CAPÍTULO 03

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Jace

Quando chego em casa o céu está começando a escurecer, Alissa está sentada no sofá abraçando as pernas com os olhos vidrados na teve onde passa um filme infantil. Uma eterna criança!
Ela me olha enquanto fecho a porta e eu reviro seu cabelo antes de seguir para o meu quarto, jogo minha mochila no chão e procuro por uma roupa confortável -calça de moletom e camisa-.

Estou cansado do dia e aborrecido com as ligações da minha mãe, ela ainda não consegue superar o fato de eu estar morando sozinho e também não gosta que eu tenha um emprego, porque -segundo ela- nossa família tem dinheiro o suficiente para que meus irmãos e eu não precisemos nos preocupar até a faculdade. Não preciso nem dizer que eu odeio esse pensamento dela. Ela acha que, com o meu emprego de poucas horas, eu não consiga conciliar com os estudos e com o lacrosse.
Meu pai mantém as coisas no lugar, ele também acha que eu deveria morar sozinho apenas quando completasse maior idade mas ao contrário de minha mãe, ele me apoia nas minhas decisões. Mesmo que as vezes ele tenha vontade de não concordar, ainda assim, ele me apoia.
E morar com Alissa e ao lado da tia dela faz as coisas serem melhores para o meu lado.
Minha mãe adora comandar as coisas, ela ama dar ordens e fazer com que as pessoas a obedeçam, eu tenho dó do meu irmão mais novo.
Eu estava cansado de seus mandamentos, mas não queria ir morar com meu pai para fazê-la se sentir como se eu tivesse a abandonado. Eles são separados à quatro anos, e sempre quando eu ou meus irmãos elogiavamos meu pai ela ficava amarga soltando argumentos venenosos, mesmo que eles tenham se divorciado na boa. Ela ainda assim não aceita o fato de ele ter a deixado.
Minha irmã mais velha, Katherine, mora com meu cunhado e minha sobrinha alguns minutos longe daqui e mesmo que ela tenha 24 anos, minha odeia que ela tenha ido embora -tão cedo, nas palavras dela-.
Ela acha que vai acontecer o mesmo comigo e com Alissa, que eu vá ter um relacionamento com ela e que não volte nunca mais pra casa e isso vem a matando. Ela gosta de Alissa, apenas é possessiva quanto ao fato de nós estarmos morando juntos, mesmo que eu tenha dito um milhão de vezes que somos só amigos.
Prometi ao meu pai que voltaria pra casa assim que minha mãe deixasse todo aquele posto de mandona, o que não aconteceu ainda. E eu não me sinto pronto pra voltar pra casa, me sinto mais confortável morando com Alissa no nosso apartamento do que na casa da qual eu vivi desde que nasci.

Depois de tomar banho e ajeitar todas as minhas coisas, ignorando totalmente os trabalhos escolares, me junto a Alissa que ainda assiste desenho. Ela se senta de frente pra mim e cruza as pernas em cima do sofá. Mantenho minha atenção nela porque sei que quer conversar.

- Sua mãe me ligou de tarde. - diz ela e eu reviro os olhos, e encaro a TV.

- É. - resmungo. - Ela me ligou também. Diversas vezes.

Alissa suspira e eu a olho.

- Ela me disse que está se sentindo sozinha. - ela tem o semblante triste.

- Isso é só uma desculpa para eu voltar para casa.

- Não, Jace. - ela retruca com a voz e a feição chateada. - Ela sente a sua falta e é difícil pra ela ficar sozinha com seu irmão o tempo todo.

É a minha vez de suspirar.

- Eu sei, Aly. Mas o que eu posso fazer? - Não me preocupo em esconder minha mágoa. - Eu sinto falta dela também e me sinto mal por ela só ter o Ben para conversar, mas eu gosto de ter a minha liberdade, entende? Ela é como uma general!

Ela assente.

- Mas se ao menos você pudesse visitá-la mais vezes. - ela sugere e eu estreito meu olhar para ela.

