O dia tem sempre 24 horas.
Mas há 24 horas que parecem mais longas que outras.
E 24 horas transformam-se em 48. E 48 horas transformam-se em 72 horas.Sim, o tempo passa, mas a vida não se resolve à velocidade do tempo.
Há coisas que demoram muito mais a passar.
A felicidade é instantânea, mas a dor é duradoura.
Esta semana tem sido desastrosamente longa.
Chego à escola, falo com a Shell o mínimo possível.
Nenhuma de nós sabe ao certo o que dizer.Temos as primeiras aulas da manhã e almoçamos juntas.
Durante o almoço conversamos um pouco sobre como foi a noite anterior na companhia do Tyler.Ela esforça-se ao máximo para não referi-lo, e quando inevitavelmente o faz, o ambiente fica momentaneamente tenso.
Tenho aproveitado as minhas noites sozinha em casa para pensar.
Ontem liguei à minha mãe.
Sempre fomos muito próximas e tudo o que eu precisava agora era abraçá-la e ouvir que vai ficar tudo bem.Contei-lhe tudo o que se passou.
A início ficou surpreendida pela forma como o encontrei, mas principalmente por ter mantido segredo durante meses.
Quando lhe contei o que o pai dele fez, no entanto, não despertou qualquer tipo de surpresa.
Ela acha que, mesmo quando éramos crianças, o pai dele já se estava a tornar um homem sem escrúpulos.
Ao saber que a sua melhor amiga de infância estava doente, ela mostrou-se triste.
Acho que ficou com mais vontade de vir a Nova Iorque para a ver, do que para me consolar!
Mas falar com a minha mãe ajudou-me a decidir o que fazer.
Encho a banheira de água e atiro uma bath bomb.
Preciso de relaxar.
Coloco smooth jazz a tocar baixinho. Acendo umas velas. Deito-me na banheira.
Suspiro profundamente.
Fecho os olhos e por uns minutos, paro de pensar.
Na escola. Nos testes para corrigir. O Martin que continua de castigo. A minha mãe, longe, em Nashville. A mãe dele, doente. Ele.Aprecio este momento só meu.
Com uma decisão tomada, sinto-me bem com a minha companhia pela primeira vez em longos dias.
Saio do banho e visto uma camisa de cetim e um roupão a condizer.
Escovo o cabelo e entranço-o.
Está na hora.
Escrevo a mensagem e envio.
"Tomei uma decisão.
Podes vir ter a minha casa para falarmos?" - Holland
Passado cerca de 20 minutos oiço a campainha.
O Dylan, é desajeitado, sempre foi.
Mas hoje?
A camisa de flanela está abotoada duas casas a cima do devido.
O cabelo mais despenteado que o normal e o atacador esquerdo desatado.Mordo os lábios para não me rir. Não seria a atitude apropriada.
Ele olha para mim com um olhar desesperado. Em pânico. Como se a vida dele dependesse da minha decisão.
Olá - corto o silêncio com a voz mais fraca do que o meu cérebro tinha sugerido
Olá... Holland - murmura e dá um pequeno e nervoso sorriso
Abro espaço para ele entrar e fecho a porta.
Dylan olha para mim impaciente.
Queres um café, água, um chá... - pergunto
Um chá parece-me uma boa ideia - diz
Assento e vou fazer o chá.
Enquanto a água aquece, mantemo-nos em silêncio, e o som da nossa respiração profunda torna-se ensurdecedor.
Entrego-lhe a caneca dele e dou um pequeno golo na minha.
Dylan... Eu não consigo perdoar-te - digo
Ele olha para mim e neste momento, deixei de ouvir a sua respiração.
Pelo menos não agora. Não a 100% - digo
Dylan suspira olhando para o seu chá.
Boa, afinal ainda existe ar nos seus pulmões!
Eu percebo... - murmura
Mas...- tento encontrar a melhor forma de expor o que sinto
Os seus olhos brilhantes focam-se nos meus.
Eu prometi que ia visitar a tua mãe e quero cumprir a minha promessa - digo
Tu vais mesmo fazer isso... Por nós? Passar o fim de semana comigo, mesmo odiando-me.... - diz
Dylan, se eu te odiasse era tudo tão mais fácil! - reclamo
Entre aquelas bochechas adoráveis, vejo um sorriso traquina formar-se, revelando a sua perfeita covinha.
Tira esse sorriso. - reclamo
Dylan morde o lábio tentando não rir e bebe um pouco do chá.
Eu vou fazer isto pela tua mãe. E porque o prometi. Apenas por isso - digo
Para mim, isso apenas significa que bem no fundo existe uma possibilidade de me perdoares e pelo menos recuperar a tua amizade - diz - e por mais pequena que ela seja, eu vou aproveita-la
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It was always you
Fanfiction"Dizem que o primeiro amor não se esquece. Para mim isso é só uma mentira de quem não quer seguir em frente." Holland terminou a faculdade e decidiu realizar o seu sonho, ser professora em Nova Iorque. Sozinha na grande cidade, apenas com recordaçõ...