Capítulo 4

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| Essa com certeza é uma das músicas que mais definem a Any dessa fic. Ouçam <3 |


Any

Quando Josh me trouxe para o seu apartamento eu sabia que ele estava tentando me ajudar de alguma maneira. As coisas que disse para ele no elevador saíram da minha boca sem que eu pudesse controlar. Agora ele sabia mais sobre o que se passa na minha cabeça do que qualquer outra pessoa na minha vida. Ainda não decidi se isso é algo bom ou ruim, mas sei que é difícil esconder algum sentimento de Josh.

Ele é aquele estranho no ponto de ônibus que te pergunta um simples "tudo bem?" e quando você se da conta já está chorando no seu ombro e contando tudo da sua vida desde quando nasceu.

De qualquer maneira, uma parte de mim tenta insistentemente me convencer de que posso confiar em Josh. Porém, não vou ceder tão facilmente. Sei que ele tenta, mas é impossível trazer a Any feliz de volta. A Any que confiava nas pessoas. A Any que não tinha tanto medo de ser machucada.

Quando entramos no apartamento de Josh era como se tivesse mergulhado nele. Tudo lá era tão...ele.
As paredes tinham cores claras, tudo era organizado e aconchegante. A primeira coisa que notei foi seu violão no sofá da sala e algumas folhas espalhadas no chão, ele devia estar compondo antes de sair de casa.

- Lar doce lar - ele disse pendurando suas chaves.

- Quem mora aqui? Uma mulher de 30 anos? - é óbvio que não perderia uma oportunidade de zoar com a cara dele.

- Muito engraçadinha - ele diz tirando seus tênis.

- É sério, Josh. Você tem um porta chaves, cara. Que pessoa de 22 anos tem isso?

- Em minha defesa, isso foi um presente da minha mãe ok?

Sorri para ele. Sempre adorei esse jogo que eu e Josh temos. Eu implico com ele propositalmente, ele revira os olhos me achando infantil, mas no fundo sei que ele se diverte. Certas coisas nunca mudam.

Estranhamente me sinto confortável por estar no "lugar" dele. Me sinto vulnerável, só que não no sentido ruim. Pela primeira vez parece seguro me desarmar. A partir de agora vou chamar isso de "efeito Josh". É um bom nome.

Ele fez sinal com a cabeça para que eu o seguisse e eu o fiz. Fomos até seu quarto.

Se eu achava que o restante do apartamento era a cara dele eu estava me precipitando. Uma das paredes do seu quarto era inteiramente feita de colagens, letras dos maiores clássicos, algumas fotos em preto e branco dos maiores músicos da história, filmes e desenhos, e até algumas pinturas que possuíam a assinatura de Sina embaixo. Na escrivaninha ao lado de sua cama haviam dois porta-retratos, um de toda a sua família reunida em frente a uma linda casa no Canadá, e em outro uma foto do 2° ano do ensino médio, eu estava nela junto com todos os nossos amigos em Venice Beach. Ali eu vi duas coisas que não tenho mais. Uma família e meus amigos.

- Quero que durma aqui hoje - Josh disse enquanto arrumava sua cama.

- Ok - eu disse ainda admirada com a nostalgia que aquela foto me trazia. Eles deixavam minha vida melhor, deixavam tudo colorido, e eu abri mão disso.

- Sentimos sua falta - ele disse vindo ao meu lado e observando a fotografia junto a mim.

- Eu não fui a lugar algum.

Certamente não era uma total verdade. Eu poderia continuar aqui, mas eu e meus amigos sabemos como as coisas se tornaram difíceis. Como eu tornei tudo difícil. Às vezes imagino como foi para eles. Eu simplesmente os excluí da minha vida, deixei eles de lado de uma hora pra outra. Não deveria ter sido assim.

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