Capítulo 21

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O que é que acabou de acontecer?

O Dylan tem uma namorada?

Não pode ser verdade, pois não?

Ele não me enganaria dessa forma...

Mas, se calhar, a culpa é minha... Fui eu quem o beijou, não o contrário.

Eu achei que ele gostava de mim.
Mas, se calhar, só estava a confundir tudo. A pensar no passado.

Passaram-se 15 anos. Não podia esperar que ele ainda estivesse interessado em mim, que nunca tivesse namorado com ninguém, que tal como eu, não tivesse seguido com a sua vida amorosa para a frente.

Será que naqueles dias em que ficava a trabalhar ou quando ia visitar os pais, na verdade estava com ela?

Ele mentiu-me, sobre tudo.

Não sei bem como é que consegui chegar a casa.

Sento-me no sofá e a única coisa que consigo fazer é chorar.

Como é que isto foi acontecer?

Como é que eu vou trabalhar amanhã, estar com a Shell, que namora com o Tyler, que vive com o Dylan.

Ela estava na casa deles. O Tyler sabia de tudo e nunca me disse.
Ele deu-me a entender que o Dylan gostava de mim. Que nunca tinha gostado de mais ninguém.

Mentiram-me os dois?

Porquê?

Oiço alguém bater à porta, mas não consigo reagir.

A pessoa volta a bater.

Holland, sou eu, o Tyler - diz - estás aí? Por favor, dá-me um sinal de que estás aí

Vai-te embora - peço

Holly, eu sei que esta situação é uma confusão, e deves estar a pensar que te menti este tempo todo... mas a verdade é que o Dylan gosta mesmo de ti, por favor acredita em mim - pede - dá-lhe uma chance para falar contigo e explicar-te tudo...

Ganho coragem para abrir a porta e olho para o Tyler, com lagrimas a escorrer pelo rosto.

Odeio ver-vos assim... - abraça-me apertado

Ver-vos...

Prometes-me que lhe dás uma hipótese de falar contigo? - pede

Tyler... - suspiro

Pensa nisso, ok? - pede - precisas de alguma coisa? Queres que eu peça à Shell para vir ter contigo?

Não... eu quero estar sozinha - peço - obrigado

Se precisares, diz - beija-me a testa

Dou um pequeno sorriso e vejo-o ir embora.

Se já estava confusa, fiquei mais ainda.

Preparo-me para ir para a cama.
Dói-me imenso a cabeça por tanto ter chorado.

Deito-me e a minha mente parece uma montanha russa de flashbacks.
Os excelentes momentos que passámos juntos, o nosso beijo, a Crystal.
As palavras do Tyler...

Haverá uma explicação válida para isto?

Haverá uma hipótese de o perdoar?

Acabo por adormecer de exaustão.

Quando oiço o despertador, não consigo abrir os olhos.
A minha cabeça parece que vai explodir.
Hoje vou precisar dos óculos.

Arrasto-me da cama, ao fim do despertador tocar pelo menos 3 vezes.

Não me apetece fazer o meu exercício matinal e limito-me a ir tomar banho.

As crianças não têm culpa da situação em que estou, por isso esforço-me para ter pelo menos uma boa aparência.

Pego uma barra de cereais e faço café.
Estou atrasada, por isso, em vez de ir ao Starbucks, faço o meu café e coloco num termo.

Ando até à escola e tento entrar discretamente na sala de professores.

Bom dia Holland - diz Shell

Hey - digo, bebericando o meu café

Estás bem? - pergunta

O Tyler contou-te - digo

Na verdade, chegámos a casa deles e o Dylan estava trancado no quarto. Não saiu a noite inteira e mal respondeu ao Tyler... - explica

Assento em silêncio.

Shell abraça-me, respeitando o meu silêncio.

Abraço-a e esforço-me para não abrir a torneira do choro.

Tenho de ir - digo afastando-me

Se precisares de alguma coisa diz - Shell dá um pequeno sorriso

Agradeço e saio.

Tentei ao máximo manter-me animada durante as aulas.

O assunto da aula de hoje é o amor.

Que oportuno, não é?

Oiço a perspetiva de cada uma das crianças sobre esta palavra tão usada universalmente.

Uma diz que "é dar o melhor brinquedo a um amigo", outra que "é dar beijinhos", outra que "é uma coisa que os adultos fazem", outra refere que "é oferecer chocolates, flores e ursos de peluches".

Engraçado como todas elas de uma forma geral, entendem o amor como algo que se dá, e não necessariamente algo que se recebe.

Será mesmo assim?

Alguém bate à porta, o que deixa todas as crianças sentadinhas, direitas e comportadas.

Quando abro a porta, vejo um ramo gigante de flores, cobrindo a pessoa que as segura.

AMOR! - gritam as crianças

Adorava dizer que isto foi uma ideia minha, para mostrar às crianças um ato de amor, mas não faço ideia do que se está a passar.

O estafeta entrega as flores e um bilhete.

Foi escrito à mão, e eu conheço a letra.

"Holly, eu sei que neste momento me odeias,
mas dá-me uma chance de te mostrar a verdade.
Hoje, às 20h00, no parque, vou estar à tua espera.

                                                Dylan"

It was always youOnde histórias criam vida. Descubra agora