos no consultório de um ginecologista, mas é um pouco desconcertante que este seja de 2007.

Seguro o desejo sempre presente de estender a mão e dar um peteleco em sua orelha. Precisamos agir como recém-casados nesta viagem; pode muito bem começar a tentar mentir agora.

— Então, só para fechar o ciclo dessa disputa estúpida, — eu digo, — se você fosse ter uma opinião tão forte sobre nosso voo, não deveria ter me dito para cuidar disso.

— Se eu soubesse que você iria nos reservar um Galgo Inglês com asas, eu não teria deixado. — Ele olha para cima e olha em volta, horrorizado. — Eu nem sabia que essa parte do aeroporto existia.

Reviro os olhos e encontro o olhar da mulher sentada à sua frente, que está claramente nos espionando. Abaixando minha voz, eu me inclino com um sorriso sacana.

— Se eu soubesse que você seria um julgador, eu teria dito para você passá-lo e conseguir seu próprio bilhete.

—Julgador? — Shawn aponta para onde o avião está estacionado do lado de fora do que eu acho que é uma janela de acrílico — Você viu nossa aeronave? Ficarei surpreso se eles não nos pedirem para buscar combustível.

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