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Carla

Eu geralmente tinha muita dificuldade de chorar em público e não achei que seria tão assustador ver uma pessoa praticamente sem cor e com respiração ofegante, falando coisas que ninguem entende. Luis, o que você ta fazendo da sua vida?

- Você entendeu? - Perguntou Jack e dei de ombros.

- Ele ta muito fora de si, parece outra pessoa, ta assim desde que horas? - Pergunto sem tirar o olhar de Luis.

- Esse merda tava ótimo hoje mais cedo, ai usou drogas escondido e ficou assim, desde então só piora, pelo menos antes ele se mexia mais - Diz Lucas com a voz falhando, estava desesperado como todos nós.

    Observo o rosto de Luis, ele ainda estava vivo, mas se não agirmos rapido ele pode não suportar essa overdose. Pego meu celular rapidamente vendo o que fazer para primeiros socorros, minha mão estava tremendo, ja tinha lido umas 4 vezes pra ver se conseguia fazer algo, mas a cada minuto eu ficava mais insegura.

- Lucas, o médico ja deu notícia? - Pergunto sobre o médico particular do Luis.

- Ja, ele disse que era pra a gente deixar ele em uma posição que ele pudesse respirar melhor e se ele por acaso vomitar, não limpar, pois ele vai ter que examinar - Informou e senti um aperto, como assim não limpar o vômito?

- Então vamos mudar ele logo de posição - Disse Jack firmemente, e concordamos.

  Jack e Lucas logo pegaram em cada lado do corpo quase imóvel de Luis, e depois de alguns segundos conseguiram virar ele de barriga pra baixo. Ao mudar a posição dele, a respiração dele pareceu melhorar e começou a resmungar sons estranhos, como se sentisse dor.

- Não sou profissional, mas acho que ele quer vomitar - Diz o moreno.

  Luis começa a tossir com sons molhados, como se algo quisesse sair, com as tosses começou a sair pequenas quantidades de liquido branco, os meninos se olharam desesperados, mas vi uma luz nisso, pelo menos o corpo estava expulsando a droga do corpo; mesmo com certo receio dele vomitar em mim, me aproximei e levantei ele, que nem foi muito dificil, pois o mesmo tirou força de nem sei da onde e se sentou quase que rapidamente.

- Alguém pega um balde pra ele não - Antes de eu terminar, senti o liquido molhar minha roupa e a cama - vomitar em mim - Termino a frase.

Os dois parecem se bater para achar um balde, mas a cada 10 segundos Luis me sujava mais ainda, comecei a não me importar, achei que iria ficar com muita raiva, mas se ele estava colocando pra fora, isso era muito bom, e a quantidade for diminuindo. Luis encostou a cabeça no meu ombro, e parecia ja estar um pouco melhor, ate sua respiração estava normalizando.

- Luis? Esta tudo bem ou você ainda quer colocar as tripas pra fora? - Pergunto rindo de nervoso e percebo que ele riu fracamente, fazendo meu coração ficar quentinho.

- Cala boca - Responde com a voz fraca, mas ja consciênte.

- Você quase me matou de susto, e nunca vou esquecer que você vomitou em mim seu bosta - Digo tentando me manter séria, mas não tirava o sorriso idiota da boca, nunca achei que ficaria tão feliz ouvindo a voz dele.

- Foi mal, não queria que tivesse visto isso mô - Ele me chamar de "mô" poderia ter me deixado toda emotiva, se não estivesse quase chorando de nojo por causa das minhas roupas molhadas com cheiro enjoado.

- Não faça mais isso comigo Luis - Digo segurando a vontade de chorar, nunca passei tanto medo quanto hoje.

  Ouço a porta se abrir, ja tava pronta pra bater nos meninos por demorarem tanto, mas vejo um homem com uma bolsa grande, ele não parecia ser tão velho, de 40 ele não passava, usava roupas normais, mas logo presumi ser o médico particular de Luis.

- Eae Gustavo - Luis fala e o tal Gustavo arregala os olhos.

- Porra Luis, se seu pai descobre que você teve uma overdose, tu morre meu filho - O médico parece furioso, mas Luis ri com a voz falhada -  e você é? - Pergunta diretamente pra mim.

- Eu sou uma amiga dele, prazer Carla - Me apresento naturalmente, como se nada estivesse acontecendo e ele troca um olhar rápido com Luis, que mesmo não vendo, senti ele revirar os olhos.

- Okay, prazer Carla - Parece segurar o riso - Bem, vou fazer alguns exames rápidos com o Luis, se quiser tomar um banho pode ir - Ele diz abrindo a bolsa e procurando algo nela, suspiro aliviado.

- Acho que eu vou, fica bem Luis - Digo e ele mesmo relutante, levanta a cabeça e me deixa ir.

    Agradeço o medico ao passar por ele, e dou uma olhada no moreno de longe, e quase grito de tanta raiva, mesmo estando fisicamente acabado e em situação deplorável, algo me atraia a ele, com certeza não achava ele apenas bonito e isso me preocupava para caralho; antes dele olhar em meus olhos, segui meu caminho, mesmo com as lembranças escassas dos detalhes da casa, lembrava onde era o banheiro, pois o mesmo tinha uma banheira que jurei para mim mesma tomar banho quando tivesse a oportunidade e irei ser uma grande burguesa safada hoje.

- Olha onde as madames estam - Quase rumo um vaso na cabeça dos dois quando os vejo correndo em direção ao quarto, não estavam com um balde, mas sim um vaso cheio de água e copo.

- Desculpa, a gente tinha achado o balde, mas Gustavo disse que era pra gente levar água e que da limpeza ele cuidava - Lucas diz olhando para mim e logo faz uma careta ao perceber melhor minha situação - não é querendo falar nada não, mas você precisa de um banhozinho - Afirma e Jack confirma.

- Eu vou sim - Digo, e abro um sorriso ao reconhecer a porta do quarto do Luis, é esse banheiro mesmo bebê.

Me despeço dos meninos e abro a porta azul do quarto dele, respiro aliviada ao ver que não era um sonho, eu ia realmente tomar banho em um banheiro cheio de luxo, hoje sou a menina mais satisfeita do mundo, tirando o resto do dia.

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Saio do banheiro, respirando aliviada o ar cheiroso de sabonete, nunca me senti tão limpa. Caminho em passos calmos até o guarda roupa gigante de Luis, meus olhos quase gritam de felicidade após verem tantos moletons, por um momento me pergunto porque tanto moletom, nunca vi ele usando nenhum. Vejo um conjunto de moletom cinza, a calça era folgada, mas tinha um elástico que se adaptava em qualquer quadril e a parte de cima tinha um ursinho de óculos escuros. Levei o moletom ao nariz e meu corpo entrou em êxtase ao sentir o cheiro de Luis; na parte das cuecas, procurei a boxe mais apertada, fiquei satisfeita ao encontrar uma que parecia confortável.

Coloquei o conjunto, dobrei as pontas da calça para ficar em um tamanho bom e não ficou tão grande nos meus braços, mas cobria boa parte da minha mão; me olhei no espelho fazendo diversas poses, tive a ideia de tirar uma foto, sempre quis usar o moletom de algum amigo meu e depois postar foto com ele, como se fosse meu. Depois de tirar algumas fotos, vou ver como elas ficaram e minhas bochechas ficam quentes quando vejo que Luis tinha saido na foto.

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