Old thoughts

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Chovia bastante do lado de fora, as gotas mais pareciam pequenas pedras caindo do céu e batendo no teto. Um clarão iluminou o céu e logo em seguida um barulho estrondoso fez as janelas estremecerem. Hawks observava a tempestade recostado em uma poltrona próximo a janela, era dali que vinha a única fraca luz que tentava iluminar o ambiente, já que a tempestade fez com que toda a rede elétrica entrasse em pane fazendo com que todo o bairro mergulhasse em escuridão.

Ao seu lado, deitado preguiçosamente no sofá com os braços cruzados atrás da cabeça como se fossem um travesseiro, estava sua dupla de trabalho e a pessoa que o loiro menos desejava estar preso no meio de uma tempestade que não parecia ter fim.

No início de mais um semestre do seu curso na faculdade U.A, Keigo resolveu pegar uma matéria eletiva que pudesse agregar algo a mais ao seu conhecimento. Tinha escolhido uma matéria que achava interessante e estava empolgado, até ele entrar na sala no primeiro dia e ver no fundo da sala a cabeleira negra e bagunçada que pertencia a Dabi. E depois, ser forçado pelo professor a fazer trabalho com o outro.

Hawks e Dabi se conheciam desde que eram crianças. Quando o loiro se mudou com os pais para o bairro luxuoso composto de grandes mansões, pensou que seria uma criança solitária e sem amigos, mas logo quando se deu conta que havia um menino de olhos azuis da sua idade e que morava algumas casas da sua, ficou animado. Insistiu por dias seguidos para que sua mãe o deixasse sair para brincar, pois esperava que assim pudesse encontrar o menino que tinha visto antes. Quando finalmente a convenceu, Hawks ficou a tarde toda brincando no pequeno parque que havia no condomínio, mas ninguém apareceu. Dias passaram e ele continuava a brincar sozinho.

Um dia, enquanto se balançava lentamente, viu pelo canto dos olhos o menino que tanto aguardava, entrar no local. O pequeno Dabi se sentou no balanço vazio ao seu lado e deu um pequeno impulso para que o brinquedo se movimentasse, mas para a surpresa de Keigo o outro tinha muitas lágrimas escorrendo por seu rosto. Takami se levantou e parou o balanço alheio, quando o outro garoto o olhou, o loiro percebeu que ele tinha os olhos vermelhos e inchados, como se estivesse chorando por muito tempo. Hawks quis chorar também, mas se segurou e fez com o menino o que sua mãe fazia quando ele estava triste, abraçou o outro o mais forte que conseguia. Depois daquela tarde, Dabi nunca mais voltou ao parque.

Um outro trovão ressoou e dessa vez o loiro se assustou e sobressaltou um pouco da poltrona, Dabi abriu levemente os olhos e o encarou. Keigo desviou o olhar e voltou a encarar a chuva, franzia o cenho confuso com as memórias tão antigas que brotaram em seu pensamento tão repentinamente, por que estaria lembrando daquilo? Voltou a olhar para o Todoroki deitado ao lado, ele mantinha os olhos fechados e permanecia imóvel, "calado ele é um poeta" Hawks pensou e riu nasalado com sua constatação.

— Do que você está rindo? — Dabi tinha os olhos abertos novamente e o encarava.

— Nada.

— Sabe... — O moreno olhou de soslaio. — Muitas outras pessoas estariam felizes se estivessem presas comigo.

— Ainda bem que eu tenho todos os neurônios, porque essas pessoas pelo visto não têm.

— Com esse seu cérebro de passarinho, duvido que alguma vez algo funcionou dentro da sua cabeça.

— Você não fala nada que preste 'né'. — O outro disse revirando os olhos.

Keigo encarou a escuridão da casa, a memória antiga ainda bagunçando seus pensamentos. Estava sozinho em sua casa com o outro para fazer um trabalho de faculdade, a última vez que passaram tanto tempo juntos e sozinhos, foi no parque. Ele havia sido incapaz de esquecer a intensidade e tristeza daqueles olhos azuis. Takami lembra de tentar se aproximar de Dabi de diversas maneiras depois daquele dia e ao decorrer dos anos, mas sempre era ignorado. O loiro sentia que incomodava ao outro e não entendia, sempre havia sido atencioso com todos. Mas com o passar do tempo, aquele azul foi ficando mais duro e gélido, Hawks não sabia mais se encontraria aqueles sentimentos de novo. Então, ele passou a responder o outro com a mesma antipatia e piadas que recebia e passaram a ser considerados quase inimigos pelos corredores da faculdade.

— Acho que a chuva não está tão ruim assim e eu consigo correr até minha casa. — Dabi falou, quebrando o silêncio de repente.

— Se você não liga de ficar encharcado, e conseguir não ser levado pela ventania e ainda tiver visão noturna, acho que você realmente chega em casa sem problemas.

O moreno se levantou do sofá, recolheu seu notebook e seu material para colocar na mochila. Keigo observou quietamente, viu o outro lentamente jogar a cabeça para trás, como se ponderasse algo. Ele então voltou a sentar-se no sofá, dessa vez virado para poltrona onde o loiro se encontrava e em seus lábios havia um sorriso de canto extremamente travesso. Hawks sabia que nada de bom viria daquela boca.

— Posso corromper vossa pureza?

Hawks imediatamente arregalou os olhos, o ar pareceu sumir do ambiente e ele se engasgou com sua respiração. Sentiu arder da ponta do pé até o topo da cabeça, processando letra a letra para então formar a frase que o rapaz havia dito e ainda assim não havia entendido, "o que diabos ele quis dizer?". Dabi mais uma vez inclinou a cabeça para trás, mas dessa vez tinha a boca aberta e uma gargalhada alta e melódica saía de sua garganta, ele tinha a mão direita em cima de seu coração e a esquerda batia repetidamente em sua perna. Hawks o encarava, atônito e novamente perdido.

— Nossa, cara, você 'tá' vermelho demais! Eu queria poder filmar sua reação.

Hawks, em um instinto de fúria e vergonha, lhe lançou uma almofada com força e Dabi não conseguiu revidar, atingindo diretamente sua face. Quando a almofada deslizou pelo seu colo, o mesmo sorriso travesso de antes voltou a brotar naqueles lábios.

— Não é nada que essa sua cabeça maliciosa está pensando. É outro tipo de pureza sua que eu quero corromper.

— Vai se foder, Dabi, fala logo.

— 'Bora' fumar um?

Dessa vez, Hawks é quem deu um sorriso travesso e o encarou com malícia, para respondê-lo:

— Se você esperava ser "meu primeiro", sinto muito te desapontar.


《Notas da autora》

Então, eu não faço a mínima ideia do que estou fazendo! Tecnicamente, é minha primeira fic e nem era para ser uma fic, um dia eu só sentei e escrevi. Mas é que eu estou viciada em DabiHawks e acho eles perfeitos para desenvolver alguns assuntos que acho extremamente necessários.

Enfim, desculpa qualquer erro e espero que ngm tenha achado que foi tempo perdido. Talvez eu volte...

Deep thoughts 《Dabihawks》Onde histórias criam vida. Descubra agora