O dia das consequências

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Eduarda arrumando óculos e se aproximando de Pandora pergunta:

-E agora?

Pandora responde com uma pergunta:

-Agora sobre quem? Minha mãe ou Vanessa?

Eduarda responde:

-Era sobre tudo, mas começa por você e Vanessa.

Pandora dá um suspiro:

-Bem, no outro dia conversarmos e chegamos em um consenso...

Morgana interrompe:

-O mais óbvio possível... -Pandora encara Morgana que prossegue na fala- e o mais sensato...porque foi sensato da parte de vocês... prossiga. 

Pandora retoma a fala:

-Bem, Vanessa tem uma maneira de viver muito a frente da minha. Pode ser porque ela é mais velha, ou porque é mais mente aberta mesmo, ou até mesmo porque ela procura se conhecer mais do que eu me conheço. Mas enfim, foi deixado mais claro que toda vez que ficarmos não será nada monogâmico, nas palavras dela. E ainda continuaremos amigas e blá, blá, blá.. pude pedir desculpas e ela ainda conseguiu dividir o apê com umas garotas que são amigas da Luana, visto que eu perdi o meu.

Eduarda fala:

-Agora conte mais sobre isso da sua mãe. E seu pai sabe?

Pandora responde:

-Meu pai ainda tá na minha cidade antiga, não sei como falar com ele sobre isso. Tenho medo de perder a pensão dele, já que ela que tá me sustentando agora. Sorte minha que minha mãe não quer conversar com ele desde a separação, isso me deixa mais livre pra contar pra ele sobre tudo. E sobre a minha mãe, ela ficou bem nervosa e me expulsou do apartamento, já que ele é dela, eu sai. Ela disse que não vai sustentar nenhum bordel da ilha de lesbos, e ela era que pagava o aluguel e as manutenções do apartamento. A pensão do meu pai é boa que não daria pra sustentar minha alimentação e o aluguel de apartamento como aquele. Então eu procurei um lugar perto da universidade, que o preço do aluguel incluia as manutenções de um apartamento já mobiliado, em que a pensão do meu pai fosse usada pra pagar um aluguel mais barato o suficiente pra sobrar para comprar comida e outras coisas. Advinha quem no inicio do ano procurava um lugar mais em conta pra uma caloura?

Morgana fala:

-Dessa vez minha falta de dinheiro facilitou sua vida burguesa.. quero dizer, ex-burguesa..

Pandora volta a falar:

-Não vou falar nada sobre seu comentário... tive sorte pela Clara, que era colega de quarto da Morgana conseguir uma bolsa pra um lugar bem melhor pra terminar o mestrado... e agora eu estou esperando o tempo acalmar minha mãe, porque eu não quero acreditar que ela é simplesmente preconceituosa... pode parecer bobo da minha parte diante do que ela fez, mas eu realmente não quero acreditar...

Pandora termina de falar olhando pra baixo e mexendo as mãos de forma ansiosa, todas sentem a energia dela. Antonella pergunta:

-Cara, tudo o que você contou foi sobre o que aconteceu, mas o que vale é como você tá com isso tudo... Como você está se sentindo com tudo isso acontecendo Pandora?

Pandora respira e fala:

-Incrivelmente, eu não sinto nada demais... não estou bem, mas também não estou mal.. normal..

Silêncio. Todas abraçam Pandora, desejam boas coisas e demonstram apoio.

Mais tarde, Morgana e Heitor entram pela sala do pensionato, Morgana fala:

-Meninas, rapidinho, desculpa atrapalhar vocês vendo televisão, mas só tô avisando que o Heitor entrou aqui e daqui a pouquinho ele vai embora, sei que não é horário pra um garoto entrar mas não falem nada para a Dona Dani sem antes me falarem se vocês se incomodam... e a Pandora tá no quarto? 

Todas falam algo parecido com "não incomoda", "tudo bem", "relaxa". Então uma delas fala:

-A Pandora tava com dor de cabeça, me pediu remédio e foi para o quarto.. pelo jeito ela tá bem gripada porque pediu a cartela inteira e disse que guardaria pra depois quando voltasse a sentir a dor. 

Morgana pergunta um pouco exaltada:

-Quantos remédios tinham na cartela?!

A garota de cabelos curtos responde:

-Tinha só quatro, ela disse que compraria mais.

Morgana respondendo "menos mal" sai andando rápido para o quarto. Abre a porta e encontra Pandora deitada com a cabeça para fora da cama e chorando. Morgana senta na cama, pede Pandora pra se sentar também,  que simplesmente a abraça e chora. 

Heitor na porta solta uma risadinha e fala:

-Desculpa, eu sei que não é hora pra rir, mas a forma como ela chora e treme é engraçado. Me lembra meu pinscher...

Silêncio. Pandora só afunda o rosto no abraço de Morgana, que manda Heitor embora. Ficando só Pandora e Morgana, fazendo respiração diafragmática*

O pior já se foi.



respiração diafragmática*: inspire contando até 4, segure o ar contando até 2 e solte o ar contando até 6. Ajuda acalmar em momentos de crise seja ansiosa, de raiva e outros mais. 




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