Prólogo

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Quando eu gostava da Allura, uma líder de torcida linda e popular, eu achava que eu não podia me apaixonar por alguém "pior". Afinal, ela era "inalcançável", muita areia para o meu caminhãozinho. Eu nunca teria chance com ela.

Isso até eu me apaixonar pelo asiático badboy, emo, solitário e impulsivo que atende pelo nome de Keith Kogane.

Primeiro: somos ambos homens e eu prezava por manter meu posto de cara hétero que flerta com todas as garotas. Sim, eu já sabia que os bis, pans, polis e omnis existiam, mas eu gostava de poder dizer que eu era hétero. Era muito mais cômodo e seguro.

Segundo: o Kogane não tinha a melhor das reputações. Todos o conheciam como o garoto que dirige sem habilitação (apesar de muito bem), que já roubou um carro e que pode te bater tanto que você fica virado do avesso.

     Terceiro: apesar de parecer, eu não tinha certeza de que ele gostava de homens.

Quarto: ele não tinha amigos. Pidge, un amigue meu, também tinha amizade com ele, mas não conversavam tanto. Os professores Shirogane eram os pais adotivos dele, então não contavam. Eu não tinha chance nenhuma de me aproximar dele – muito menos discretamente.

Então, eu fiz o que todo desastre bissexual de 16 anos que não queria sair do armário e estava perdidamente apaixonado por um badboy emburrado e asiático faria: criaria uma rivalidade infantil e encheria o saco dele para ganhar nem que fosse um segundo de sua atenção.

— Disfarça que lá vem o seu Mullet, Lance! — sussurrou Pidge em meu ouvido.

     Kogane entrou na sala sem prestar atenção em ninguém. Vi que ele tinha se dado ao trabalho de fazer um delineado que ficou perfeito nele.

     Mas, como eu disse, eu tinha que ser infantil para conseguir a atenção dele.

— Aqui temos uma rara espécime de "Mullets MCR" com um delineador tão afiado que ele o usa p'ra cortar os pulsos ... porque a vida é tãããão triste e depressiva ... — dramatizei.

     Eu falei que eu era infantil, não falei? Pois é. Se colocassem "infantil" no Google, apareceria a minha foto do lado.

     Um ou dois riram do meu drama. O asiático revirou os olhos com força.

Cresça, McClain.

Nah. — "abanei" com a mão — Daí você vai deixar de parecer um anão e virar uma formiga.

     Vi que ele respirava bem fundo para se acalmar, e eu teria tirado sarro dele por isso se o professor Coran não tivesse chegado.

     "Ele provavelmente te odeia" disse uma voz em minha cabeça.

     Era 99 por cento de certeza de que era verdade (e admitir isso machucava), mas eu não podia me aproximar dele. Se eu o fizesse, não me aguentaria e acabaria me entregando.

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