Capítulo 19

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Boa leitura 🐍

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{Narrado por Camila}


Eu queria ficar em Maui. Eu queria ficar na cama com Shawn por semanas e ouvir o oceano até cair no sono. Mas, mesmo assim, no momento em que eu voltar para o meu apartamento, vou beijar cada peça da minha mobília e tocar todas as coisas das quais senti falta nos últimos dez dias. Meu sofá nunca pareceu tão convidativo. Minha televisão é muito melhor do que a que tivemos na suíte. Minha cama é limpa e macia, e mal posso esperar até que esteja escuro o suficiente para justificar a minha vontade de correr e pular nos meus travesseiros. Eu sou uma pessoa caseira, e não há nada como estar em casa.

Esse sentimento durou cerca de trinta minutos. Porque depois que desfiz as malas, verifiquei minha geladeira e percebi que não havia nada lá se eu quisesse comer, eu tinha que pedir alguma comida ruim por delivery ou colocar minhas calças de novo e sair de casa.

Eu me espalho no meio da sala de estar no meu tapete macio de pelo falso e olho para o teto. Se eu tivesse ido com o Shawn, poderia fazer ele sair e conseguir a comida.

Uma campainha toca. Eu ignoro porque minha família entra como se fosse dona do lugar, e nove em cada dez vezes é meu vizinho do andar de cima Jack, um cara de cinquenta e poucos anos que presta muita atenção às minhas idas e vindas. Mas então toca novamente, e alguns segundos depois escuto uma batida. Jack nunca toca duas vezes e nunca bate.

De pé, espio pelo olho mágico e vejo uma mandíbula acizentada, um pescoço longo e musculoso. Eu senti falta desse pescoço. Shawn! Meu coração reage antes de meu cérebro – pulando alegremente até a minha garganta – e quando eu abro a porta com um sorriso, demora uma batida de coração até que eu lembre que não estou usando calças.

Shawn sorri para mim e então seus olhos caem para a minha metade inferior e ele faz a mesma expressão sedutora que eu sei que estou fazendo para o saco de comida que ele está carregando.

— Você sentiu minha falta — eu digo, pegando a comida chinesa da mão dele.

— Você está sem calças.

Eu sorrio para ele por cima do ombro.

— Você provavelmente deveria se acostumar com isso. Na maior parte das vezes me comporto quando estou em hotéis, mas noventa e nove por cento do tempo que estou em casa, fico de calcinha.

Ele levanta uma sobrancelha e inclina a cabeça em direção ao corredor, tenho certeza de que ele adivinhou que ele o leva ao meu quarto. Eu entendo o que ele quer dizer – em um filme, estaríamos batendo contra a parede, apaixonadamente, descendo ou correndo na direção da cama, porque sentimos muita saudade depois de uma hora separados, mas, na verdade, aquela saída do aeroporto foi estressante como o inferno, estou morrendo de fome, e essa comida cheira incrível.

— Frango com alho primeiro, sexo depois.

Eu fico toda agitada por dentro – e normalmente não sou uma pessoa que derrete – quando ele sorri para a maneira como eu estou atacando a comida que ele trouxe. Ele beija minha testa e depois se vira, encontrando facilmente minha gaveta de talheres e pegando dois pares de hashis. Ficamos na cozinha, comendo frango direto da caixa. Alguma coisa dentro de mim se desenrola porque eu estava feliz por estar em casa, mas agora estou agitada. Sinto como se eu fosse mais eu mesma quando estou com ele, e isso tudo aconteceu tão rápido, é confuso.

— Minha geladeira estava vazia, — ele me diz. — Imaginei que a sua também estaria, e era apenas uma questão de tempo até que você chegasse até a minha porta porque estava se sentindo muito sozinha.

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