- E escutar ela resmungando e reclamando sobre minhas decisões até eu sair bravo e ela ligar pro meu pai dizendo que eu a fiz chorar? - resmungo e ela balança a cabeça.

- Eu me sinto mal quando ela diz se sentir sozinha.

Ela parece querer chorar e eu sei que está lembrando da mãe dela.

- Se eu tivesse a minha mãe, eu faria isso por ela. Aceitaria as ordens. - ela continua. - Fico triste por sua mãe.

Jogo minha cabeça pra trás no sofá. Eu entendo o que ela quer dizer, mas tudo seria menos frustrante se minha mãe não fosse tão mandona.

- É complicado, Alie. A situação é diferente. Não adianta eu voltar só por sentir pena e me sentir mal e ela voltar a querer me fazer de fantoche. Eu não quero seguir as regras dela e fazer tudo que ela quer, eu quero fazer o que sentir vontade. Além do mais, Ben adora uma conversa, ela não deve se sentir tão sozinha assim.

Ela suspira.

- Seu irmão sente a sua falta também.

- Eu sei, Alissa. Eu também gostaria de vê-lo mais vezes, mas minha mãe não colabora.

Ela se joga pra trás no sofá.

- Isso é tão frustrante. - ela resmunga.

- Não fica pensando muito sobre isso. - me deito por cima dela me apoiando nas mãos e toco sua boca em um beijo casto. - Eu vou dar um jeito. Ela só liga pra você porque acha que vai me fazer mudar de idéia, uma hora ela desiste.

- E quanto ao Ben? - Ela questiona de modo zangado.

- Eu vou conversar com minha mãe amanhã.

Me levanto e bem na hora a campainha toca. Reviro os olhos já sabendo de quem se tratava.

Olívia, Seth, Cameron e Tyler entram nessa ordem, fazendo a maior bagunça. Fecho a porta e me viro para eles que não perdem tempo em retirar as bebidas alcoólicas da sacola e distribuem sobre a mesa de centro da sala, eles se acomodam pelos assentos e começam a falar uns por cima dos outros como sempre.
Da última vez que eles nos visitaram tivemos muitas queixas sobre a algazarra que fizeram, e Alissa e eu ficamos bem envergonhados com isso, foi uma cena bem constrangedora apesar da educação dos vizinhos. Não preciso dizer para que falarem baixo pois Olívia praticamente ordena para que eles façam menos barulho e por incrível que pareça eles obedecem.

- Nem chegou sexta-feira e vocês já querem ressacas? - questiono, me sentando no braço do sofá.

- É apenas para relaxar e espairecer. - diz Tyler, e pelo que eu me lembre, sua única preocupação é o time. Deve ser isso que arranca a risada da galera.

- Isso aqui não é nem de longe o que estamos acostumados. - diz Seth. - Devíamos ter pego mais.

- Ressaca em pleno dia de semana, cara? - replica Cameron. - Estou fora. Vamos apenas beber um pouco.

- A gente devia jogar eu nunca. - Tyler sugere e uma vaia coletiva rompe a sala. Da última vez que jogamos isso na festa de Conrad deu tanta merda alheia que as meninas pegaram ranço de bebidas alcoólicas.

Tyler, Cameron e Seth bebem tudo que trouxeram, eles tentam me fazer beber também mas fico de fora. Alissa fecha os olhos várias vezes quase dormindo sentada, e Cam tenta convencê-la à ir dormir mas ela nega sentir sono -o que todos sabemos que é mentira-. Eu levo meus amigos até lá embaixo, espero eles entrarem de modo bizarro no carro de Cam -que deve ser o único sóbrio dentre os três- e subo as escadas. Quando entro no apartamento, Alissa está dormindo no sofá, acordo ela para ir pro quarto, e limpo a pequena bagunça que se resume à embalagens, garrafas e latas, me dirijo ao meu quarto e pego no sono bem rápido.

[...]

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