Capítulo 8.

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Lucinda encarou o tempo começando a mudar enquanto subia para a mansão ao entardecer. Logo iria começar a chover, por isso apressou o passo o máximo que conseguiu e no momento que colocou os pés na escadaria começou uma tempestade. Correu até a entrada, tirando a capa um pouco molhada e entregando para uma das criadas que Susan contratou para ajudar as jovens aristocráticas que vinham de Londres.

Havia fechado mais cedo a livraria já que não havia movimentos e Daphne acabou sentindo-se indisposta e foi embora também, ficando completamente sozinha, então resolveu ir embora e fora a decisão certa, com uma chuva dessas, ninguém iria aparecer.

Escutou vozes abafadas vindo do escritório de Susan e estava prestes a bater para ver o que havia de errado quando ela própria apareceu e segurou sua mão, impedindo de bater á porta.

-Susan? –perguntou olhando para a porta.

Ela a arrastou quase do outro lado da casa, subindo os degraus para o segundo andar, onde estavam os quartos e a empurrou pelo corredor até o quarto dela.

-Por que tanto mistério?

-É um duque discutindo com a irmã mais nova. –disse fechando a porta. –Não vamos atrapalhar, parece sério.

-A casa é sua, não dele. –respondeu sentando-se na cama. –Onde está Penélope?

-Com Cassandra. –disse.

-Ela parece gostar muito da Cassandra.

Desde que a jovem senhorita Cassandra Hunter pisou na mansão, Penélope não havia desgrudado dela, sempre a chamando para brincar ou desenhar. Sentia pena da menina por cuidar de uma criança, mas esta parecia gostar de correr pelo gramado quando podia.

-E gosta. –falou com um sorriso e sentou-se ao lado dela. –E a jovem Cassandra parece gostar dela.

-Pode chamar ela para mim? Creio que Penélope ainda não tomou banho.

-Ela foge do banho como o diabo foge da cruz.

Susan levantou-se novamente e saiu deixando-a sozinha, até ouvir os passos de uma criança correndo pelo corredor e aparecendo na porta.

-Mamãe! –gritou e disparou na direção dela, se jogando em seus braços.

-Olá, meu amor. –murmurou dando-lhe um beijo em cada bochecha e ouvindo sua deliciosa risadinha.

-Mamãe, mamãe. –falou pulando para a cama. –Cassie e eu fomos ao lago hoje!

-Mesmo? Como foi? –perguntou indo até a porta e a fechando.

Olhou dentro do lavabo enquanto ouvia a filha falar sobre o dia no lago, como a água estava gelada no começo, mas depois parecia perfeita para ficar o dia todo, mas que Cassandra não permitiu e foram embora quando os dedos começaram a ficar enrugados. A banheira já estava com água e dava para ver a fumaça saindo e agradeceu á Susan por sempre prever tudo quando ela mesma não sabia.

-E aí a Cassie me mostrou uma lesma. –falou com uma careta de nojo. –Elas são nojentas, mamãe.

-Eu sei, já vi uma delas. –falou aproximando-se da filha.

-E aí, aí... –ela parou pensando no que iria falar em seguida.

Com cuidado Lucinda abriu os botões do vestido da sua filha, enquanto esta parecia pensar e parou quando ela se virou com um dedo erguido.

-Eu também consegui subir em uma árvore. –disse com todo o orgulho possível que uma criança de cinco anos poderia ter. –Eu somente ralei o joelho na hora de descer, mas não chorei.

Metade de um Coração - Trilogia do Coração ♥ Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora