𝚃𝚠𝚘

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Taehyung

Como um conto-de-fadas, tudo aparenta ser mágico. O brilho, o encanto, o amor e o final feliz. Somos cegados pela alegria de termos encontrado alguém tão bom quanto nós mesmos e acabamos nos perdendo entre o que é real e o que não deveria ser.

Yesung e eu estamos juntos há anos, mais do que o tempo poderia contar, passei grande parte de minha vida com ele e, talvez, terminaria o resto dela ao seu lado. Ele era um príncipe, me levava a parques, me trazia flores e bombons nos aniversários. Gostávamos de passar as tardes observando o pôr-do-sol, madrugadas em claro trocando carícias e filmes correndo na televisão.

Me lembro do nosso primeiro beijo, foi tão sútil e delicado, assim como ele. Semanas depois me pediu em namoro e estava sendo a época mais alegre de minha vida, era um sonho tornado realidade. Dias ensolarados em sorveterias, noites frias debaixo de cobertores e mais flores, flores e flores. Yesung sabia de minha paixão por plantas e toda semana me trazia uma espécie diferente quando me buscava na faculdade, um anjo.

Quando me formei, o seu pedido foi de morarmos juntos e não tive como recusar, morar com Yesung era um de meus maiores desejos. Minha vida estava seguindo pelo caminho certo, finalmente estava próximo de ter uma família e seguir o resto dos anos tranquilamente.

Ele era tão perfeito, tudo estava tão perfeito, a sensação das coisas estarem seguindo da maneira correta era extremamente gratificante, eu não poderia estar mais feliz. Portanto, todos sabemos que mágica não é real e não passa apenas de truques. Não sei exatamente quando Yesung começou com suas preocupações exageradas; se foi quando me ofereceram uma flor da floricultura ou quando um dos atendentes da padaria me escreveu seu número de telefone em um dos guardanapos.

Apenas sei que foi a partir daí que as coisas desandaram. De início, achei que apenas fosse o medo de eu poder abandoná-lo. Ainda não acredito em que Yesung possa cogitar essa ideia, mesmo lhe prometendo diversas vezes que ele era único e que eu o amava. Com o tempo, se divertir com amigos eram ideias negadas, sair com outras pessoas sem a presença dele não era permitido e, mesmo que ele vá, sempre vamos embora antes de dar uma hora.

Não dei muita importância, talvez ele apenas fosse ciumento demais, suponho muito medroso. Porém, em uma troca de mensagens com um de meus amigos que carrego junto de mim há anos, percebi que Yesung não confiava em mim e que estava sendo um controlador. Claramente, a pedido de meu amigo, fui tirar satisfação com meu namorado, sendo o suficientemente burro para levar o celular em mãos. Foi aí a primeira vez que ele me bateu.

A discussão foi imensa, nunca me estressei tanto, ou chorei a quantidade de lágrimas que derramei. Perdi a minha privacidade por conta disso, trocar mensagens ou fazer ligações com conhecidos apenas na frente dele e, se eu demorasse demais, ele pedia para desligar, pois queria a minha atenção no momento. Não seria surpresa se eu disser que as coisas foram ladeira a baixo.

Yesung começou a me inspecionar a todo momento, queria saber o motivo disto e o motivo daquilo, o que eu estava fazendo e onde estava. Me enviava várias mensagens enquanto eu trabalhava, me obrigando até a pedir minha própria demissão no estúdio. Checava minhas redes sociais e olhava minhas conversas. Hoje, eu nem sei mais o que significa ter paz.

A segunda briga não tardou para acontecer, por conta de uma foto. Era apenas uma foto que meu melhor amigo havia tirado e postado junto de mim. Nada de mais. Porém, mesmo que eu tivesse gritado que ele era casado com uma mulher e aguardava a vinda de seu primeiro filho, Yesung não escutou, inventou trezentas razões pela qual eu poderia estar o traindo e, quando recebi o segunda tapa, decidi nunca mais argumentar algo. Ele sempre alegava que a culpa era minha de ter de tomar essas providências, portanto, apenas assentir e me desculpar foi a melhor opção que consegui arranjar.

Apartamento 316Onde histórias criam vida. Descubra agora