Masmorra Do Abismo

35.2- Sobrevivência, Riscos e a Automação do sistema

35.2- Sobrevivência, Riscos e a Automação do sistema

Quando eu abri meus olhos eu me sentia renovada, me espreguicei e pensei em passar mais uns minutinhos na cama, quer dizer, o fim do mundo esta em cima da gente, mas ninguém pode trabalhar com 100% de eficiência todo dia certo?

Lutando contra essa preguiça eu levantei, ainda um pouco tonta, eu nem tinha visto que horas eu tinha ido dormir. Parando para lembrar a incursão de ontem não tinha durado nem até o meio dia tinha? Aquela confusão toda da luta tinha deixado tudo mais cansativo.

Olhando para o relógio eram 4 AM.

"Isso é loucura, quantas horas eu dormi? esse quarto não me deixava mais descansada?" eu fiquei tão chocada que comecei a reclamar sozinha. Eu não tinha a auto análise do sistema, então me restava refletir sobre o que tinha acontecido. Decidi começar meu dia com uma série de exercícios de Tai Chi.

Fazendo uma longa série de uma hora eu separei uma roupa e tomei um banho, eu estava completamente suada, mas me sentia bem melhor do que quando saí da cama.

Depois de me trocar botei a roupa para lavar e comecei a prestar atenção no dia de ontem.

"porque eu estava tão cansada?" eu sentei no chão com as pernas cruzadas e lembrar do que causou mais estresse no meu corpo ontem.

Eu claramente não estava com o corpo exausto, e não tinha ferimentos graves como o Sig, então porque eu quase desmaiei quando finalmente a tensão deixou o meu corpo? Não era normal pra mim desmaiar de exaustão, e eu ja tinha passado 12 horas seguidas estudando.

Mental? Parando pra pensar, cansaço mental era realmente poderoso, não desmaiei como ontem, mas já me senti completamente acabada. Se fosse esse o caso, era o preço que eu tinha que pagar por me forçar com o Reiki.

Não existe poder sem preço não é verdade?! O sistema te da responsabilidade, o Reiki, por mais que ele nutra e recupero meu corpo, ele ainda requer muito da minha mente, e se eu não moderar a quantidade de tempo e energia que eu uso nele, vou acabar numa situação precária sem poder me ajudar, eu preciso mesmo tomar muito cuidado com isso.

Só de lembrar de toda a dor de cabeça que eu senti ontem me faz suspirar, para me ajudar a lembrar dos meus erros, eu resolvi começar a escrever um diário de treinamento.

Seria ótimo para eu rever todo dia a noite e facilitaria caso eu precisasse treinar alguém, só tinha vantagens me organizar com isso agora.

O tempo de pensar e escrever não tinha sido muito o sol já estava nascendo quando eu terminei de escrever e guardar o caderno, foi quando eu decidi fazer uma prática de Reiki em mim mesma, para praticar e sentir as diferenças de como eu usava minha energia.

Não tive tempo de terminar a minha prática quando ouvi uma voz falando comigo.

"Thais!! Chegou a hora de trabalharmos, a comida não vai se fazer sozinha"

Eu queria rir daquele comentário, mas segurei abri os olhos com calma e respondi.

"Na verdade na sua casa ela se faz sim..."

" sem ingredientes você pretende se alimentar de luz?"

Agora que eu pensava nisso eu estava desde ontem sem comer nada, e tinha claramente me esforçado até a exaustão, porque eu não estava com fome? Eu posso não ser uma glutona, mas não costumo ficar tanto tempo sem fome, é como se o Reiki alimenta-se meu corpo...

"... e se eu dizer sim?"

Ele ficou com a boca aberta e olhos arregalados como um personagem de anime, dava vontade de rir, ele parece uma criança.

" Então é uma despesa a menos, mas você ainda tem que trabalhar pelo abrigo."

Fiz um sorriso amargo por ter que 'trabalhar pelo abrigo' era algo triste de se ouvir quando se estava de favor na casa de alguém.

Resolvendo provocar ele um pouco, eu recuperei meu sorriso o encarei e disse com uma piscadinha.

"Você pode só pedir a minha companhia quando a quiser, não precisa de motivos pra isso"

Ele virou depois de ficar um pouco chocado e falou timidamente.

"Vamos"

Eu segurei o riso, o lado tímido dele era tsundere, mas como eu preferia ele fazendo piadas eu resolvi evitar essas brincadeira, até para não ser mal interpretada.

Saímos até a varanda quando ele olhou atentamente para fora, eu parei para sentir o sol no rosto quando ele falou

"Parece que a maioria dos monstros estão dormindo nesse horário, acho que é importante lembrarmos disso, pode ajudar."

Sem dizer muito eu concordei, ele estava tão sério para variar, mas não durou muito. Ele fez uma cara exagerada olhando pra mim quando disse.

"Você sabe mesmo como concordar comigo?"

Droga, fui pega de guarda baixa porque ele estava todo sério e não tinha resposta.

"Não enche" fiz um biquinho exagerado com vontade de rir da bobeira, era realmente mais agradável ter alguém para brincar e sorrir. Quando penso nisso minha cabeça lembra logo do Diego.

o Sig murmurou algo quando minha expressão caiu, mas eu não ouvi e não quis perguntar, então só coloquei aquilo no fundo da cabeça, nós seguimos em frente, hoje ele até desceu as escadas comigo.

Quando passamos pela entrada do posto de saúde ele ficou com uma carranca encarando a entrada por alguns segundos antes de continuarmos, eu senti um pouco de medo dele querer entrar ai de novo agora.

Sem problemas até o mercado, chegando lá vimos uma placa eu li, quase ri da simplicidade do nome e segurei o riso quando ele falou.

"Mercearia do Siegfried... que nome mais meia boca"

Sem perder a oportunidade de provocar ele, eu logo concordei, ou quase.

"O seu? Concordo, porque não muda de novo?"

"EEEI, não fale mal do meu nome, gosto muito dele"

Com a reação exagerada dele, eu ando na frente, entrando no mercado para ele não me ver rindo baixinho. Quando eu olhei em volta eu fiquei muito surpresa.

O mercado parecia novo, os vidros pareciam novos e resistentes, talvez até blindados? Depois de pensar melhor, acho que eu não saberia reconhecer um vidro blindado. As prateleiras estavam todas cheias de produtos, a iluminação era adequada, mesmo que todo o bairro estivesse sem luz a mais de uma semana, aqui estava tudo novo, até respirar aqui parecia limpo. A arquitetura e organização internas do mercado pareciam ambas saídas de um jogo de fantasia medieval, madeira firme e bem talhada, sentindo com o Reiki, era como se as prateleiras ainda estivessem vivas, era um pouco assustador, então eu procurei um terminal do sistema no mercado. Quer dizer, se tinha como acessar pelo celular, talvez tivesse algo aqui para visitantes?

Bingo, olhando para onde deveriam ficar os caixas eu vi um grupo de terminais, olhando para o Sig entrando no mercado e me deixando para trás, eu imagino que ele queira ver algo em especial e vou para os terminais

"Vamos ver o que você tem pra mim aqui."