Capítulo 13.

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Estava finalmente na mansão, com Penélope, em casa e não na hospedaria onde se sentiu muito bem, aliás, o que trazia um pouco de culpa, já que vivia com Susan que agora estava com o olhar perdido com a costura em mãos, parecendo pensar muito em algo. Lucinda quase podia ver fumaça saindo pelas orelhas.

-Susan? –chamou pela terceira vez e acenou.

A mulher finalmente ergueu o olhar, ficando corada imediatamente.

-Lucinda! –levantou, derrubando todas as linhas no chão. –Oh.

Ela ajudou sua amiga a pegar tudo e colocar em cima do sofá.

-Você parece distraída. –falou Lucinda, sentando-se do lado dela.

-Está tão aparente assim? –perguntou ainda corada e colocou a mão na testa. –Não sei o que está acontecendo comigo.

-Houve algo em questão que a deixou perturbada? –perguntou.

Susan sempre foi uma mulher que não se distraia facilmente, principalmente quando estava costurando. Ela fazia muitas roupas incrivelmente lindas e bem mais rápido do que Lucinda, que demorava horas e nunca saia nada além de algo muito feio que nem um cachorro iria querer usar.

-Algo... –sussurrou pensativa e Lucinda jurou que ela ficou ainda mais vermelha. –Definitivamente não aconteceu!

-Susan, eu tenho uma filha. –disse. –E eu sei quando aconteceu algo e ela não quer me dizer. Com você, não é diferente.

Sua amiga pareceu não gostar de ser comparada á uma criança.

-Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não é? –falou de modo gentil pegando sua mão. –Somos amigas.

-Eu sei. –suspirou. –Mas eu não sei se devo contar isso.

-Você matou alguém? –perguntou.

Lucinda podia imaginá-la fazendo muitas coisas ilegais, mas matar não era uma delas. Pelo menos achava. Deveria parar de pensar que qualquer um é um assassino.

-Não! –falou rápido e deu um sorriso. –Ainda não cometi esse crime.

-Talvez um dia.

-Talvez. –sorriu discretamente, mas fechou o rosto depois. –Aconteceu algo muito, mas muito incomum comigo.

-Incomum?

-Incomum. –repetiu. –E eu não sei como explicar, mas acho que me senti bem.

Lucinda não estava conseguindo acompanhar.

-Foi estranho. Inadequado. Nada comum. –começou a falar sem parar. –Eu não sei como reagir agora, principalmente porque eu gostei.

-Gostou do que? –perguntou.

-Eu não posso dizer. –respondeu olhando para frente.

-Eu estou bastante confusa. –disse.

-Perdoe-me, Lucinda.

-Está tudo bem. –disse sorrindo gentil. –Nem sempre estamos preparados para contar. Eu entendo.

-Obrigada. –disse Susan abraçando ela.


Elas tomavam chá no jardim, observando Cassandra e Penélope rolarem na grama, depois irem até o lago, molhando os pés e repetirem o processo.

-Eu não entendi do que elas estão brincando. –falou Daphne sentada com elas á mesa, com um livro na mão, uma xícara de chá fumegante á frente e biscoitos do lado.

Metade de um Coração - Trilogia do Coração ♥ Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora