Masmorra Do Abismo

24.2- O Primeiro Dia no Inferno.

24.2- O Primeiro Dia no Inferno.

Meu nome é Thais Machado de Jesus, nascida e criada no interior de São Paulo, estudante de medicina indo para meus anos de internato, decidi passar férias na casa dos meus tios que moram no Rio de Janeiro. Mas eu nunca poderia imaginar, que essa escolha mudaria completamente a minha vida...

Eu já estava há duas semanas no Rio, no bairro Penha, meus tios moravam em um conjunto de prédios que eles chamam de IAPI.

A alguns dias eu estava me aproximando de um amigo do meu primo, ele é gordinho uns 79kg, 1,67m de altura, cabelos castanhos na altura dos ombros, ele não era um padrão de beleza, mas ele era sempre muito gentil e atencioso.

Ele estava aderindo ao veganismo, mas era viciado em doces então se mantinha lacto ovo vegano, mas discutimos muitas receitas sem leite ou ovo e me propus a fazer alguma para ele experimentar.

Gentil, poeta, carinhoso, ele era bem o que eu idealizava. Nós estávamos dando um passeio pela fazendinha, uma faculdade de veterinária que tinha uma área preservada bonita para se passear, quando ele me olhou profundamente e declamou um poema para expressar seus sentimentos.

Meu coração batia rápido, meu rosto estava corado e eu não conseguia encara-lo, eu tinha ficado incrivelmente tímida por sentir que meus sentimentos eram mesmo correspondidos.

Já tive alguns relacionamentos, mas sempre fui muito retraída nesse ponto, mas ele se mostrava tão fofo que eu sentia que podia mesmo me permitir essa aventura antes de voltar a minha vida corrida.

Juntei minha coragem para responder a declaração dele, mas pedi que ele me deixasse ter o primeiro passo, para me sentir confortável, como esperando ele atendeu prontamente, tão fofo.

Passeamos de mãos dadas até quase o pôr do sol, onde tínhamos que sair da fazendinha, pois ia fechar.

Quando caminhávamos para fora ouvimos sons altos de passos pesados, parecia uma multidão correndo.

Eram porcos vermelhos com presas gigantes pra fora, parecia que saia fogo da boca deles, meu corpo travou e me deixou confusa, era um sonho? Eu tinha tido sonhos estranhos com fogo recentemente por culpa do calor sufocante dessa cidade, mas não porcos? O que isso poderia significar?

"CORRE"

Uma mão agarrada na minha me puxou e gritou me tirando um pouco do meu transe, isso era real? Gritos por todo lado, pessoas sendo devoradas vivas por alguns animais diversos, era como a revolta da fazendo contra os humanos.

Como vegana eu apoio a revolta dos bichos... mas não a inversão da situação, ainda mais comer pessoas vivas era algo horrível demais pra se olhar.

Minha visão foi ficando embaçada, eu não tinha notado que estava chorando, eu estava horrorizada, mas continuava ser puxada.

"Vamos pra sua casa, a minha é muito longe daqui"

Esfreguei meus olhos embaçados pra ver o Diogo olhando pra mim preocupado, o portão da fazendinha estava logo a frente, será que o guarda na guarita poderia nos ajudar? Embora eu não acredite que ele esteja armado.

Guarita? Eu vi algo branco em cima da guarita, tinha uma envergadura de uns 3 metros, era um... ganso?

O bico do Ganso de 3m estava sujo de vermelho, pareciam pernas penduradas para fora dele, quando ele jogou pra cima e pegou inteiro na boca para terminar de mastigar, como se fosse um petisco. Minha visão ficou turva de novo, aquilo provavelmente era o guarda da guarita.

Fui repentinamente abraçada quando ouvi a Diogo falando no meu ouvido " aconteça o que acontecer, corra direto até sua casa, nós precisamos sair daqui a qualquer custo."