O Porão

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   Seis horas haviam se passado desde que Amelia havia descido ao porão e três desde a última mensagem que ela havia enviado. Sabendo que o melhor não seria esperar, Meredith e Addison montaram uma equipe de busca, que na verdade era apenas elas, Jo e Arizona, as únicas que não estavam trabalhando naquele momento. Foi preciso muita persuasão para convencer Carina e Link a não descer, mas levar os dois apenas complicaria pois eles pensariam com o coração e não o cérebro. Naquele momento era preciso foco e raciocínio lógico, então os parceiros da Shepherd estavam proibidos de ir.

Apreensivas e alertas, as quatro entraram no elevador e Jo aperta o botão que as levaria ao subsolo. Meredith ainda não conseguia compreender o quão inconsequente Amelia era e refletindo disse:

_ Por que você iria investigar um barulho estranho? Ninguém sã faria algo desse tipo.

_ Porque é a Amelia, para ela se você ouvir no meio da noite uma voz chamando seu nome, você deve responder, apenas para ver o que acontece. Juízo não é exatamente a melhor qualidade dela.

Addison respondeu enquanto encarava as portas que as separava de seu inevitável destino quando chegassem ao porão.

O barulho do elevador embora baixo, foi ensurdecedor quando parou no porão. Saindo do caixote de metal, a visão não era das mais agradáveis. Aquele lugar era pouco visitado, também era o depósito do hospital então tudo o que estava quebrado ou não tinha mais utilidade era deixado lá. A manutenção também parecia passar bem longe, se poeira por todos os lados, teias de aranha e o fato das poucas lâmpadas que não estavam quebradas, piscavarem incessantemente em vez de manterem uma luz estática, pudesse ser considerado um sinal. Não havia janelas ou qualquer tipo de ventilação naquela área mas ainda sim era possível sentir um frio clima, o ar por algum motivo era mais difícil de se respirar naquele andar, sem nenhum som ou cheiro, era quase como se todo aquele lugar fosse estéril e vida de qualquer tipo não fosse permitida em suas dependências.

Sentindo aquele estranho clima, a ruiva passou o braço pelos ombros de sua namorada e a trouxe mais para perto de si. Se algo acontecesse a Meredith, Montgomery jamais se perdoaria. Era algo engraçado de se pensar, por anos ela foi casada com Derek, sim ela o amou, mas nada comparado ao que sentia por pela Grey. É como se houvesse sobre ela um feitiço durante todos os anos de sua existência e apenas quando conheceu sua amada ele se quebrou.

Addison não era mais uma humana com sonhos e esperanças, a muito tempo, décadas para falar a verdade e olhando para trás, para esse tempo, a ruiva podia perceber muitas coisas. Desde que se transformou, foi como se tivesse sido jogada em um calabouço, onde a luz não penetrava e a alegria não existisse. Refletindo sobre sua caminha, talvez tivesse sido isso que a levou a se relacionar com o Shepherd, ele parecia a entender, a aceitar e isso é difícil quando ninguém poderia conhecer sua verdadeira natureza ou tentariam matá-la, o fato de Derek também ser sobrenatural fazia com que entendesse isso. Nenhuma das suas interações pode ser real depois que foi transformada, ela sempre tinha que mentir e seus relacionamentos acabavam por ser rasos e vazios, mesmo cercada de pessoas, Addison se sentia solitária. Com Derek era diferente, ele parecia um príncipe encantado, lhe dava carinho, atenção e conforto. Mas os anos foram passando e mesmo ele não podia a tirar daquele lugar onde seu coração se encontrava, a escuridão de Montgomery era algo que ele não poderia domar e nem conseguir salvá-la tirando-a daquele limbo. O relacionamento deles estava fadado ao fracasso pois Derek queria que ela fingisse estar bem mas Addison não aguentava mais fingir isso para as pessoas, muito menos para seu próprio marido.

Então veio Mark, ele era o completo oposto de Derek, ele não tentava salvá-la, estava longe de representar a bondade do mundo, era apenas o Mark. Não lhe entregava um placebo de felicidade como seu marido, era verdadeiro, Sloan a entendia, pois estava no mesmo lugar, entendia o que ser vampiro lhe tornava. Como ela, o medo de perder a humanidade por completo, também o dominava. Se o lobisomem Shepherd era um raio de luz que entrava pelas frestas do calabouço e a permitia sentir, mesmo que pouco, o calor do sol, o vampiro Mark era a manta que lhe aquecia durante as noites.

Seattle Graceful DeathOnde histórias criam vida. Descubra agora