Capítulo 11 - Heart in the mirror

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  ℜ𝔢𝔫𝔡𝔞-𝔰𝔢, 𝔠𝔬𝔪𝔬 𝔢𝔲 𝔪𝔢 𝔯𝔢𝔫𝔡𝔦.
𝔐𝔢𝔯𝔤𝔲𝔩𝔥𝔢 𝔫𝔬 𝔮𝔲𝔢 𝔳𝔬𝔠ê 𝔫ã𝔬 𝔠𝔬𝔫𝔥𝔢𝔠𝔢
𝔠𝔬𝔪𝔬 𝔢𝔲 𝔪𝔢𝔯𝔤𝔲𝔩𝔥𝔢𝔦.
𝔑ã𝔬 𝔰𝔢 𝔭𝔯𝔢𝔬𝔠𝔲𝔭𝔢 𝔢𝔪 𝔢𝔫𝔱𝔢𝔫𝔡𝔢𝔯,
𝔳𝔦𝔳𝔢𝔯 𝔲𝔩𝔱𝔯𝔞𝔭𝔞𝔰𝔰𝔞 𝔮𝔲𝔞𝔩𝔮𝔲𝔢𝔯 𝔢𝔫𝔱𝔢𝔫𝔡𝔦𝔪𝔢𝔫𝔱𝔬.
- Clarice Lispector.

   Faziam dois meses desde que chegamos na Holanda. Lembro-me do dia quando recebemos a nossa carta convite para a entrada nesse país que iria mudar a minha vida para sempre.

   Nós também recebemos uma lista das melhores avaliadas famílias agenciadas ao nosso programa cultural e também sou capaz de relembrar perfeitamente da discussão que Luke e eu tivemos ao escolher a nossa família. Ele queria uma holandesa tradicional, uma mãe, o marido e um casal de filhos, os Svenlar. Mas insisti para escolhermos uma senhora, que apesar dos seus filhos existirem, morava sozinha. Annelise Van Der Dijk.

   Annelise sempre me chamou atenção, não só pela aparência fofa de uma senhora holandesa mas pela carga histórica que tinha acumulado em sua vida, ela era especial e única. Acabamos por escolhê-la e não poderia ter sido melhor.

— Anne! — Harry gritava ao tentar erguê-la.

— Não vamos mexer! A coluna dela — falei.

— Louis, vai no carro e pega meu celular! Liga pra emergência — Harry instruía.

— Qual o número de emergência?

— 112.

   Corri até o carro de Harry, tateei por entre os bancos e achei seu celular. 

— Meu Deus, eu não sei falar holandês! — me desesperei.

— Me dá o celular — ele pediu.

   Ele discou o número de emergência e caminhava ansioso de um lado do hall para o outro, esperando por uma resposta. Quando finalmente o atenderam, não pude deixar de reparar. Harry falava fluentemente um holandês que para mim era perfeito pois eu mal sabia dizer um oi

We hebben een noodgeval — Harry dizia aflito ao telefone.

— O quê? — eu repetia em voz alta à mim mesmo.

   Sei que você deve estar pensando que não é hora para considerações sobre Harry Styles durante esse momento dramático, mas sei que não poderia inserir tal relato em outra situação que não fosse essa. 
   Ele havia me surpreendido além do que eu estava consciente, em níveis que jamais o imaginaria falando holandês, mesmo que isso envolvesse uma situação conflituosa. Deus, eu poderia escrever pergaminhos e mais pergaminhos do quanto você me dominava mesmo sem querer.

— Harry — eu chorava desesperado de joelhos ao seu lado. Nós dois observávamos a expressão neutra de Anne. — E se ela não voltar mais?

— Ela vai ficar bem — ele disse me abraçando. — Anne é forte. 

   E após alguns minutos ali, ouvimos o barulho das sirenes.

— Graças à Deus — falei. — Eles chegaram.

   Eu teria tanto a falar para Anne quando isso tudo estivesse com a maré baixa. Ensaiei meus discursos e promessas repetidas vezes em minha mente que as vezes eu não sabia distinguir a realidade do imaginário. Externei algumas delas em voz alta pois o desespero estava presente, e ele é tão sorrateiro. 

Tulips & Greeks [larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora