O chão de mármore branco era gelado e quase fazia os dedos de Hawks congelarem com o contato, sua outra mão estava à altura da boca segurando o baseado enquanto puxava longamente o conteúdo, a fumaça parecia dançar por todo o caminho da sua boca até os pulmões e Hawks se sentia mais leve. Expulsou calmamente o ar de dentro de si e resolveu passar à frente o baseado. Só então notou que Dabi o encarava boquiaberta e com os olhos levemente arregalados, parecia genuinamente surpreso.
— O que foi? — disse Hawks enquanto entregava o baseado para o outro.
— Realmente não é a primeira vez que você fuma...
— Sim, eu te disse isso.
— É, mas eu pensei que fosse mentira, você sempre foi o cara certinho e bom exemplo.
— As coisas tendem muito a não ser o que parecem.
Dabi e Hawks se encaram então por um longo momento, talvez ambos estivessem medindo o peso daquelas palavras ou talvez só estivessem chapados demais, "eu 'to' doido demais, é isso", Hawks pensou. Só poderia ser isso, se não, por que ele diria uma frase daquela como se ele quisesse dizer algo mais? Ele não queria falar nada, muito menos para o estranho que Dabi era para si.
Toda aquela noite já estava esquisita demais, estava nesse momento se drogando com alguém que ele nunca foi próximo e no meio de uma tempestade que mais parecia o fim do mundo e tudo isso em plena escuridão e ainda sozinhos. Takami sempre se achou que era atraído para coisas estranhas e aleatórias, não achava que tinha muita sorte na vida. Esse dia só confirmava isso.
— Essa tempestade parece que nunca tem fim... — Disse Hawks, com os olhos semiabertos encarando a grande janela.
— Você sabia que a maioria dos furacões tem nome feminino? — O moreno disse, sem mais nem menos.
— Eu nunca tinha pensando nisso... Mas por que será?
Hawks virou seu corpo de lado no chão, colocou o cotovelo sobre o sofá e apoiou o rosto em sua mão direita.
— Isso acontece desde a Segunda Guerra Mundial, o exército norte-americano começou a batizar as tempestades com nomes de pessoas. Eles preferiam escolher nomes das suas namoradas, esposas ou mães.
— Não me surpreende isso ser ideia de americano. — O loiro disse e riu nasalado enquanto balançava a cabeça negativamente. — Por falar em Segunda Guerra, você sabia que os cachorros utilizados na guerra eram chamados de cãobatentes?
— Nem fodendo! — Disse Dabi, enquanto caía na gargalhada. — Isso é sério?
— Não sei, mas seria uma ótima ideia. — disse e sorriu largamente, mas logo caiu na gargalhada junto ao outro.
— Ok, lá vai uma curiosidade inútil que eu ouvi e não lembro se é real. — Dabi disse, assim que se recuperou das risadas. — A NASA renomeou os tamanhos dos pinicos porque os astronautas se recusavam a escolher o tamanho mais adequado. Em vez de pequeno, médio e grande, eles foram chamados de grande, gigante e enorme
— Nossa, essa foi 'de fude' hein — Keigo dizia enquanto enxugava as lágrimas de tanto rir. — Minha vez. Freud acreditava que a cocaína era um remédio para alguns distúrbios e receitava para seus pacientes.
•••
Dabi e Hawks passaram horas conversando sobre curiosidades inúteis e coisas que eles tinham ouvido falar e não sabiam a procedência, riram tanto que agora estavam sóbrios e famintos. Estavam com seus celulares apontados para o teto em cima do balcão da cozinha enquanto preparavam um sanduíche para matar a fome.
Keigo observava o outro pelo canto do olho, ele passava calmamente uma pasta de nozes nas torradas e colocava em um prato, o loiro pensou que ele parecia alguém calmo demais para a presença impactante e problemática que o moreno sempre demonstrava pelos corredores da faculdade. Jamais imaginou rir até sua barriga doer juntamente ao outro. Terminaram de aprontar o lanche e se sentaram à mesa, com silêncio os acompanhando todo esse tempo.
Quando acabou de comer, o Todoroki se levantou e se aproximou da janela, notando que finalmente a chuva havia diminuído consideravelmente e os ventos cessaram.
— Hora de ir embora. — Ele anunciou.
Dabi caminhou de volta à sala, pegou sua mochila e pôs nas costas. Quando se virou para ir em direção a porta, o loiro parou à sua frente e o entregou um guarda-chuva e então disse:
— Vamos ter que marcar de novo para terminar o trabalho, já que a falta de luz ferrou com tudo.
— Claro, passarinho, a gente pode marcar o que você quiser. — disse enquanto sorria maliciosamente, como sempre.
Hawks revirou os olhos e abriu a porta para que Dabi saísse. O moreno poderia até, de fato, ser alguém calmo em seu comportamento, mas aquela boca definitivamente tirava toda a calmaria do local com seu cinismo, piadas de duplo sentido e sorriso malicioso. Viu a figura do outro desaparecer no breu enquanto corria em direção a sua casa, então mais uma vez pensou "nada de bom vem daquela boca".
Dabi correu apressado até em casa, ao chegar, tirou o tênis encharcado e subiu as escadas em direção ao seu quarto. Lá, ele se sentou no parapeito da janela e retirou o maço de cigarro do bolso de trás, tragou para ascender enquanto observava a escuridão do bairro. Ele cuspia a fumaça, enquanto refletia sobre o dia e pensava que, de fato, nem tudo era o que aparentava ser.
《Notas da autora》
Primeiramente, queria dizer que fiquei bastante encantada com o retorno de vocês e queria agradecer o carinho de cada um que me incentivou no cap anterior, fiquei boiola demais!
Segundamente, eu ainda não sei o que estou fazendo kgndedk mas permaneço com a vontade de dizer um monte de coisas. Desculpem qualquer errinho na edição e espero que tenham gostado.Dúvidas, sugestões, reclamações e elogios, podem deixar aqui (o elogio com certeza aqui!) ou no meu twitter que é @ ninettailsp.s: até onde vai minha criatividade com os títulos *alguma coisa* thoughts?
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Deep thoughts 《Dabihawks》
FanfictionDabi e Hawks trilhavam diferentes caminhos, mas irão descobrir que desejam o mesmo objetivo: alguém que não tivesse medo da tempestade que carregavam dentro de si. Pois eles não eram o piloto. Não eram o passageiro, não eram o pedestre. Eles eram o...