"Fogo no parquinho"

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No dia seguinte, eu estava terminando de elaborar meu "plano contra minha saída do armário". (Nome estranho, admito, mas eu gostei!)

Eu havia novamente pedido para Hunk e Pidge (que estava no feminino) para irem na frente, pois eu tinha que encontrar o Kogane para combinar os detalhes do trabalho e fazer minha "oferta de paz".

... Só que eu não fazia a mínima ideia de onde ele lanchava.

Alguns diziam que era na sala dos professores (por conta de seus dois pais), mas não achava provável. Outros diziam que era na biblioteca — e eu conferi que não, até porquê não pode comer ou beber lá.

Também chutavam que era atrás da escola — mas eu nunca iria lá falar com ele! Se alguém visse, talvez pensasse que a gente ia se pegar lá. (Ok. Ok, eu admito que eu queria que fosse verdade, mas não!)

Oiii
O Kogane tá com vc aí atrás da escola
???

Não
Vai fazer o que eu te falei??

Ss
E dei uma incrementada

Uuuuu
Depois me conta

Mais eh craruu
Vc viu ele por aí??
Ñ acho ele

Não
Sorry, Loverboy


Valeu do mesmo jeito
Se cuida 💙

Pode deixar
❤️❤️❤️

"Que gay", penso, soltando uma curta risada.

Voltei para o refeitório, congelando no lugar ao avistar a mesa dos meus amigos: Lotor ria e falava algo para Pidge, que não parecia muito calma.

Sabe aqueles típicos hétero top que são uns lixos e que são populares só por serem capitães de time ou podres de rico? Esse era o Lotor. E eu, particularmente, não achava que ele fosse tão lindo como todos afirmavam.

Corri para a mesa, de cara amarrada.

— (...) Seu pinto caiu hoje, foi?

— Pela última vez ... — começou, e eu podia ver que ela estava por um triz de pular no pescoço dele — ... Eu sou gênero fluido, e não sexo fluido!

— Você poderia deixar a minha amiga em paz, por favor? — pedi, sério.

— Não se preocupe! — "abanou" com a mão, como se nossa raiva em relação a ele fosse fumaça e estivesse tentando dissipa-la — Eu só quero entender o motivo da Katie estar confusa.

"Confuso vai estar você depois que eu esfregar a sua cara no asfalto", pensei. Quase o disse, mas mordi a língua.

— Eu não conheço nenhuma Katie.

— Aceita logo que esse é o nome dela. — pediu com uma cara de tédio.

— Escuta aqui, seu merdinha ... — soquei a mesa, furioso.

— Lance ... — ouvi Hunk sussurrar, assustado.

Sexo não define gênero. E as pessoas mudam de nome quando o do registro os causa desconforto. Então faça o favor de chamar a minha amiga pelo nome social dela!?

— Nem combina com ela!

— O nome "Merda" combina melhor com você, mas nem por isso eu te chamo assim!

É nessas horas que eu odeio não ter um bom filtro no meu cérebro.

Metade das pessoas do refeitório começaram a acompanhar nossa discussão, murmurando "oooooh" e "tomou na jabiraca" e "não deixava" ou até "fogo no parquinho".

O que você disse!?

Se olhares matassem, eu não estaria iluminando o mundo com a minha ilustre e magnífica existência nos dias de hoje.

— Além de transfóbico, ainda é surdo?!

Todo o refeitório deu uma de coruja e virou o pescoço para onde veio a voz.

Sabe quando você tem um crush pesado numa pessoa e pensa "elu não podia ficar mais linde" e, do nada, elu aparece e você fica tipo "cara, como elu ficou ainda mais gostose"?

Foi exatamente isso que aconteceu naquele instante.

Eu não sei exatamente o motivo, mas o Keith fica tão lindo quando irritado! E a jaqueta dele nos ombros, escondendo um pouco aquele uniforme horroroso da Garison? E o cabelo preso num rabo-de-cavalo bagunçado, com fios rebeldes saindo por quase todos os lados?

É. Eu definitivamente não sou hétero. Não com Keith Kogane nesse mundo.

— Não se mete, Japa!

— Eu sou coreano. — corrigiu, chegando perto lentamente, seus olhos tão azuis que pareciam roxos faiscando de fúria — E eu me meto onde eu bem intender. Principalmente se um merdinha fica enchendo o saco dos meus amigos.

— Isso é uma ameaça!? — questionou, pondo-se de frente ao Kogane, que era uns vinte centímetros mais baixo que ele.

Mas nada daquilo intimidou o garoto.

— Não te ameacei. Constatei que eu não deixo que mexam com os meus amigos. Ou tu ' querendo uma desculpa p'ra cair no soco comigo? — alfinetou, estralando os nós dos dedos audivelmente — Certeza que aguenta?

Mais uma onda de "oooooooh" e "vai encarar" e "pega ele, Kogane".

E eu? Me esforçava para não babar no quanto o coreano estava atraente e trancar o leve (astronômico) bi panic que eu estava tendo naquele momento.

Vai ter volta. — grunhiu entredentes, logo se retirando.

— Fogo no parquinhooo! — zoou Pidge, arrancando risadas de nós três.

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