Pânico

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- Nat, Nat, acorda amor - ouvia sua voz em plano de fundo - amor, acorda
Abro meus olhos e dou um pulo na própria cama. Minhas mãos tremem, lágrimas violentas caem de meus olhos e calafrios percorrem meu corpo. Estou atordoada, confusa; tudo gira como um loop eterno; tento falar, mas não consigo até me forçar e conseguir.
- eu os vi, Steve, eles estavam la - falei ainda transtornada
- calma, não precisa falar disso agora, vem cá - ele foi me puxar para um abraço - acho que você está com febre, por que não me disse que estava doente?
- eu - não sabia que estava doente - eu não sabia que estava, deve ser impressão sua, eu estava embaixo de cobertas, deve ser por isso
- amor você tem passado muito estresse ultimamente, você não acha que seria melhor procurar ajuda - ele disse acariciando meu cabelo
- você deve achar que eu sou doida, né ? Sou problemática! Que eu, a pessoa que matou os amigos está tendo problemas de culpa! - falei tendo uma crise de choro
- eu não acho nada disso! - ele falou me abraçando - o que aconteceu com os meninos foi uma fatalidade, não foi sua culpa e nunca mais pense em falar que você os matou - falou ainda me abraçando - não quero ver você nesse estado, amor! Você está nesse estado porque está guardando tudo para você. Não gosto de te ver assim
- mas Steve, fui eu! - comecei a ficar muito nervosa - se eu não tivesse atendido a merda do telefone, ou se eu não tivesse levado o Bucky com a gente talvez eles ainda estivessem bem! - falei muito rápido, minha respiração estava desregulada, minha vista turva e eu tremia mais que um Pintcher- eu os matei Steve, eu sou uma assassina - falei no impulso
- VOCÊ NÃO É UMA ASSASSINA! - ele gritou
Senti meu estômago revirar, levantei e fui para o banheiro. Levantei a tampa do vaso, mas tudo que saiu foi uma ânsia em si.
Steve veio logo atrás de mim, me levantou e perguntou se estava tudo bem. E se antes eu estava em desespero agora eu estava em pânico, uma forte dor subiu em meu peito e jurava que iria morrer, tentei puxar o ar, mas nada vinha
- ar - foi a única coisa que eu disse
Eu não respirava, eu puxava com toda força mas nada saia. Steve se desesperou, me colocou no chão apoiada contra a parede do banheiro e falava algumas coisas, que ao meu ver, eram sem sentido. Vendo que ele não conseguiria me acalmar com o que estava fazendo pegou o celular e colocou no viva voz enquanto tentava, mais uma vez, me acalmar
- atende logo, porra! - Steve falou - amor se acalma tenta respirar
A cada instante ficava mais difícil de pegar ar
- oi Steve - uma voz falou, uma voz conhecida
- aí Wanda, graças que você atendeu - ele disse - a Natasha, eu preciso de sua ajuda ela não está respirando, acho que ela está tendo ataque de pânico. O que eu faço - ele disse apressado
- foda-se! - ela gritou - se não fosse por ela meu namorado ainda teria um braço e talvez meu primo ainda estivesse vivo - aquelas palavras só fizeram eu me desesperar mais
- Wanda, não diz isso, por favor - ele implora - eu sei que você está sofrendo, mas vá por mim ela também está! Oque aconteceu ali foi uma fatalidade e que, por uma falta de sorte, a Nat estava no comando
- de água para ela e tente acalma-la, fale algo que te deixa na mesma situação que ela está, mostre a ela que ela não está sozinha - Wanda falou curta e grossa e desligou
Steve me deixou sozinha encostada no chão do banheiro, eu ainda via as coisas como um borrão e aquela dor no peito continuava, suava frio, e depois de alguns instantes voltou com um copo de água na mão e me deu
- eu tenho medo de não ser suficiente para você. De te perder. Por favor! Pense em que já aconteceu com a gente! Lembra de quando eu te pedi em namoro - ele acariciou minha bochecha
Depois de quase trinta minutos passados minha respiração voltou ao compasse e eu estava me acalmando. Ele me abraçava de forma calorosa, ambos encostados na parade do banheiro. Ele me pegou no colo e me colocou na cama, fazia carinho no meu cabelo e sua outra mão passava em minhas costas.
Uma parte de mim estava exausta, mas a outra parte não! A outra parte, por mais que Steve não tivesse percebido, ouviu tudo que Wanda disse: " talvez meu primo não estivesse morto"; " meu namorado não teria perdido o braço" . Tudo isso rodava a minha mente, juntando com o que a Laura me disse; eu cada vez mais acreditava nisso
Com ia olhar na cara de todos quando voltasse a trabalhar ?
Como eu iria em seus funerais?
Será que algum dia iriam me perdoar ?
Foram as últimas questões que pensei antes de me render ao sono

Aquele acidente Onde histórias criam vida. Descubra agora