Capítulo 9.

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Robert abriu os olhos devagar pela manhã vendo a luz entrar pela fresta da cortina. Sentou e coçou os olhos, olhando em volta e foi como levar um soco bem no nariz ao se dar conta da realidade. Encontrará Lucinda e descobriu ser pai de uma linda menina de cinco anos. Se ele tivesse descoberto na época, talvez nada dos ressentimentos que tinha atualmente não existissem e agora com uma filha tudo ficou mil vezes pior. Ele suspirou, colocando os pés no chão frio e sentindo arrepios, quase não querendo encarar a realidade, mas já fora covarde demais e forçou-se a levantar e ir se trocar.

Havia deixado seu valete em Londres, mas sempre preferiu se arrumar sozinho. Colocou uma roupa simples, nada extravagante como usaria na cidade e saiu do quarto, sentindo o cheiro do café da manhã assim que desceu a escada e entrou na sala.

-Bom dia, irmão. –disse Rebecca já á mesa com um prato completamente cheio e uma montanha de ovos no centro.

-Bom dia. –respondeu pegando um prato.

Não que ele não tivesse olhado ao redor e notado que nem Lucinda e nem Penélope estavam presentes, mas só havia passado os olhos com esperança, deixando-a completamente estilhaçada. A senhorita Watson mastigava quieta, enquanto as duas jovens bebiam o chá olhando para qualquer lugar menos para ele. Estava óbvio que todos já estavam informados do que estava acontecendo.

Ele comeu em silêncio enquanto as damas falavam sobre coisas corriqueiras até que Robert não aguentou.

-Onde está á senhorita Winter? –perguntou.

Todas ficaram em completo silêncio e se entreolharam, até que a senhorita Watson olhou para ele.

-Ela está na vila na livraria. –disse. -A senhorita Winter deve sempre estar cedo lá.

-Entendo. –sussurrou levantando e acenando para as damas. –Senhoritas.

Sem olhar para trás, nem mesmo quando sua irmã o chamou, Robert voltou á cidade com a carruagem. Na noite anterior teve que ficar na mansão, afinal seria um risco voltar colina abaixo com uma tempestade e para seu azar, ainda estava bastante úmido o caminho, tornando-se lamacento e fez a roda da carruagem atolar.

-Mas que diabos. –disse o duque ao descer e olhar o desastre, sabendo que isso o faria perder horas.


Depois de três horas Robert conseguiu chegar á hospedaria completamente sujo de lama dos pés á cabeça, por isso pediu um banho e se lavou rapidamente. Parou na frente do espelho sentindo-se inesperadamente nervoso e franziu o cenho para seu reflexo. Estava mais velho do que quando conheceu Lucinda e diferente daquela época parecia pesar cada decisão que teve no decorrer dos anos em seus ombros. O primeiro ano foi o mais difícil... Ele balançou a cabeça, não querendo lembrar.

Saiu para o lado de fora e reparou que viria mais uma tempestade em breve, mas pelo menos estava na cidade e não na mansão preso com um bando de mulheres. O vento forte parecia lhe dar tapas no rosto conforme andava contra ele até chegar á livraria, vendo Lucinda sentada em um banco com um livro aberto sobre a bancada, estava inclinada para ele com um sorriso leve nos lábios. Ela usava um vestido de musselina verde claro, quase da mesma cor dos olhos dela e os cabelos estavam trançados á trás, mas ela não prendera em um coque. Sorriu, mas fechou a cara assim que entrou dentro, fazendo o sino soar e ela ergueu a cabeça.

-Seja bem vin... –parou no final da frase, nem completando.

-Quem chegou? –gritou uma voz esganiçada no fundo.

De repente passos apressados vinham em sua direção e então, Penélope o olhou e ajeitou o vestido.

-Senhor. –falou como se fosse uma mulher adulta. –Seja bem vindo á Livraria Suncity e eu sei que o nome não é criativo, mas não fui eu que criei.

Metade de um Coração - Trilogia do Coração ♥ Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora