Adeus, armário escuro e claustrofóbico

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Até hoje, eu não sei se eu estava nervoso pelo que eu faria, se era por ter toda a minha casa bem à minha frente ou se era porquê a minha boca e a do Keith provavelmente estavam vermelhinhas.

Por falar nele, ele estava estancado ao meu lado, segurando minha mão com força para me dar ao apoio. Eu estava muito nervoso com a situação geral para ter um bi panic, mas meu coração ficou mais calmo e quentinho.

Meu pai, minha mãe e minhas irmãs me encaravam com preocupação e curiosidade. Em outras circunstâncias, eu riria ao ver Verônica e Rachel tão perturbadas e vestindo pijamas tão singulares.

Engoli saliva e respirei fundo, não tendo coragem de encarar o quarteto aos olhos.

Voy direto al punto: eu sou bissexual e um colega me expôs no Instagram porquê eu fui ajudar Pidge a vencer numa discussão com ele. ¡Por favor no me odien!

A reação deles foi mais que inesperada.

— EU SABIA!! — berrou Rachel, radiante — DAVA P'RA PEGAR E BRINCAR DE MASSINHA COM A TENSÃO SEXUAL DE VOCÊS DOIS!!

— Não ficou claro como cristal que eu também sou bi? — questionou Rôni logo depois do berro mais vergonhoso que eu já ouvi.

— É por isso que você tava nervoso esses dias? Era medo da nossa reação? — Mamá perguntou, e eu timidamente balancei minha cabeça em afirmação — Ay, mi niño ... vem cá.

Soltei a mão do Kogane e corri para os braços abertos dela. Logo depois, braços mais fortes se juntaram ao agarre.

— Fica tranquilo, Lance. — ouvi Papá falar — Aqui em casa e entre nós, você não vai sofrer por causa disso. Lo prometo.

Rachel e Verônica também se juntaram à nossa pilha de amor. Não lembro da última vez que me senti tão leve.

Depois de alguns minutos, o coreano pingareou para chamar a nossa atenção. Seu rosto era de um vermelho tão vivo que por um segundo achei que ele tinha se cortado. Ajeitou sua postura para finalmente falar alguma coisa.

— Desculpa atrapalhar, mas ... eu queria perguntar uma coisa séria.

Meu pai estreitou os olhos, desconfiado. Minha mãe apertou o abraço, quase me sufocando.

— ...Prossiga.

— ... Eu gostaria de pedir permissão para levar o filho de vocês para sair.

Sério, eu fiquei em choque tantas vezes naquela noite que eu podia mudar o meu nome para Shazan.

— ... Onde?

— Na chácara do meu pai biológico. Lá é bem seguro e não muito longe da cidade. Os meus pais ficariam na casa enquanto estivéssemos lá. — detalhou com a voz firme, mas sem encarar meu pai diretamente — ... Para ser sincero, eu queria levar ele amanhã, porquê é dia dos namorados, mas não seria justo por causa da Verônica finalmente estar aqui e é muito repentino para decidir assim. E entendo se ele não puder sair de casa à noite. E se o Senhor não permitir. E eu acho que eu tô falando demais.

Aqueles foram os segundos mais constrangedores e tensos que já passaram na minha vida toda.

— Verônica, quando que você vai embora amanhã? — questionou Papá, sério.

— ... Umas 5 da tarde.

— Lance. — meu sangue gelou ao ser chamado — ... Você quer sair com ele?

Meu rosto ardeu tanto que pensei estar mergulhado em lava. Assenti com a cabeça. Meu progenitor olhou com intensidade para o pobre e envergonhado coreano.

— Eu deixo. Se o Lance quiser, pode ser amanhã depois que a Rôni for embora. Ele tem que estar aqui em casa até às 9, entendeu!?

— Perfeitamente, Senhor McClain. — sorriu de lado, agradecido — Muito obrigado!

— Bom, está ficando tarde. Preciso terminar de cozinhar. — falou Mamá, virando-se para nosso "convidado" com um sorriso doce — Gostaria de ficar e jantar conosco?

— Gostaria de ficar para sempre e fazer nossa família crescer? — "sugeriu" Rachel.

— E-eu só vou avisar os meus pais. Sabe. P'ra não se preocuparem. — respondeu à primeira pergunta, rindo de nervoso enquanto subia as escadas para ter um pouco de privacidade e colocar a cabeça no lugar.

Apertei os lábios numa linha fina para conter a risada. Senti Papá pondo o braço sobre meus ombros e escutei sua risada.

— Obrigado. Sabe, por não me botar na rua e nem matar o Keith.

— Primeiro, eu nunca te expulsaria de casa. Você é um niño maravilhoso e só quer amar quem ama. — começou, sussurrando a segunda parte ao pé do meu ouvido — E segundo, eu adorei aquele garoto. Ele te ajudar a falar algo que era importante p'ra você e pedir permissão p'ra sair com você não é uma coisa que qualquer um faça.

Sorri bobamente enquanto Papá ria de novo. Não me importei. Estava estupidamente feliz demais para fazê-lo.

O jantar foi agradável. Menos a parte em que Mamá contou algumas histórias engraçadas de quando eu era bebê e o Keith tentava não rir de mim.

     Meus pais adoraram o Keith! (Quer dizer, tem como não gostar dele?) Ficaram comovidos pelo plano de carreira que queria seguir. Não tocaram no assunto dos pais biológicos dele, gastando energia ao fazerem quase um interrogatório sobre como era ter ambos os responsáveis como professores de duas das matérias mais odiadas.

     As coisas estavam acontecendo tão rápido que parecia até fanfic, mas ... elas pareciam mais que certas. Talvez fosse porquê eu demorei dois anos e alguns meses para fazer as coisas acontecerem e o universo quer que eu recupere o tempo perdido com o Keith.

     Eu nunca fui muito racional, então eu decidi seguir o meu coração, e da maneira mais literal e sincera que eu já segui.

     Oye, valeu a pena. ¡Y demasiado!

Correio delator [Klance]Onde histórias criam vida. Descubra agora