Momento de união

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     Eu mudei drasticamente minha estratégia para ganhar a atenção dele.

     E a gente passou a se dar tão bem em tão pouco tempo que até parecia fanfic de romance gay, ou uma comédia romântica água com açúcar da Netflix.

     Tanto que a gente combinou de estudar depois da aula. E a gente acabou só conversando e rindo pacas.

— (...) Daí ele se tocou que o príncipe era o amor da vida dele e arrastou ele p'ra uma sala lá e eles se pegaram.

— Interessante ...

— Daí o Adam apareceu atrás de mim bem naquela hora.

     Não resisti e comecei a rir. Ele me fuzilou com o olhar, emburrado.

Não tem graça.

— Tem, sim!

Não tem. Principalmente quando quem apareceu foi o Adam. Ele ficou me zoando o mês inteiro.

— Mas não é meio normal duas pessoas se beijarem porquê deu na telha?

     A expressão dele mostrava que alguma coisa na minha lógica não era tão simples quanto eu pensava ser.

— Não quando se é LGBT.

— Você tem dois pais.

— Você entendeu!

     Ele folheou a apostila até achar a página que queria. Parecia irritado. Me senti mal.

— Eu fui idiota?

— ... Não. Acho que não. — suspirou, chateado — Eu só tenho um negócio com demonstrações públicas de afeto depois de umas merdas que aconteceram.

     Puxei minha cadeira mais para perto, fazendo uma cara curiosa. Ele tentou me ignorar, mas percebeu que eu não ia desistir depois de cinco minutos.

— ... Há dois anos e meio atrás, eu tive um crush pesado num cara. Eu tinha acabado de descobrir que eu era gay e tudo o mais. E ... o cara me agarrou na frente da escola toda, como se eu fosse um ninfomaníaco. Acho que eu nunca soquei tanto alguém na minha vida. O diretor me expulsou e nem sei o que aconteceu com o cara.

      Fiquei em silêncio por alguns instantes.

— Que ... ¿cúal es la palabra? Idiota? É! Idiota.

     Peguei ele soltando uma risada nasalada.

— ... Eu já sofri bullying por ser cubano. O pessoal falava que eu era imigrante ilegal e coisas do tipo. — falei, diminuindo o tom para completar — Eu meio que tinha inveja de você por causa disso.

— Inveja de que?

     O tom dele era indignado demais para o meu gosto.

— Você claramente não é branco e não sofria bullying por isso, além de sempre estar no topo. Eu tinha inveja disso.

     Foi a vez dele de ficar quieto. Engoli saliva com dificuldade, sentindo o clima pesar.

— Eu não falando isso p'ra você ficar mal. Eu ... só achei que pudesse ser sincero com você.

— E pode. — garantiu sem me olhar aos olhos — Fica tranquilo.

     Mais silêncio, mas não tão pesado. Deixamos as informações serem absorvidas com calma.

— ... Foi por isso que você me enchia o saco?

— Basicamente. — afirmei, fingindo que a parte de eu estar perdidamente apaixonado por ele não existia — E eu sei que não é certo e que eu devia saber mais do que ninguém oquanto isso machuca, mas ... sei lá. Foi mal. Não justifica o que eu fiz.

     Senti como ele dava um soquinho amigável em meu ombro. Consegui até mesmo captar uma sombra de sorriso.

— Calma. Precisa de muito mais p'ra me derrubar, McClain.

— Estamos de bem? — perguntei, esperançoso.

— Sim. Estamos de bem. — afirmou, estendendo a mão e bagunçando meu cabelo.

— ¡OYE! — praticamente gritei, furioso, enquanto ele segurava a risada — Demora p'ra arrumar daquele jeito! Não é todo mundo que fica lindo desarrumado que nem você!

     Eu necessitava de um filtro para a minha boca. E urgentemente.

     Senti minhas bochechas ardendo, e o coreano não estava muito diferente.

— Você me acha lindo desarrumado?

      Alguma coisa no tom dele era meigo. Talvez a timidez, ou a pitada de esperança de uma resposta positiva. Isso não me importava no momento, pois eu lutava contra a minha vontade de beija-lo e contra meu bi panic agudo.

Ãhn ... sim. Quer dizer, é o que o pessoal diz. E eu não tô falando que você é feio! Quer dizer, eu não te acho feio. Quer dizer-...

— Calma! — pediu entre uma risada, tocando meu nariz de leve com o indicador — Era só dizer "sim" ou "não".

     Senti-me um idiota.

— Você me conhece. — resmunguei.

Ownt. — zoou, fazendo um coração com as mãos —  Já me considera tanto p'ra falar assim?

     Dei um soquinho amigável em seu ombro, e dessa vez rimos os dois.

     Nos forçamos a estudar algo, mas meia hora depois a biblioteca fechou e fomos forçados a parar.

— Que área você ' planejando seguir ano que vem?

Hmmm ... p'ra ser assistente social eu vou ter que seguir linguagens, eu acho.

— Você quer ser assistente social?!

     Saiu mais rude do que eu queria.

— É. Eu quero. — confirmou, tímido (?).

— Achei que você fosse ser mecânico ou piloto ou coisas radicais assim.

— É que ... eu já passei por muitos lares adotivos antes de chegar com o Adam e o Shiro. E os assistentes sociais que eu conheci não me trataram da maneira que eu gostaria. Daí ... eu sei como tratar um órfão assustado. Acho que é meio que minha obrigação. E por mais que eu ame dirigir e carros, ser assistente social me parece um trabalho mais útil e que faça mais diferença positiva na sociedade.

— ... Uau. — soltei — Eu nem faço ideia do que eu quero.

— Você ainda tem o semestre que vem p'ra decidir. Relaxa.

     Com o sorriso compreensivo que ele me deu? Pan comido.

     Ele até me deu o Whatsapp dele. Eu quase surtei na hora. Ele se despediu com aquele sorrisinho de canto de boca

     E eu me sentia leve feito uma pluma, e meu coração derretido e macio feito manteiga na torrada quente.

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Palavrinhas rápidas:

     Primeiro veio o bloqueio criativo. Depois as provas. E depois eu não gostei da primeira versão desse cap. Tá aí a reescrita, que também não me satisfez.

     Que saco.

     Sinto lhes dizer que o clímax se aproxima. E vai ser ... inesperado.

     Me digam uma coisa: Klance parece corrido ou forçado?

Beijos e roteiros,
                         Aliindaa.

Correio delator [Klance]Onde histórias criam vida. Descubra agora