CAPÍTULO 02

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Alissa

O caminho todo percorrido se resume a nossa conhecida rotina: meu mau humor explícito na minha feição enquanto observo em silêncio a paisagem do lado de fora do vidro recebendo o fraco calor do sol aquecendo meu rosto, e uma luta cerrada entre minhas pálpebras quase ganhando. Ao meu lado, a felicidade ambulante, mantém uma alegria admirável em plena manhã ao som que preenche o interno do carro. Como ele consegue ser tão contente assim eu não sei, mas esse alto astral todo a essa hora é o que atrai o grupo grande de pessoas que estão a nossa volta antes mesmo dele sair do carro. Eu apenas aceno para os seus amigos do time e sigo andando pelo estacionamento.

- Hey, delícia. - Me viro para o lado e lá está minha única amiga do sexo feminino. Todas as outras eu considero como conhecidas, amiga é uma palavra muito complexa e intensa para sair por aí distribuindo para as pessoas.

Hope me abraça e eu não entendo como as pessoas podem ser tão felizes pela manhã, ou como eu posso ser tão rabugenta logo cedo. Ela me estende um copo do Starbucks e eu bebo um gole da bebida quente sentindo o gosto doce e delicioso do chocolate fumegante.

- Bom dia, gatinha. - murmuro e me deixo ser levada por ela que logo passa o seu braço sobre o meu e me puxa.

- Já disse o quanto você parece uma sonâmbula todas as manhãs? - ela comenta e da uma risada, pega o copo da minha mão e bebe.

Hope com seu cabelo loiro acobreado alguns tons distante do ruivo, e com olhos cheios de melanina é uma das garotas mais belas que eu conheço, mas suas características físicas não são mais bonitas do que seu interior. Ela é tão o perfil de amizade que todos deveriam estar a procura. Eu não tenho outras amigas, mas sinto que ela basta.

- Devo ter ouvido umas quatro ou cinco vezes só essa semana e isso que hoje é só quarta-feira. - retruco e ela ri.

- Refeitório ou arquibancadas? - ela questiona.

- Com toda a certeza sol! - respondo. E ela nos direciona pelo corredor vasto da escola. No refeitório normalmente se encontra os populares e/ou aqueles que adoram uma algazarra como Jace e seus amigos do time, e nós temos educação física no primeiro.

Hope e eu nos sentamos no alto da arquibancada e só então percebo que estávamos sendo seguidas. Jace e seus amigos do time -e algumas garotas da torcida- se acomodam ao nosso redor, eles são tão barulhentos que tenho vontade de gritar para todo mundo calar a boca, a bebida quente pode ter afastando um pouco da minha irritação matinal mas ainda estou com sono e isso é uma merda. Droga! A biblioteca era a melhor opção.

Hope, desinibida do jeito que é, logo se enfia nas conversas de três garotas e eu fico me perguntando como posso ser tão anti-social. Estudo nessa escola bem antes de Jace, e enquanto conheço todos mas só converso com Hope, ele é amigo até mesmo do pessoal do terceirão e dos professores e se bobear do pessoal da direção. Ele é sempre muito simpático e bajulador com todo mundo e sai cumprimentando até quem nem conhece o que me deixa intrigada. Jace diz que sou uma chata mal educada por não cumprimentar pessoas desconhecidas mas na verdade, ele que é bem estranho pois é a única pessoa que conheço tão receptivo com o mundo.

- Você vai na festa da Chloe? - questiona minha amiga e as duas meninas que conversavam com ela me olham à espera de uma resposta.

Balanço a cabeça, negando. Eu nem sei quem é Chloe.

- Ela vai. - diz Hope para as meninas.

Estreito meu olhar pra ela, mas estou tão preguiçosa ainda que nem me dou o trabalho em retrucar. É claro que eu não vou. A idéia de participar de uma festa me parece legal, mas só de pensar em estar em um local diferente com adolescentes sem adultos por perto e muita bebida alcoólica me dá calafrios. Não que eu tenha presenciado de perto alguma vez, eu nunca fui em uma festa de alguém da escola antes, ano passado Jace frequentou exatamente todas e eu apenas fiquei em casa com a minha tia assistindo à seriados e bebendo chocolate quente.

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