Culpa

191 14 1
                                    

Acordo, Steve já estava dormindo ao meu lado, olho no relógio e são 3:27 am.
Minhas mãos tremem, estou suada e tenho uma enorme vontade de chorar. Decido correr para o banheiro antes que eu acordasse o Steve.
Me tranco no banheiro e sento na parede ao lado da porta e começo a chorar, sinto como se aquela bola estivesse de volta a minha garganta, começo a me desesperar, quero voltar a chorar mas não consigo; quero gritar mas não posso, não quero acordar ninguém; meu peito dói, dói demais é como se estivesse presa em minha própria garganta.
Sem pensar duas vezes abro meu armário do banheiro e encontro uma lamina de gilete. Por mais que muitas pessoas achem frescura pensar nessa hipótese, muitas vezes você se sente encurralado, não vejo isso como uma saída, vejo isso como algo que vai me dar tempo para achar uma saída. Pego a lâmina e passo em meu pulso que segundos após começa a sangrar, mais do que eu esperava. Arde, arde muito mais do que aquele corte de hoje cedo. Coloco na água e sinto um arrepio em meu corpo e volto a soluçar, que merda eu fiz?
Parou de sangrar e a dor passou, mas eu ainda estou nervosa. Minhas mãos tremem e minha respiração ainda está desregulada. Pego a lâmina e faço outro corte e outro. Limpo ambos e volto a minha cama onde Steve ainda dorme.
Como vou ao trabalho amanhã ? - penso
———-
Meu celular desperta lá pelas 5:30am, me levanto antes de Steve e vou para o banheiro, meu pulso ainda está vermelho de ontem, mas decido ignorar.
Tomo meu banho e faço minhas higienes matinais. Hoje eu vou mais cedo do que ele, já que é meu primeiro dia de volta. Dou um beijo em sua testa e saiu do quarto.
Não tomo café, na verdade nem quero estar indo para lá, mas tenho que ir, afinal trabalho lá.
Chamo um táxi e vou para o escritório.
———-
Meu expediente acabou e eu estou voltando para casa, eu já sabia que seria ruim, mas foi pior. A cada vez que eu saia da minha sala eu era bombardeada por olhares repressores e julgamentos silenciosos. Não tive coragem de almoçar, lá era onde eu e minha equipe nos reuníamos para falar sobre a vida pessoal de cada um, então só em imaginar em entrar lá e eles não estarem comigo doía meu coração. Por isso resolvi pular o almoço e continuar focada nos papéis.
Ao voltar para casa, senti como se um grande peso fosse colocado em minhas costas, não importa o que eu fizesse tudo aquilo que eu estava sentindo não ia embora. Eu até tentei ir hoje na doutora Kidman, mas quando estava prestes a bater na porta algo me dizia que não valia a pena tentar. Então apenas me virei e voltei para vida
Chego em casa e abro a porta com uma angústia preenchendo-me, subo em direção ao meu quarto e me tranco no banheiro uma sensação de pânico se espalha pelo meu corpo e como reflexo e pego a gilete e me corto mais uma vez e isso continua até aquela angústia amenizar.
O sangue pinga em meu chão branco de porcelana, sujando o. Minhas lágrimas caem e logo após alguns minutos aquela sensação volta a surgir. Decido entrar no chuveiro gelado, de roupa e tudo. Não fico melhor, mas a dor é amenizada
Saio do chuveiro e vejo as horas, daqui a pouco o Steve vai chegar. Visto uma blusa preta de mangas compridas e minha calça de moletom azul. Deito na cama, esperando algo acontecer.
Ainda são 7:30pm, mas mesmo assim acabo dormindo

😘✌️
N sei se continuo...

Aquele acidente Onde histórias criam vida. Descubra agora